CEO da Ultragaz fala sobre as ações da empresa em sustentabilidade e anuncia o novo propósito da companhia

3 de março de 2020

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CEO da Ultragaz fala sobre as ações da empresa em sustentabilidade e anuncia o novo propósito da companhia - Ideia Sustentável

A Ultragaz investe anualmente cerca de R$ 4,25 milhões em ações de sustentabilidade, o que impacta mais de 14 milhões de pessoas. Tabajara Bertelli, CEO da companhia, conversa com o consultor Ricardo Voltolini sobre os projetos socioambientais da Ultragaz e o que motiva a empresa a financiá-los.

“A atuação da empresa traduz sua crença de que as ações de responsabilidade social fazem bem à comunidade, aos seus funcionários e ao próprio negócio”

Tabajara Bertelli, CEO da Ultragaz
Ricardo Voltolini entrevista Tabajara Bertelli, CEO da Ultragaz. Foto: Marcos Cardinalli/Ideia Sustentável

As ações de sustentabilidade da Ultragaz são financiadas tanto por recursos próprios quanto por incentivos fiscais, e consistem em projetos socioambientais desenvolvidos em três frentes: educação, cultura e preservação ambiental.

Entre as principais iniciativas da companhia, nessas três frentes de atuação, destacam-se:

“Essas iniciativas nos apresentam como uma empresa que de fato cultiva relações e cria soluções para mudar a vida das pessoas”

Tabajara Bertelli

Veja também: Daniela Gentil|Como a sustentabilidade favorece o crescimento profissional e pessoal dos colaboradores?

O que diz o CEO da Ultragaz sobre sustentabilidade na companhia?

Foto: Marcos Cardinalli/Ideia Sustentável

Confira, abaixo, a entrevista com Tabajara Bertelli, CEO da Ultragaz, feita por Ricardo Voltolini.

RV: Considerando as recentes ocorrências relacionadas à importância da sustentabilidade nas empresas, como o Fórum Mundial de Davos, as cartas de Larry Fink, o posicionamento da Business Roundtable, entre outros, como a Ultragaz tem se posicionado frente a essa necessidade de se inserir a sustentabilidade na estratégia do negócio?

TB: Um trabalho que estamos realizando na Ultragaz desde que assumi a presidência é resetar nossa estratégia, pois muita coisa evoluiu. Hoje, a sustentabilidade se confunde com a própria estratégia da empresa. E também revisitamos nosso propósito, formulado há 15 anos. Antes, o propósito da Ultragaz era ser uma referência mundial em GLP. Para atualizá-lo, ouvimos os colaboradores e outros stakeholders da empresa e nos surpreendemos com as respostas. Para eles, a relação que têm com a empresa é algo que muda a sua vida. Então entendemos que o propósito da Ultragaz é mudar a vida das pessoas, primeiramente de nossos colaboradores, por serem expostos a novos valores, e temos muitos depoimentos sobre isso. Para nossos revendedores, a Ultragaz simboliza o elo que eles têm com a comunidade. Por meio deles, a Ultragaz é convidada a entrar na casa dos clientes, literalmente. É uma relação de confiança. E trabalhar com esse propósito é um desafio importante para a empresa, mas que não é pesado, pois acontece de forma natural.

RV: Esse é o segredo de um bom propósito: não ser pesado. Se não é pesado, a empresa está indo na direção certa. E para grande maioria das empresas, a comunidade é algo a parte do negócio. E para vocês essa relação é diferente. Vocês entram na casa das pessoas, e portanto o conceito de comunidade torna-se diferente.

TB: Nós temos uma interação diferente com o consumidor. Há um contato humano. E a gente não entra só na casa, mas na cozinha das pessoas, o que torna a relação mais íntima. E o nosso produto não é de nicho, mas de necessidade básica, e por isso, é extremamente relevante para a comunidade. E não só para o segmento residencial. Muitos de nossos clientes são pequenos empreendimentos, como uma padaria, cujo nosso produto é essencial. Nosso produto não é a coisa mais importante do pequeno empresário que é nosso cliente, mas se falharmos, o seu negócio não funciona. Então é natural essa relação de confiança e respeito.

RV: Enquanto um dos principais desafios para as empresas atualmente é a confiança, pois há uma crise global de confiança entre consumidores e empresas, uma companhia na qual o cliente permite que o funcionário entre em sua cozinha é, sem dúvida, um elo de confiança bastante importante.

TB: E isso nos leva a ser transparentes, pois a confiança vem de você ser legítimo. Não estamos aqui com a obsessão de ser uma empresa sem nenhum tipo de erro. Mas os erros devem ser identificados, reconhecidos e corrigidos, e esse é nosso compromisso com a transparência. E a transparência começa na nossa relação também com os funcionários e colaboradores.

RV: Como um observador externo, percebo uma grande evolução da Ultragaz em relação aos projetos voltados para a comunidade. Acho que aumentou a quantidade de projetos e melhorou a qualidade de penetração e o tipo de impacto que geram nas comunidades. Como você avalia isso?

TB: Percebemos que há muita demanda na sociedade por projetos sociais e que os nossos possuíam um grande potencial de expansão. E quando falamos de comunidade, olhamos para duas questões: a nossa capilaridade e a rede de revendas. Nos nossos treinamentos temos um capítulo de sustentabilidade para o revendedor. E também não desenvolvemos trabalhos apenas no entorno de nossas unidades, mas também nas comunidades que mais precisam. E uma coisa interessante é que percebemos um engajamento cada vez maior dos nossos funcionários. Eles participam dos projetos nas comunidades. Contabilizamos 10% do nosso quadro de colaboradores nos projetos de voluntariado empresarial, sem considerar o que eles fazem além desses projetos. Nossa mais recente pesquisa de clima institucional revelou que 92% dos funcionários reconhecem os projetos.

RV: Só é possível realizar isso por que o clima interno é bom. Ao contrário, ninguém realiza trabalho voluntário na empresa. E há alguns projetos da Ultragaz bastante relevantes, como o da Carreta Itinerante e o do Junto Óleo.

TB: Esses projetos são essenciais para nossa estratégia, pois incentivam a criação de outros. Hoje já temos 30 projetos socioambientais que envolvem revendedores e funcionários. A Carreta Itinerante, por exemplo, gera um enorme engajamento social, pois além dos voluntários da companhia, precisa de apoio local, e naturalmente as pessoas se envolvem. E o projeto também se desenvolveu. Deixou de apenas passar pelos locais, mas agora desenvolve pessoas por onde passa.

RV: Tem algum desses projetos que você, particularmente, goste mais ou que desperte mais o seu interesse? E como você, como líder, atua nesses projetos?

TB: É difícil definir, mas o de empreendedorismo feminino tem me despertado uma especial afeição. O projeto toca bastante, e é necessário. Estamos falando de famílias, de mulheres em situação de vulnerabilidade social. Talvez não seja o projeto com números mais potentes, mas certamente é o mais tocante. Eu atuava mais braçalmente nos projetos antes de assumir a liderança da empresa. Hoje, preciso atuar no macro. O nosso mote é que a Ultragaz sempre deve ter a sua razão de existir na sociedade. A empresa não pode agir para apenas um ou alguns de seus stakeholders, mas para todos. E o meu papel como líder é colocar isso dentro da estratégia da empresa, em toda a nossa atuação, mas de forma que aconteça naturalmente. E isso com o apoio de nossos colaboradores. Há, também, uma nova geração chegando que impulsiona bastante esses projetos, seja pela atuação individual ou pela influência em rede.

RV: Para mim essa é uma das evidências mais claras de mudanças nessa gestão, falando como um observador. E essa nova geração prefere trabalhar em empresas com propósito. Essa geração persegue isso. Contudo, essa questão da sustentabilidade estratégica está sendo discutida no Conselho da empresa?

TB: Em nosso modelo de governança temos dois Conselhos. Um consultivo da Ultragaz, que acontece mensalmente e por isso temos mais tempo para discutir sustentabilidade estratégica com mais profundidade e de forma mais recorrente. O outro Conselho é do grupo empresarial, cujo tempo de discussão e aprofundamento são menores, devido a quantidade de assuntos e demandas, mas no qual ainda assim vejo uma grande evolução do tema.

RV: E vocês também têm inovado bastante nos serviços oferecidos, buscando soluções mais sustentáveis. Pode comentar um pouco sobre inovação?

TB: Isso se alinha com nossa capilaridade. Buscamos não só oferecer um tipo de produto, mas também olhamos para outras fontes energéticas, ainda que mais caras, mas que representam uma oportunidade de negócios, além de serem mais ecologicamente e socialmente melhores, e também mais seguras. Este é um grande desafio para a empresa, mas que tem alcançado sucesso. Essa preocupação em se pensar novos produtos influencia outras áreas da empresa, como acontece com o próprio botijão de gás, que foi redesenhado e tornou-se mais leve, tendo o conforto do cliente e como uma das motivações. Mas podemos ir ainda mais além. Podemos melhorar a segurança no consumo do produto, por exemplo, e oferecer uma melhor experiência ao cliente. Para isso, a organização precisa evoluir e inovar. E tem muita tecnologia vindo por aí, que representam oportunidades para aumentar a nossa atuação no mercado, e até, quem sabe, substituir o GLP. Há muitas formas de energia, e energia é transformação. As alternativas são oportunidades, e precisamos nos posicionar sobre isso.

RV: Ainda sobre inovação, me lembro daquele botijão mais leve que vocês criaram. Ele evoluiu? Sei que havia algumas questões jurídicas para aprovação e lançamento. Há alguma novidade?

TB: Evoluímos bastante! Nós abandonamos esse projeto, mas reaproveitamos a solução que ele oferecia. Desenvolvemos outro botijão, anuncio a vocês em primeira mão. Ao pensá-lo, resgatamos o projeto anterior já considerando as questões judiciais que você citou. Mas não podemos divulgá-lo ainda, pois ainda estamos finalizando os estudos.

RV: Então quando for concluído, divulgaremos na Plataforma. Agora, algo muito discutido no Fórum Econômico Mundial de Davos foi a questão do propósito. Para uma empresa ser próspera, ela deve ter seu propósito a frente do lucro. O que você pensa sobre isso?

TB: O lucro é uma medida de curto prazo, sem muita elaboração. Mas o propósito conversa com o lucro a longo prazo. É difícil imaginar, na Ultragaz, uma lucratividade desvinculada de nosso propósito. É preciso antes desenvolver e alcançar o propósito para, então, por meio dele conseguir lucratividade, que, claro, é muito importante para a sustentação do negócio. Pensar só no lucro é ser insustentável. Ainda mais em nosso segmento de negócio: se não pensarmos em nossa responsabilidade socioambiental, não teremos lucro.

RV: E qual o novo propósito da Ultragaz?

TB: “Usamos a nossa energia para mudar a vida das pessoas”. É muito genuíno e está no centro de nossa estratégia.

Foto: Marcos Cardinalli/Ideia Sustentável

Leia também o artigo de Tabajara Bertelli, CEO da Ultragaz, para a PLV: Não é sobre sustentabilidade. É sobre pessoas

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