Sustentabilidade é palavra de ordem na nova carta de Larry Fink, CEO da BlackRock

Sustentabilidade é palavra de ordem na nova carta de Larry Fink, CEO da BlackRock

 No dia 14 de janeiro de 2020, a BlackRock divulgou a nova carta de Larry Fink aos CEOs das empresas que recebem investimentos da companhia. Apesar de bastante envolvido com o tema, é a primeira vez que Fink cita a sustentabilidade como norte para as ações da corporação.

A BlackRock é a maior gestora de fundos de investimentos do mundo, gerindo cerca de US 6,5 trilhões em ativos nos principais mercados globais. O seu CEO, Larry Fink, tem se destacado nos últimos anos por defender uma estratégia de negócios que seja responsável e a longo prazo, ao contrário do movimento até então visto como natural no mercado financeiro. A cada ano, Fink escreve uma carta aos CEOs das empresas que recebem investimentos da BlackRock, orientando-os sobre as estratégias da empresa.

Contudo, no início de 2018, Larry Fink estampou as principais manchetes dos jornais de economia, finanças e negócios ao ser incisivo em sua carta daquele ano:

“Para prosperar, cada companhia terá que entregar não apenas performance financeira, mas também mostrar como faz uma contribuição positiva para a sociedade”

Em sua carta, Larry Fink afirma que a BlackRock está atenta aos impactos que suas ações têm no mundo, e que as empresas sem propósito e que não cumprirem suas obrigações para com todos os stakeholders serão deixadas para trás.

Dica de leitura: BlackRock estimula a criação de valor a longo prazo entre seus stakeholders

A partir desse posicionamento de Fink, muitos outros investidores pelo mundo têm se manifestado a favor de empresas com propósito. Essa atitude pressiona as corporações a mudarem seus modelos de negócios, para que se tornem mais sustentáveis e responsáveis socialmente.

Na edição de 2019 do CEO com Propósito, evento realizado pela Ideia Sustentável, o CEO da BlackRock no Brasil, Carlos Takahashi, discorreu sobre empresas que têm propósito acima do lucro e falou sobre as cartas de Larry Fink. Confira a vídeo-palestra:

Em 2020: Sustentabilidade como tema da carta de Larry Fink

Em sua carta de 2020, divulgada pela BlackRock no dia 14 de janeiro, Larry Fink afirma, já no início, que o dinheiro que a empresa gere “pertence a pessoas de dezenas de países que buscam seus objetivos financeiros de longo prazo, como a aposentadoria”, e que eles possuem uma grande responsabilidade perante essas pessoas e instituições para gerar valor no longo prazo, na qual as mudanças climáticas tornaram-se aspecto decisivo.

Fink também cita as manifestações pelo clima que ocorreram em todo o mundo, e que esse movimento ainda tem sido pouco refletido no mercado financeiro. Contudo, o CEO da BlackRock acredita que haverá uma grande mudança em sua estrutura. “A consciência está mudando muito rapidamente, e acredito que estamos à beira de uma mudança estrutural nas finanças”, afirma.

As mudanças climáticas, de acordo com Larry Fink, representam um risco de investimento, e por isso devem ser avaliadas pelas empresas e investidores:

“Os investidores estão cada vez mais considerando estas questões e reconhecendo que o risco climático é um risco de investimento. Na verdade, as alterações climáticas são quase sempre uma das principais questões que os clientes em todo o mundo abordam com a BlackRock. Da Europa à Austrália, da América do Sul à China, da Flórida ao Oregon, os investidores estão perguntando como devem ajustar seus portfólios. Eles estão procurando entender tanto os riscos físicos associados às mudanças climáticas, como também as formas pelas quais as regulamentações climáticas terão impacto nos preços, custos e demanda em toda a economia”.

Saiba mais: O que é sustentabilidade empresarial?

Ações da BlackRock para promover a sustentabilidade

A responsabilidade por promover o desenvolvimento sustentável também é da BlackRock, e por isso, em sua carta, Larry Fink lista algumas iniciativas da companhia para inserir a sustentabilidade no coração de sua estratégia de investimento:

  • – Fazer da sustentabilidade uma parte integrante da construção do portfólio e da gestão de risco;
  • – Desinvestir daqueles com alto risco de sustentabilidade, como os produtores de carvão para termoelétricas;
  • – Lançar novos produtos de investimento que filtrem os combustíveis fósseis;
  • – Fortalecer o compromisso com a sustentabilidade e a transparência nas atividades de gestão de investimentos.

Outra medida que a BlackRock se propõe a realizar é duplicar os fundos constituídos com base em ESG (critérios ambientais, sociais e de governança), além de um trabalho para melhorar e expandir os índices de sustentabilidade.

Dica de leitura: Índice de Sustentabilidade Empresarial aponta as corporações mais comprometidas com o desenvolvimento sustentável na bolsa de valores

Larry Fink também é bastante incisivo, em sua nova carta, ao defender os valores da sustentabilidade como inegociáveis, e que as empresas que não se comprometerem a mudar sua forma de pensar e fazer negócios para um modelo mais sustentável serão responsabilizadas:

“Quando acharmos que as empresas e conselhos não estão produzindo divulgações de sustentabilidade eficazes ou implementando estruturas para gerenciar essas questões, vamos responsabilizar os membros do conselho. Dado o trabalho de base que já lançamos sobre a divulgação, e os crescentes riscos de investimento em torno da sustentabilidade, estaremos cada vez mais dispostos a votar contra a administração e os diretores quando as empresas não estiverem progredindo o suficiente nas divulgações relacionadas à sustentabilidade e nas práticas e planos de negócios subjacentes a elas”.


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Escrito por Marcos Cardinalli

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