Resultados da COP25: saiba o que foi definido pelos países na conferência da ONU sobre o clima

Resultados da COP25: saiba o que foi definido pelos países na conferência da ONU sobre o clima

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP25) aconteceu em Madrid, na Espanha, entre os dias 02 e 13 de dezembro. Participaram líderes mundiais e representantes de mais de 200 países para discutirem o aumento do clima no planeta, apontarem soluções para o aquecimento global e proporem ações mais ambiciosas para o Acordo de Paris – cujas metas aprovadas em dezembro de 2015 se mostraram insuficientes para limitar o aumento da temperatura global em 1,5 °C acima do período pré-industrial.

Apesar da COP25 ter sido realizada na Espanha, o país sede da conferência seria o Chile. A mudança ocorreu quase às vésperas do evento devido às manifestações e instabilidade política no país latino.

Os três tópicos centrais da COP25 – Mercado de Carbono, compensação por perdas e danos sofridos por países afetados pelas alterações climáticas, e a revisão dos objetivos nacionais de redução de emissão de gases de efeito estufa – não alcançaram uma conclusão nas negociações, mas deverão ser aclamados em uma declaração final da Conferência, cuja negociação pode se estender por mais alguns dias.

O Mercado de Carbono

Um dos temas centrais nas discussões da COP25, inclusive na participação da comitiva brasileira, foi o Mercado de Carbono. Essa controversa proposta, nascida em 1997 com a assinatura do Protocolo de Kyoto, determina uma cota máxima de gases de efeito estufa que as nações podem emitir, contudo, possibilita a negociação de cotas, em que os países, sobretudo os em desenvolvimento, que não conseguem atingir as metas possam comprar créditos de carbono daqueles que reduziram suas emissões.

Leia também: O discurso de Greta Thunberg e a participação do Brasil na COP25

As discussões sobre o Mercado de Carbono, bem como as de medidas práticas de combate ao aquecimento global, encontraram dificuldades para se chegar a um consenso entre todos os países participantes e podem se estender pelo fim de semana ou até mesmo ter suas resoluções adiadas para a edição seguinte da Conferência, no próximo ano.

Um dos empecilhos para se firmar um acordo para o Mercado de Carbono envolve, inclusive, o Brasil. Vários cálculos estão sendo desenhados para concretizar a comercialização dos créditos de carbono, mas alguns países, principalmente europeus, não querem aceitar propostas como a defendida pelo Brasil, nas quais um país seria categorizado, ao mesmo tempo, como uma nação vendedora e compradora desses créditos.

Contudo, alguns acordos já foram definidos, como o realizado pelos países da União Europeia para limitar suas emissões de gases de efeito estufa. O acordo regional, denominado “Pacto Verde”, visa orientar as nações pertencentes ao bloco a não emitir mais gases que sua própria capacidade de absorvê-los, estando passíveis de taxações caso não sigam essa meta. Será criada, até o próximo ano, uma unidade de fiscalização.

“Com isso, podemos convencer as maiores economias a se unir a nós e mostrar como elas querem reduzir as emissões de carbono”, afirmou Svenja Schulze, ministra do Meio Ambiente da Alemanha.

Financiamento pelos países ricos

Outro ponto levantado nas discussões da conferência foi sobre a ajuda de países ricos na redução da emissão de gases de efeito estufa e na proteção de ecossistemas de países pobres e em desenvolvimento, sobretudo as florestas – as maiores captoras de carbono da atmosfera. Além disso, é cobrado um amparo de países ricos também aos países pobres, que mais acabam sentindo os efeitos do aquecimento global.

Apesar de apoiada pelos economistas, a proposta de se obter ajuda financeira dos países desenvolvidos para auxiliar os mais pobres a se adaptarem às metas globais de desenvolvimento sustentável, incluindo a redução das emissões de carbono, é necessário que a negociação do financiamento seja transparente e não prejudique a integridade ambiental.

“Estamos todos buscando chegar a um acordo, mas não há como aprovar um acordo que prejudique a integridade ambiental. Não tem jeito”, declarou Frans Timmermans, representante da Comissão Europeia para o clima.

Revisão do objetivo de redução das emissões

A segunda revisão periódica do objetivo de longo prazo da Convenção do Clima deveria ter seu escopo decidido pelos países participantes da COP25. O texto deve contemplar ações mais ambiciosas para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 °C em relação ao período pré-industrial, uma vez que as metas do Acordo de Paris são insuficientes.

Apesar de ainda não ter um consenso certo dos representantes das nações, o setor privado, estimulado pelo Pacto Global, tem se mostrado engajado para se alcançar esse objetivo. Por meio da campanha Our Only Future, empresas tem assinado um compromisso público com o Pacto Global para reduzirem drasticamente sua emissão de gases de efeito estufa. Durante a COP25, o número de empresas que assinaram esse compromisso pelo clima chegou a 177, representando mais de 5,8 milhões de funcionários e 36 países.

Com o movimento #AceitaEstaCaneta, ação realizada para incentivar as corporações a aderirem à campanha, 18 empresas brasileiras se comprometeram com a iniciativa. A Cervejaria Ambev no Brasil, por exemplo, assinou publicamente o documento oficial do Our Only Future durante o CEO com Propósito, evento da Plataforma Liderança com Valores e realizado pela consultoria Ideia Sustentável.
Saiba mais: Cervejaria Ambev assina compromisso com a campanha Our Only Future

Palavra do especialista

Durante um evento realizado pela Câmara Espanhola de São Paulo, na solenidade da entrega do seu 7° Prêmio de Sustentabilidade, Ricardo Voltolini, um dos primeiros e mais reconhecidos especialistas brasileiros de sustentabilidade empresarial, fez uma palestra sobre o tema e abordou a COP25. Confira a palestra no vídeo abaixo gravado por um dos participantes do evento:

Escrito por Marcos Cardinalli

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