Estamos diante de um desafio de enormes proporções, o desafio de construir as bases em que se definirá o funcionamento de uma nova ordem nas relações internacionais. Presenciamos a ascensão de novas potências, novos interlocutores se apresentam na cena política. Populações, que podem ser contadas na ordem dos bilhões, ascendem a inéditos patamares de consumo e produção. Essa realidade impacta fortemente a estrutura da demanda e da produção por toda a parte, cria novos temas, impõe novos desafios. Devemos encontrar também novas maneiras de enfrentá-los.
Os principais atores desse jogo já se planejam para os seus desdobramentos. A China, hoje um dos campeões da poluição global tem, desde muito, orientado suas estratégias de desenvolvimento no sentido de liderar as inovações na área da economia verde. Países fortemente dependentes de combustíveis fósseis, consumidores ou produtores, EUA e Rússia, por exemplo, orientam suas políticas de investimentos para inovações capazes de superar essa condição. Velhos e novos players, União Européia, Índia e Japão, potencializam seu capital humano porque pretendem fazer valer as vantagens comparativas de uma economia baseada no conhecimento e na excelência educacional.
Sustentabilidade já é um valor consolidado. Agora a questão não é mais se precisamos considerá-la na estratégia de negócios e nas políticas públicas, mas como fazê-lo. Essa é hoje uma abordagem consensual e definidora dos planejamentos dos países e das empresas.
O Brasil tem ocupado um lugar ainda tímido nesse cenário. Percebemo-nos menores do que o mundo nos percebe. Algumas vezes assumimos nosso tamanho e responsabilidade, aí o mundo nos demonstra respeito e acatamento (lembremos a última Conferência do Clima, em Copenhagen). Nossas hesitações chamam particularmente a atenção porque de todos os atores importantes somos o que reúne as maiores vantagens comparativas. Na economia de baixo carbono, os ativos naturais que vão ganhando dimensão decisiva são sol, água, solo e biodiversidade. Ninguém os tem em maior abundância do que nós.
Entre todas as potências velhas e ascendentes temos a matriz energética mais limpa – somos, segundo dados da ONU (disponíveis no site www.cebds.org – “Vision 2050-The New Agenda for Business”) a que se encontra mais próxima de alcançar a condição de economia verde. Temos excelência e liderança em setores decisivos como energia, agricultura, mineração. Temos, apenas para citar um exemplo entre outros, uma empresa como a EMBRAPA, sem a qual não se concebe como se poderá alimentar um mundo, como o de 2050, com projetadas 9 bilhões de pessoas, três quintos das quais estarão vivendo em áreas tropicais ou sub-tropicais.
Apesar de todas essas dádivas carecemos de incentivo e regulação adequada, maiores investimentos em educação de qualidade e inovação tecnológica. Sentimos falta, sobretudo, de um planejamento que torne possível fazer hoje as mudanças necessárias para manter e ampliar as vantagens que percebemos.
O CEBDS é uma instituição que reúne, entre seus associados, cerca de 40% do PIB brasileiro e entende que para sermos líderes na nova economia mundial, uma economia que aliará bem estar, justiça social e respeito aos limites do planeta, devemos articular ações empresariais com políticas públicas capazes de consolidar nosso natural protagonismo. Não podemos nos omitir dessa responsabilidade sob pena de perdermos uma oportunidade histórica única para consolidarmos nossa liderança global em um mundo que já está entendendo o tamanho dos desafios que enfrentaremos.
*Marina Grossi é Presidente do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
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