Por Anamaíra Spaggiari
Foram inúmeras as vezes que vi a perplexidade no rosto de gestores de RH ao questionarem: “Como a AIESEC consegue reter, motivar e fazer performar jovens que trabalham voluntariamente?” E como a AIESEC consegue disseminar a missão, visão e valores para toda a rede e isso não fica restrito somente às lideranças? E como a AIESEC evolui mesmo com troca de lideranças anuais e semestrais? Talvez a própria segunda pergunta seja a resposta da primeira. Ao falar da relação dos nossos jovens com o ambiente da AIESEC, é possível realocar e descobrir mais da relação do jovem com qualquer meio organizacional.
A AIESEC no Brasil promove anualmente 12 mil experiências de times e 4 mil lideranças. Jovens que conciliam faculdade e estágio com o compromisso da AIESEC, jovens que abrem mão de momentos de lazer e outras oportunidades por acreditarem que formarão líderes que o mundo precisa.
E quando questionados do porque se mantém na AIESEC, eles não hesitam em responder: “pelo benefício próprio de se desenvolverem pessoal e profissionalmente e pelo porque do trabalho”. 95% dos membros estão muito satisfeitos com o desenvolvimento pessoal que a AIESEC proporciona, além de estarem muito conectados emocionalmente com o que fazem. E quando o propósito organizacional vai ao encontro do motivador individual de um colaborador, a relação indivíduo-organização se torna fortalecida e muito mais coerente. Afinal, ambos trabalharão em prol do mesmo objetivo.
Além do objetivo final que move e dá sentido ao trabalho do dia a dia, há também o ambiente de trabalho, que é a cara do jovem – dinâmico e inovador. 79% dos membros da AIESEC consideram que vivem em um ambiente de incentivo a novas ideias e com abertura para diferentes opiniões. O jovem quer falar, expor o que pensa, fazer parte da criação e das tomadas de decisões. Nada mais que se sentir útil onde quer que estejam. No mercado de trabalho, podem e querem trazer sua visão com menos experiência profissional, não viciada e/ou até inocente e idealista, mas com a vantagem de buscar complementar a visão daqueles que já estão no meio profissional há mais tempo e de integrar uma opinião com diferentes perspectivas.
Se temos que o propósito e o ambiente de trabalho são essenciais para a motivação do jovem, como deve ser a liderança nesse contexto?
Na AIESEC, 74% dos membros descrevem seus líderes como participativos, que tomam suas decisões dentro da equipe de forma colaborativa. E 86% deles são considerados referência e exemplo para seus membros. Assim como no ambiente de trabalho, o jovem quer um líder que preocupa com seu desenvolvimento, que lhe ouve, lhe dá espaço para inovar, pensar e fazer o que acredita, que não somente delega, mas que dá sentido a uma rotina que pode ser muitas vezes operacional e desgastante.
E para formarmos esses líderes jovens, eles devem representar os valores, terem atitudes coerentes com a missão, garantir a performance e motivação dos membros. Os líderes devem ser reflexos da organização e, no caso da AIESEC, é terem visão empreendedora, visão global, aprendizado pró-ativo, inteligência emocional e responsabilidade social.
Para os jovens entre 18 e 30 anos, é uma oportunidade única de liderar uma equipe em um ambiente de aprendizado e com alta conexão com o propósito. Para a AIESEC e em qualquer organização, se o jovem se sente conectado a um propósito e está em um ambiente que lhe dê liberdade, seu potencial será ilimitado.
Enquanto as organizações continuarem a trabalhar desenvolvimento e resultados como moeda de troca, as relações organizacionais continuarão baseadas em interesses distintos e isso é frágil e inconstante. Em outras palavras, a motivação e a maior performance dos trabalhadores está na intersecção entre o propósito organizacional e o propósito do indivíduo, aliado a um ambiente e a lideranças que tornam as expectativas de cada um uma realidade.
Anamaíra Spaggiari é MC VP Learning & Development da Aiesec Brasil
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