O mel é um alimento natural, nutritivo e com propriedades medicinais bastante apreciado por boa parte da população. Contudo, o mel produzido e comercializado no Brasil é quase totalmente feito a partir de abelhas não-nativas, geralmente com ferrão, introduzidas no país em diferentes épocas. A meliponicultura, por sua vez, consiste na atividade de criação racional de abelhas nativas do Brasil, sem ferrão, seja com finalidade econômica, educativa, de lazer ou conservacionista.

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As abelhas são responsáveis pela polinização de cerca de 80% das plantas com flores e de 75% dos alimentos produzidos no Brasil. Em algumas regiões a dependência das abelhas nativas pode chegar a 90%.

Com o propósito de estimular a atividade e auxiliar os pequenos negócios desse segmento, um grupo de mulheres fundou a Heborá, uma empresa com foco na qualificação da mão-de-obra feminina do campo para a produção de mel, própolis e cera de abelhas nativas. Essas matérias primas podem ser utilizadas tanto como produtos alimentares quanto para fabricação de cosméticos.

Por não terem ferrão, as abelhas nativas podem ser criadas por mulheres com crianças pequenas em seus cuidados, e que muitas vezes não têm condições para deixá-las em outro lugar, e por idosas, que geralmente não conseguem comprovar os anos de trabalho no campo e, consequentemente, não conseguem se aposentar.

A meliponicultura é um negócio sustentável, pois promove conservação da biodiversidade, resgate cultural e inclusão social. Contudo, o segmento enfrenta alguns desafios no mercado, como a falta de legislação que facilite a atividade de criação de abelhas nativas, e também a falta de conhecimento e valorização dessa atividade, bem como de apoio à cadeia produtiva da meliponicultura por mãos femininas.

O apoio às atividades de meliponicultura, além de contribuir com a polinização da flora regional e com a reprodução de espécies nativas, pode ajudar mulheres do campo, muitas vezes em situação de vulnerabilidade, a conquistar oportunidade de geração de renda, formalização do trabalho e independência.

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