Entrevista Malu Weber 2024

outubro de 2024

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Entrevista Malu Weber 2024 - Ideia Sustentável

Liderança feminina efetiva e afetiva

O permanente cabo de guerra entre falar e fazer é um dos dilemas mais evidentes nas grandes empresas. Malu Weber vê nisso a oportunidade de tornar explícitos os desejos de uma organização e de sua liderança. O Fazer, segundo ela, deve vir com a certeza do propósito e com a defesa apaixonada no certo a se fazer.

 

A jornalista Malu Weber reforça, em sua trajetória profissional, a importância de princípios sólidos e o desafio de liderar com efetividade e afeto em um mundo corporativo em transformação. “Sou uma pessoa realizada como mãe, mulher e profissional. Se estou onde estou hoje, devo muito ao meu grande parceiro de vida, que infelizmente faleceu há um ano após um AVC”, conta Malu Weber, ressaltando a diferença entre ser e estar.

“Sou mãe do Pedro, formei uma família linda e estou vice-presidente de Comunicação do Grupo Bayer e presidente do Conselho Deliberativo da Aberje, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. Mas entendo que esses cargos são transitórios. Prefiro focar no que é perene, como valores, propósito, do que não abro mão”, complementa.

 

Ideia Sustentável: Quais experiências de vida marcaram sua trajetória e quais valores você preserva? 

Malu Weber: Minha carreira e valores foram moldados ao conviver com a família Ermírio de Moraes, especialmente Carlos e Fábio. Cheguei na Votorantim em um momento de transição para uma holding e de profissionalização do negócio da família. Foi nesse contexto que eu contribuí para os valores da empresa que, naturalmente, bebiam nos valores da família e deveriam ser consistentes e independentes para formar a cultura empresarial. Participei da criação do acróstico “SER EU” (Solidez, Ética, Respeito, Empreendedorismo e União), que perdura até hoje, mais de 20 anos após minha saída. Da construção dos valores à campanha de comunicação, passando pelo entendimento do que é valor para cada stakeholder, eu vi muita coerência e consistência entre o falar e o fazer. Ver hoje meu filho agindo com respeito, como ao não estacionar em vagas de idosos ou de pessoas com deficiência, reflete o valor inegociável de seguir princípios à risca.

 

IS: Seguindo essa conversa de valores, quais são seus maiores desafios enquanto liderança?

MW: Eu não tenho dúvida de que o maior desafio é a coerência entre o falar e a agir. Vou dar um exemplo. Eu tinha 12 dias de Bayer quando o Grupo lançou o primeiro programa de trainee para negros e fomos acusados de racismo reverso. Eu lembro do burburinho nas redes sociais, então chamei a diretora de RH e a diretora jurídica para uma conversa. Perguntei para a diretora de RH se aquilo era um projeto pontual ou algo consistente com uma jornada. Eu sabia a resposta, mas eu queria a certeza de alguém que estava liderando esse programa e estava há mais tempo do que eu na empresa. Soube que era o primeiro programa nesse sentido, mas que fazia parte de um compromisso global. Perguntei à diretora jurídica se estávamos fazendo alguma coisa errada e ela disse que não. Então eu disse que deveríamos nos posicionar para não ter problema. Diversidade é um compromisso global, faz parte de uma jornada relevante que não é fácil. Nossa postura precisa refletir isso com consistência.

 

IS: Comente sobre o papel da liderança feminina afetiva e efetiva, algo que você reforça muito em suas falas.

MW: A liderança não se limita à competência técnica; é preciso também competência humana. Quando unimos eficiência com afeto – no sentido de cuidar e entender o que é relevante para o outro –, construímos relações de confiança e ficamos imbatíveis. Tive o privilégio de ser a primeira brasileira a integrar o board global da Bayer, com o desafio e a beleza de construir uma só voz, respeitando e promovendo diferentes sotaques.

 

IS: Você já participa das iniciativas da Ideia Sustentável há muito tempo. Qual a importância desse relacionamento para você?

MW: Ricardo continua fiel, muito coerente e consistente com que ele acredita desde o começo de sua trajetória, para criar uma cultura de sustentabilidade empresarial no Brasil, algo que não existia. Ele criou espaços para vozes, para pensar além do lucro, para olhar para o impacto do que a gente está fazendo, seja enquanto empresa, seja enquanto cidadão. Eu vi essa ideia ainda semente e gerando frutos com raízes sólidas que hoje nos ancoram. Eu estava ao lado dele e ele sempre me amparou também na minha jornada.

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