ESG no período em que o mundo quase parou

ESG no período em que o mundo quase parou

Analisando nos últimos meses quatro ratings de sustentabilidade globais, escolhidos entre os mais bem avaliados numa pesquisa realizada pela SustainAbility – primeira consultoria fundada por John Elkington, pai do termo Triple Bottom Line – começo a ter alguns vislumbres de pontos interessantes e outros relevantes para compartilhar e reflexões sobre o que precisa ser acrescentado, pós-crise do coronavírus.

Pois bem, Larry Fink (CEO da Black Rock), em sua carta manifesto, fez um grande favor ao mundo colocando na pauta de investidores – desta vez “pra valer!” – a relevância de sustentabilidade nos negócios, trazendo o tema como uma estrela chamada ESG (Environmental/Ambiental; Social/ (idem em português) and Governance/Governança). Termo conhecido há algum tempo, desta vez meu desafio é separar, dentro desses três pilares, os indicadores dos quatro ratings, entendendo que cada um deles é uma ferramenta de análise de riscos sobre a gestão da sustentabilidade e o potencial de longevidade dos negócios.

Começo, então, a análise pelo termo e sua tradução para o português: no nosso idioma, ESG foi traduzido para ASG (Ambiental, Social e de Governança), e quem não analisa “de perto” a estrutura da língua inglesa, pode se perder nos detalhes, fazendo uma tradução literal. É comum. Com um olhar mais atento, lembrando as aulas de inglês que tanto combatia no meu dia a dia de adolescente, me proponho a traduzir ESG como fazia em uma frase simples – que agora já escuto e entendo, naturalmente – mudando a ordem dos termos: traduzido para o português, ESG é GSA, e não ASG como vem sendo usado, talvez para ficar semelhante ao termo em inglês.

Sim, “a ordem dos fatores não altera o produto”, mas pode destacar o que há algum tempo sabemos e que muda tudo no campo de estratégia e gestão: Governança vem primeiro, está “acima”, é onde todas as decisões de negócio são feitas, incluindo o motivo de sua existência e à serviço de quê se propõe, no oferecimento de produtos e serviços, à sociedade. E sustentabilidade empresarial precisa iniciar na esfera da Governança, nas decisões de executivos e Conselho de Administração. Seria bom deixar essa premissa clara, já na ordem do termo.

Assim, ao analisar os ratings para a construção de um questionário único que abarque todas as questões abordadas por eles, me proponho a estruturar, no pilar da Governança, as informações relevantes para a gestão estratégica de sustentabilidade: da estrutura da Governança até o posicionamento da marca. Justifico a escolha a partir do olhar do Dow Jones Sustainability Index (DJSI), que traz essas questões em seu tema “Econômico“, na perspectiva que “dentro do conceito das melhores práticas de governança corporativa, a condução do negócio com preceitos éticos relacionados a Direitos Humanos, relações de trabalho justas e respeito ao meio ambiente é fator relevante na longevidade e reputação da empresa”. Uma marca, afinal, quando composta por um conjunto de valores, é um ativo intangível que incentiva a fidelidade de clientes e o engajamento de colaboradores. Simples assim.

Leia também: O que é sustentabilidade empresarial?

Muitas outras observações posso ainda fazer sobre os três pilares (ESG), atualmente mais reconhecidos e valorizados no mercado financeiro no lugar do “antigo” Triple Bottom Line (social, ambiental e econômico), mas o que me chamou a atenção, durante toda a análise que fiz em casa, em meio à pandemia, foi a inexistência de indicadores relacionados a algo que vem sendo muito falado sobre o “novo normal”, no pós-coronavírus (se é que o que vivíamos até então pode ser chamado de “normal”): a nova perspectiva das empresas sobre a esfera psicológica e espiritual de seus colaboradores e o desvelamento do propósito em profundidade, do significado existencial individual que se dá sobre o negócio por quem se conecta e, realmente, se compromete com uma missão empresarial específica.

Nesse sentido, não posso deixar de achar que o momento atual reforça o que venho estudando nos últimos tempos: a proposta de modelo dos MetaCapitais, desenvolvido por Sean Esbjörn Hargens, para apoiar a criação de uma nova economia – a chamada economia da Sabedoria.

Nela, apresentando neste texto apenas uma parte de toda a teoria em que se apoia, que é a Teoria Integral, Hargens apresenta um modelo com 4 medidas de bottom lines, divididas em 10 capitais a serem considerados pelas empresas que intencionam causar altos, amplos, claros e profundos impactos positivos.

Modelo dos MetaCapitais de Sean Esbjörn Hargens

Saúde, por exemplo, deixa de ser somente um indicador de Saúde e Segurança na proposta dos quatro ratings, se tornando um capital relevante de uma empresa, assim como os capitais Psicológico e Espiritual, mencionados acima, sobre o “novo normal”.

“Que assim seja!”, desejo em meu mais profundo sentimento de empatia com o mundo. Que essa pandemia sirva de alerta e potencial de transformação para a sociedade e que, com sabedoria, consigamos compreender que dependemos dos mesmos recursos e somos feitos da mesma matéria. Que os valores da humanidade sejam manifestados em nossos comportamentos e que nossas relações sejam saudáveis em um sistema que prevê e reforce a existência de todas essas perspectivas. Nada menos.

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