A Unibes Cultural é uma instituição cultural brasileira reconhecida na cidade de São Paulo. Tem despontado, também, como um centro de promoção da sustentabilidade. Inaugurada em 2016, promove exposições, palestras, cursos, shows e outros diversos eventos culturais, com o objetivo de engajar a população e promover uma transformação social por meio de seus projetos.

Bruno Assami, diretor executivo da instituição, em entrevista para a Ideia Sustentável, explica sobre o propósito da Unibes Cultural e da relação entre sustentabilidade e cultura:

“Percebemos, muitas vezes, em manifestações artísticas, que os temas da sustentabilidade estavam presentes recorrentemente. Então trouxemos essa agenda para dentro do espaço cultural. E estamos atrasados. Vivemos um estado de emergência para que a consciência acerca das questões socioambientais seja desperta em todos os cidadãos. Por isso, ter uma agenda cultural permanente para esses temas é muito relevante”

A Unibes é uma organização de desenvolvimento social nascida em 1905, durante a Primeira Guerra Mundial, para acolher refugiados judeus. Era muito focada na comunidade judaica e, após passada a superação da Segunda Guerra Mundial, os próprios membros dessa comunidade tornaram-se protagonistas na cidade de São Paulo e passaram a desenvolver a Unibes como um centro de transformação social para a cidade.

De acordo com Assami, a Unibes trabalhava com 4 eixos da universalização do acesso (saúde, educação, trabalho e moradia). Contudo, em 2015, com o centenário da instituição, a Unibes assumiu uma causa: desenvolver o seu quinto eixo, a universalização da cultura. Para isso, a instituição convidou Bruno Assami, que já passou por outros centros culturais como Itaú Cultural, Tomie Ohtake, Masp, Fundação Proa, Arena Cultural do Hospital de Câncer de Barretos, entre outros, e soma valiosos conhecimentos e experiências na área cultural.

“Mas de que cultura estamos falando para a sociedade do século 21? No meu entendimento, é a cultura da cidadania, que se manifesta em expressões artísticas mas se dá através da formulação de pensamento e atitude dessa sociedade. Então, esse centro cultural traz esse olhar, em perspectivas estéticas mas, fundamentalmente, com debates, reflexão e proposições que a sociedade tem organizado em cima das grandes agendas desse século”.

A cultura como ferramenta de transformação

De acordo com Bruno Assami, a cultura tem um grande potencial para formar e transformar a sociedade.

“A gente fala de macroeconomia, de macrossistemas e de macrotendências, como a questão da sustentabilidade, saneamento, diversidade e outros temas tão importantes na sociedade. Mas também fala de micro. Falamos sobre o que o indivíduo pode fazer com relação a essas questões em seu comportamento mais cotidiano possível, e assim aproximamos a pessoa de toda essa amplitude ao compreender o seu papel social”.

Segundo Assami, com a internet e tecnologias digitais disponíveis, não é a falta de acesso à informação que torna uma pessoa ignorante nessas questões sociais, mas a falta de se despertar o interesse do indivíduo para que ele consuma conteúdos de qualidade e participe de atividades culturais.

“O que trazemos para a Unibes Cultural tem essa estratégia. Quando falamos de água, por exemplo, realizamos seminários, encontros de fotografia, debate sobre os rios, produção de vídeos e documentários, e exposições artísticas atrativas para o grande público, como O Ser Humano e a Água”.

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Com esse objetivo de fomentar a cultura e incentivar a participação social, a Unibes Cultural, diferente de outros centros culturais, prioriza a sociologia da cultura em primeiro lugar, para depois avaliar a estética do projeto. Desse modo, cria-se uma mudança de público, que deixa de ser um perfil mais elitizado e acostumado em apreciar arte, para o grande público. Aumenta-se, assim, a participação da sociedade nas atividades culturais e, a partir disso, incentiva-se uma transformação sociocultural por meio de projetos voltados à educação, capacitação, saúde e inclusão social.

A Unibes Cultural trabalha com 30 temas que direcionam seus projetos culturais: os 13 eixos da indústria criativa mais os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“Disponibilizamos uma efervescência de atividades – mais de 2 mil eventos durante o ano – que tratam das 30 áreas temáticas. Mas, o que nos distingue é que fomentamos o setor de cada uma dessas áreas. Portanto, nos tornamos um hub para esses temas, como somos para a sustentabilidade”. Segundo Assami, esses temas são explorados com a ajuda de cerca de 1500 organizações parceiras.
 
Escrito por Marcos Cardinalli