Sonia Favaretto – Reflexões sobre finanças sustentáveis

28 de outubro de 2009

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Sonia Favaretto – Reflexões sobre finanças sustentáveis - Ideia Sustentável


A sustentabilidade nos negócios pode ser definida como a busca do equilíbrio de aspectos sociais, ambientais e econômicos no longo prazo. O termo finanças sustentáveis se refere à incorporação da sustentabilidade nas tomadas de decisões do setor financeiro. Nos últimos anos, os bancos que operam no Brasil têm repensado e reestruturado seus processos de forma a colocar esse conceito em suas agendas. Isso porque o setor entende que, como agente financiador, precisa cumprir tal função de modo a contribuir positivamente para o desenvolvimento sustentável do país.
Vários bancos brasileiros são signatários de pactos internacionais, como os Princípios do Equador, o Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente focado em Finanças Sustentáveis (UNEP – FI), o acordo nacional adotado por bancos que operam no país chamado Protocolo Verde. Algumas instituições, de forma voluntária, vem expandindo as recomendações dos diversos pactos, criando áreas voltadas à sustentabilidade dentro da estrutura tradicional de crédito e incorporando procedimentos para garantir a análise dos riscos socioambientais em suas operações de forma mais ampla. Com isso, demonstram estar em sintonia com as demandas da sociedade, que cada vez mais cobra coerência empresarial e se  preocupa com a finalidade dada aos recursos emprestados pelos bancos. Cada um dos 159 bancos registrados no Brasil tem seu jeito e ritmo, mas a fotografia é clara: o movimento de sustentabilidade está em curso, e acelerado.
De acordo com os Princípios do Equador, criados em 2002 por grandes bancos, as instituições financeiras estabeleceram o compromisso de analisar os impactos sociais e ambientais de financiamentos de projetos acima de 50 milhões de dólares, valor reduzido em 2005 para 10 milhões de dólares. A aplicação dos Princípios do Equador garante que os financiamentos desembolsados na linha de Project Finance estimulem o desenvolvimento do País, ao mesmo tempo em que se busca minimizar os possíveis impactos sociais e ambientais. Precisamos, no entanto, ir além. Vários bancos já estenderam a adoção de critérios socioambientais na análise de crédito às demais linhas de financiamento e em níveis bem menores. Esta é a direção necessária.
Os Princípios para o Investimento Responsável (PRI), do UNEP-FI, criados em 2006 junto com o Pacto Global das Nações Unidas, estabelecem que os investidores de todo o mundo incorporem, voluntariamente, aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa quando efetuarem suas aplicações. É um sinal importante que a discussão tenha chegado ao investidor,  um dos alavancadores do crescimento da agenda.
O Protocolo Verde, assinado em maio passado pelo presidente da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), Fábio Barbosa, e pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, é um outro marco. O documento traz uma série de políticas e processos para o setor financeiro privado direcionados a quatro pilares: o compromisso de conceder financiamentos diferenciados a setores que se pautem pela sustentabilidade ambiental; de incorporar a análise do risco socioambiental em suas operações ativas; de divulgar e estimular práticas de sustentabilidade junto a clientes e fornecedores e de adotar o consumo sustentável em suas atividades. É um documento amplo, de caráter genérico, mas traz o mérito de nivelar e oficializar publicamente o que se espera do setor
Estamos vivendo um momento de forte e acelerada disseminação de conhecimento em torno da sustentabilidade. A FEBRABAN , a principal entidade representativa do setor, com 120 associados, valoriza esse movimento e está movendo esforços para melhorar ainda mais sua propagação. No intuito de estimular o debate e a prática dos temas ligados à sustentabilidade que afetam o dia-a-dia dos bancos, de seus dirigentes, funcionários, clientes, fornecedores, acionistas e da sociedade em geral, a federação promove desde junho de 2007 a série de encontros mensais denominados “Café com Sustentabilidade”. A sistematização de todos os eventos está no site: www.febraban.org.br.
E, no próximo dia 30 de junho, em São Paulo, promoverá o Seminário de Finanças Sustentáveis, cujos temas primordiais serão o crédito como fator indutor do desenvolvimento sustentável e as oportunidades de negócios á luz da sustentabilidade. Com palestrantes de organismos fundamentais como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o International Finance Corporation (IFC), braço financeiro do Banco Mundial, o seminário compartilhará conhecimentos, levantará tendências e promoverá o debate. A Fundação Getúlio Vargas (FGV), fará a sistematização de todo o conteúdo durante a realização do próprio evento e as conclusões das discussões serão conhecidas ao final do encontro. O seminário faz parte do Ciclo Febraban de Finanças Sustentáveis, que contará também com um debate via internet durante o mês de julho, para levar a discussão a um público mais abrangente, e terminará em agosto com uma edição do Café com Sustentabilidade. O ciclo será realizado a cada dois anos.
Sonia Favaretto é diretora de Responsabilidade Social
e Sustentabilidade da FEBRABAN.

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