Ferramenta – Os sete Cs da Parceria

Ferramenta – Os sete Cs da Parceria

O êxito de uma parceria intersetorial depende de um conjunto de fatores. Para facilitar a análise dessa teia de variáveis relevantes, James Austin, de Harvard, definiu sete diretrizes às quais denominou sete Cs da colaboração estratégica. No quadro, as perguntas-chave cujas respostas ajudam o gestor a analisar a qualidade das parcerias desenvolvidas.
Uma boa parceria requer….
Conexão com o propósito e com as pessoas

Perguntas-chave
Até que ponto os parceiros estão envolvidos, pessoal e emocionalmente, com o propósito da parceria?
As pessoas puderam experimentar o valor da parceria?
Como e com que intensidade os altos líderes interagem na parceria?
Como e com que intensidade os outros níveis das organizações parcerias interagem?
Com que intensidade se formam os vínculos interpessoais na parceria?
Uma boa parceria requer…
Clareza de propósitos

Perguntas-chave
Qual é a finalidade principal da parceria?
Qual é o ponto central específico da cooperação e onde cada parceiro deseja chegar?
Os parceiros conseguiram superar posturas do tipo “Eu dou, ele recebe” ou “Eu sou grande, ele pequeno”?
Os parceiros colocaram no papel o que pensam sobre as finalidades da parceria?
Os parceiros têm clareza sobre as diferentes funções e a importância relativa da parceria em relação às demais que realizam?
Uma parceria requer…
Criação de valor

Perguntas-chave
Que valor um parceiro atribui ao recurso do outro?
Que benefícios a parceria resultará para cada parceiro?
Os benefícios superam os custos e riscos?
Qual o valor social adicionado pela parceria?
Que novos recursos e capacidade podem ser gerados pela parceria?
A troca de recursos e capacidades é recíproca?
Os benefícios se equilibram entre os parceiros?
O valor da parceria diminuiu ou aumentou ao longo do processo? Em que nível
A parceria merece ser renovada ou chegou a um ponto final de valor para as partes?
Uma boa parceria requer…
Comunicação entre os parceiros

Perguntas-chave
Há respeito e confiança entre os parceiros?
A comunicação é aberta, franca e construtiva?
Como se administra a comunicação entre os parceiros?
Os parceiros têm representantes formais?
Os processos de comunicação são coordenados harmonicamente pelas duas partes ou há o sentimento de que uma “aparece mais” do que a outra?
Que veículos utilizam para se comunicar?
Há ruídos internos na comunicação?
Há uma estratégia de comunicação externa comum entre os parceiros?
Uma boa parceria requer…
Continuidade de aprendizado

Perguntas-chave
O que cada uma das partes tem aprendido com a parceria?
De que forma o aprendizado está sendo incorporado à parceria?
Há avaliação do aprendizado resultante da parceria?
Os parceiros se acomodaram com a parceria a ponto de não buscarem mais inovação e desafios?
Uma boa parceria requer…
Compromisso com a parceria

Perguntas-chave
Qual é o nível de compromisso entre os parceiros e como ele é demonstrado?
Como cada um dos parceiros pensa investir na parceria em termos financeiros, pessoais e institucionais?
As expectativas dos parceiros são altas demais ou baixas demais?
As expectativas e os compromissos das partes estão à altura de suas capacidades de realização?
Se as partes tiverem mais parceiros, qual o peso específico desta parceria para a missão de cada organização?A parceria como estratégia para o desenvolvimento
O século 21 será marcado como a era das alianças, das parcerias e dos esforços intersetoriais. Esta é a opinião de James Austin, da Graduate School of Business Administration da Universidade de Harvard. Professor de Empreendimentos Sociais e Administração de Entidades Sem Fins Lucrativos, ele vê na cooperação entre os três setores um imperativo do mundo contemporâneo estimulado por fatores macro-ambientais, como a revisão do papel do Estado, a multiplicidade de atores da sociedade civil e a necessidade de otimizar recursos para fazer frente à complexidade crescente dos problemas sociais e econômicos do mundo.
Segundo Austin, as parcerias constituem instrumento útil na medida em que geram benefícios claros para as partes envolvidas. Às organizações de terceiro setor, proporcionam economia de custos e de escala de atendimentos, além de sinergias de capacidades e ampliação da base de recursos. Às empresas, resultam em enriquecimento na estratégia de interação com comunidades, na melhoria de relacionamento com funcionários e na construção de uma cultura corporativa baseada em valores de participação social.
Na opinião de Austin, o processo de criação de parceria estrutura-se em cinco elementos centrais. O primeiro é o entendimento sobre a importância estratégica da colaboração. O segundo refere-se à conexão em si, isto é, à escolha do parceiro e à criação de vínculos. O terceiro diz respeito ao foco e ao alinhamento das missões, estratégias e valores das partes. O quarto está relacionado ao valor gerado pela parceria a cada uma das partes e à sociedade. E o quinto tem a ver com a execução das atividades no cotidiano, a comunicação, a construção de uma base de confiança, a definição de responsabilidade práticas.
Para o especialista, autor do livro Parcerias, Fundamentos e Benefícios para o Terceiro Setor (Editora Futura, 2001), as parcerias entre empresas e organizações sociais costumam evoluir ao longo de três estágios.
No primeiro, o estágio filantrópico, as partes assumem os papéis de doador e donatário, o alinhamento estratégico é inexistente, os vínculos mínimos e a cooperação se baseia exclusivamente na troca desigual e na mera transferência de recursos. No estágio intermediário, denominado transacional, observa-se já uma mentalidade de parceria, uma coincidência de missão e valores, um maior entendimento e confiança mútuos, com intercâmbio de competências e recursos, embora ainda restritos a um projeto ou ação de âmbito e risco limitados. O terceiro estágio, também conhecido como integrativo, caracteriza-se pelo foco no relacionamento como ferramenta estratégica: os projetos são identificados e desenvolvidos em todos os níveis da organização, com apoio das principais lideranças, benefícios e valores comuns e investimento conjunto para um “retorno” mútuo. A administração da parceria considera a integração entre as partes, respeita as suas culturas e reconhece a aprendizagem ativa. Nesse estágio, a mentalidade do “nós versus eles” é substituída pelo “nós”. A experiência brasileira mostra que a maioria das parcerias entre empresas e organizações sociais ocorre ainda no nível filantrópico. Mas já há experiências bem-sucedidas nos estágios transacional e integrativo. Idéiasocial destacará algumas delas em suas próximas edições.

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