Com uma área equivalente à cidade de São Paulo, a Fazenda Roncador, localizada no norte do Mato Grosso, tem investido no sistema de integração lavoura-pecuária. O modelo de negócios, que une o cultivo de culturas agrícolas anuais e a criação animal no mesmo espaço, busca potencializar a sinergia entre as atividades de pecuária e lavoura, aproveitamento da área produtiva e a sustentabilidade do negócio.
O resultado da adoção do modelo de integração aumentou a produtividade e a lucratividade da fazenda, e ao mesmo tempo, a tornou uma “sequestradora de carbono”. Isto é, a fazenda passou a captar mais carbono do meio ambiente que produz, gerando créditos.
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Além disso, com um sistema mais sustentável de produção, a Fazenda Roncador conseguiu um empréstimo de US$ 10 milhões, com taxas abaixo do mercado, por meio de um financiamento do &Green, um fundo europeu de impacto voltado para proteção de florestas tropicais. A intenção é escalar esse modelo para toda a área produtiva da fazenda, com a meta de aumentar em 60% sua produção de soja e gado até 2026, mas sem desmatar nenhum hectare de terra e, ainda, gerar mais créditos de carbono.
“É um programa ambicioso de intensificação sustentável que pode servir de modelo para outros produtores e mostra como o resultado financeiro pode ser atrelado à proteção da floresta”, afirma Gustavo Oubinha, diretor da Sail Ventures, gestora responsável pelo &Green.
A mudança para um modelo mais sustentável ocorreu em 2008, em uma tentativa de recuperar a fertilidade da terra, esgotada pela pecuária extensiva, retomar a lucratividade e diversificar a produção. De 2013 a 2018, a geração de caixa da fazenda aumentou 3,6 vezes. E, em relação ao carbono – considerando o metano emitido pelo gado, uso de combustível e fertilizantes nitrogenados -, na safra de 2017/2018 a fazenda capturou 172,3 mil toneladas, enquanto emitiu 82,5 mil, gerando um saldo equivalente de 89,8 mil toneladas de carbono capturado.
“Há 10 anos, o resultado era muito fraco, para não dizer que era negativo”, diz Pelerson Penido Dalla Vecchia, diretor executivo do Grupo Roncador. “Começamos a entender a agricultura como o equilíbrio do todo”, explica.
Atualmente, a Fazenda Roncador, que possui 152 mil hectares de terra, conta com metade de sua área coberta por floresta nativa e áreas de preservação. Da área produtiva, 30 mil hectares são voltados para pecuária, 26 mil para a integração entre soja e boi, e outros 20 mil estão em uma joint venture em que a empresa SLC Agrícola, responsável pela produção, já começa a implantar também o modelo de integração lavoura-pecuária.
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