Bancos não irão mais financiar empresas que desmatarem

Bancos não irão mais financiar empresas que desmatarem

Os três principais bancos privados do Brasil – Itaú, Santander e Bradesco – uniram esforços pela preservação da Amazônia e anunciaram que não irão mais financiar empresas do setor agrícola, especialmente a indústria de carne, que não adequarem seus negócios aos critérios de sustentabilidade.

Candido Bracher, presidente do Itaú, em entrevista ao jornal Estadão, afirma que as três instituições estão há um mês trabalhando juntos para analisar a situação da Amazônia, e que a pandemia de covid-19 reafirmou aos bancos o potencial do trabalho conjunto para o bem geral da sociedade. Segundo Bracher, a questão ambiental no Brasil preocupa os três bancos, bem como os investidores estrangeiros, e a política ambiental do atual governo, sobretudo em relação à Amazônia, não está funcionando. Para ele, o governo deveria agir com maior eficiência nessa questão.

“Estamos todos expostos às pressões internacionais, pois conversamos com os investidores estrangeiros e sentimos as preocupações do mundo. Então, nos ocorreu de unir esforços pela preservação da Amazônia. Ao governo, nos limitamos a contar o que estamos fazendo para entender como nossa contribuição pode ser mais efetiva”.

Os três bancos elencaram 10 programas vinculados à Amazônia, mas decidiram focar, inicialmente, em quatro dessas iniciativas, sendo a da indústria da carne a principal. De acordo com Bracher, as instituições querem garantir que a cadeia não se abastecerá de carne de rebanhos criados em áreas desmatadas ou ilegais. E isso será feito por meio de rastreamento.

As outras preocupações dos bancos é com a regularização fundiária e com o incentivo ao desenvolvimento sustentável da região. Haverá, segundo o presidente do Itaú, linhas especiais para financiamento e estímulo de culturas sustentáveis na Amazônia, como a produção de cacau e açaí, e também para a bioeconomia.

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Candido afirma que os bancos já exercem um “filtro ambiental” desde meados do ano 2000, mas não com caráter punitivo, e sim de orientação. “Ser socioambientalmente ineficiente também é ineficiente economicamente. Você pode ganhar dinheiro no curtíssimo prazo, mas é péssimo para a sustentabilidade dos negócios. Então, procuramos mostrar isso às empresas e desestimulamos certas práticas com a não concessão de financiamentos. É uma prática que ocorrerá cada vez mais”, afirma.

Em relação às políticas públicas, Candido Bracher afirma que o governo possui responsabilidades insubstituíveis, e que somente ele pode punir os infratores, ficando para as instituições a possibilidade de desestimular atividades que não condizem com valores de sustentabilidade, por exemplo não concedendo financiamentos às empresas que as praticam. O presidente do Itaú também defende a medição do desmatamento, que é feita pelo Inpe, e a articulação construtiva entre o governo e sociedade civil.

“Posso falar sobre a política do governo. Acho que, neste sentido, a falta de resultados fala por si. Nós estamos vendo um aumento do desmatamento. É uma situação muito preocupante. Claramente, a política ambiental do governo no que se refere à questão da Amazônia não está funcionando. Nós precisamos ajudar e o governo tem de agir com eficiência maior”.

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