Para além das caras e bocas

16 de junho de 2010

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Que sustentabilidade é um termo da moda, disso ninguém duvida. Não sem motivo, portanto, a São Paulo Fashion Week – mais importante evento desse universo na capital paulista – vem adotando o tema há pelo menos 3 edições. Mas, se no ano passado ainda ouvimos da boca de jovens modelos pérolas do tipo: “Ainda não sou sustentável porque dependo dos meus pais”, este ano dá pra dizer que estamos evoluindo… pelo menos na passarela!
Comecemos pelo cenário, onde a estilista Simone Nunes reaproveitou madeira de demolição de uma casa desfeita em Andradina, no interior de São Paulo. Madeira também – mas de reflorestamento, frise-se! – foi o destaque da coleção da Maria Bonita, que articulou lâminas em forma de mosaico sobre tecido, criando um efeito inspirado nas cores e na simplicidade das fachadas de casas populares do Nordeste. Peças em crochê de palha também marcaram presença na coleção da grife.
Essa maneira socialmente correta de valorizar o artesanato brasileiro, aliás, tem sido uma preocupação recorrente entre os estilistas. Ronaldo Fraga, Walter Rodrigues e Tininha da Fonte, por exemplo, encabeçam o projeto Pernambuco com Design. Especialista em Moda Praia, Tininha foi a responsável pelos maiôs e biquínis da grife Movimento, produzidos por mulheres de uma colônia de pescadores. Da pele de peixe, comprada pela estilista como uma maneira de aproveitar totalmente a produção dos pescadores (pescadas e tilápias, não ameaçadas de extinção, diga-se), surgiu, por exemplo, um maiô em que o couro produz um efeito de lascas de madeira – modernérrimo e sustentável!
Movimento
Já na Iódice, a pele de peixe – tingida por base vegetal, sem químicos prejudiciais ao meio ambiente – apareceu em bolsas estilo minibaús, também resultado de projeto no Amazonas, apoiado por Valdemar Iódice, que adotou uma Unidade de Conservação onde vivem mais de 200 famílias. De lá vieram, por exemplo, os tucumãs usados em forma de canutilhos bordados nas peças. Cada unidade da grife vendida reverte em um real de contribuição para os projetos de capacitação dos artesãos amazonenses.
Ronaldo Fraga alternou os bordados produzidos pelas mulheres do projeto de Pernambuco com os de artesãs de Minas Gerais – seu Estado natal – e as delicadas rendas renascença produzidas pelas paraibanas. Além disso, usou algodão orgânico cru em várias de suas peças.
Essa matéria-prima, aliás, há anos tem sido a preferida de Oscar Metsavaht, dono e diretor criativo da Osklen. Mas, desta vez, ele decidiu colorir o algodão orgânico com tingimento natural em diversos tons de azul – do clarinho ao marinho. A inspiração para a coleção Oceans veio de mergulhos feitos por Metsavaht no Caribe e no Rio de Janeiro, onde – acreditem – ainda existe mar azul.
E, como não poderia deixar de ser, o badalado Alexandre Herchcovitch trouxe para a passarela masculina do SPFW um tecido feito 100% de matéria-prima reciclada: o EcoSimple. A novidade – já utilizada no mercado de decoração – é resultado de um complexo processo de produção e logística. Famílias de baixa renda da periferia de Blumenau (SC) separam os resíduos de confecções e da indústria têxtil por cores.
Assim agrupados, eles seguem para a chamada desfibragem, processo também conhecido por rasgamento, sem o uso de produtos químicos. As fibras são fiadas, resultando em fios, que, por fim, viram tecidos. “Para conseguir maior resistência, colocamos ainda 15% de fibras de PET reciclado” – contou o sócio da EcoSimple e da EuroFios, Paulo Roberto Sensi Filho, à Alice Lobo, do blog Verdinho Básico. Aliás, quem quiser saber tudo sobre moda sustentável não pode deixar de acessar: www.verdinhobasico.com.br.

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