Com as 282 mil toneladas de embalagens pós-consumo que receberam destinação adequada em 2010, o Brasil manteve a posição de destaque entre os maiores recicladores de PET do mundo. Embora o País não conte com sistemas de coleta seletiva abrangentes, o volume de PET reciclado no ano passado resulta em um crescimento de 7,6% sobre as 262 mil toneladas registradas em 2009.
Os números fazem parte do 7º Censo da Reciclagem do PET no Brasil, divulgado nesta terça-feira (23/8) pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). O levantamento indica que a alta demanda pelo PET reciclado continua garantindo a sustentabilidade, inclusive econômica, da atividade. No entanto, também mostra que ainda é grande a dificuldade da indústria para ter acesso à embalagem pós-consumo, que muitas vezes não tem a destinação adequada.
De acordo com Auri Marçon, presidente da Abipet, o Brasil precisa implantar o quanto antes um sistema de coleta seletiva eficiente, para continuar avançando nos índices de reciclagem. “As empresas do setor do PET investiram em capacidade de reciclagem e em inovação. Mas o parque instalado tem forte ociosidade e será difícil continuar crescendo sem um sistema público de coleta seletiva que possibilite o retorno das embalagens pós-consumo à indústria.”
O 7º Censo da Reciclagem do PET mostra que o Brasil dá a destinação adequada a 56% do total de embalagens PET consumidas. Esse material reciclado alimenta uma indústria diversificada, onde o maior usuário continua sendo o setor têxtil, com 38% do total reciclado. Em seguida estão as resinas insaturadas e alquídicas (19%), embalagens (17%), laminados e chapas (8%), fitas de arquear (7%), tubos (4%) e outros (7%).
A indústria da reciclagem do PET fechou o ano de 2010 com faturamento de R$ 1,18 bilhão, acima do R$ 1,09 bilhão registrado no ano anterior. Esse valor já corresponde a 36% de todo o faturamento do setor do PET no ano passado (embalagens PET mais produtos reciclados), que foi de R$ 3,27 bilhões.
Comparativo com outros países mostra Brasil bem posicionado
A Abipet acaba de concluir um estudo que faz a comparação entre a reciclagem do PET no Brasil e em algumas dezenas de outros países. O objetivo foi demonstrar como algumas variáveis – número de habitantes, índice de escolaridade, tamanho do território e concentração da população urbana, entre outras – interferem no desempenho da coleta e destinação das embalagens pós-consumo.
No geral, o trabalho mostra o Brasil bem posicionado e, dentro de algumas variáveis, com desempenho superior aos de Itália e Espanha, ou mesmo dos Estados Unidos. Na comparação com nações que possuem características semelhantes de desenvolvimento, como Austrália, Argentina e México, a situação brasileira é de clara vantagem.
Os países estudados pela Abipet são: Alemanha, Argentina, Austrália, Brasil, Espanha, Estados Unidos, França, Itália, Japão, México, Polônia, República Tcheca, Suíça e Turquia. O trabalho fez o cruzamento de informações provenientes de instituições como Organização das Nações Unidas (ONU), Fundo Monetário Internacional (FMI), Economist Intelligence Unit, da própria Abipet, além da PETCORE e NAPCOR (entidades internacionais do setor do PET).
“O Brasil ainda apresenta um importante diferencial entre todas as nações analisadas. É um dos poucos, se não for o único, que coleta, recicla e aplica todo o PET reciclado em seu próprio território”, afirma Auri Marçon, presidente da Abipet.
Caminho correto
Além do bom posicionamento global do Brasil, o estudo também destaca o excelente desempenho de Alemanha, França, Japão, República Tcheca e Suíça. Além da pequena área territorial, número reduzido de habitantes e altos níveis de escolaridade, esses países têm em comum outros três aspectos que estão diretamente ligados ao bom resultado apresentado: o empenho da indústria local no sentido de reciclar seus resíduos; a existência de sistemas eficientes de coleta (em diferentes formatos); e muita publicidade destinada à população, sobre os benefícios da reciclagem.
Em suas conclusões, o estudo da Abipet mostra que o Brasil, com o índice de 56% das embalagens de PET pós-consumo recicladas, parece caminhar em direção ao cenário vivido por essas nações mais desenvolvidas. O trabalho que a indústria realiza há 15 anos para promover a reciclagem é o que garante, hoje, a boa posição do País. Além disso, o Brasil começa a caminhar para a implantação de sistemas eficientes de coleta seletiva – em razão da regulamentação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), cujos acordos setoriais estão sendo discutidos – e para a difusão de conceitos de educação ambiental entre a população.
“A recente campanha publicitária feita pelo Ministério do Meio Ambiente mostra a mudança de atitude e o empenho do governo federal no sentido de sensibilizar os cidadãos para a importância da reciclagem”, conclui o presidente da Abipet.
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