Sustentabilidade é estratégia para vencer a crise

Sustentabilidade é estratégia para vencer a crise

Há tensões mundiais contribuindo para uma insegurança na economia global – como a disputa comercial entre Estados Unidos e China, o Brexit, conflitos internos em alguns países, entre outros. E as queimadas na Amazônia entraram para essa lista.

Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

A repercussão dessa crise colocou o Brasil em xeque na questão da sustentabilidade. Cidadãos pelo mundo todo têm se manifestado em favor da preservação dos ecossistemas, a mídia internacional estampa essa situação em suas manchetes, celebridades compartilham em suas redes e empresas e investidores ameaçam cortar o financiamento em produtos brasileiros.

Adotar uma política de sustentabilidade é fundamental para uma corporação garantir a sua competitividade e reputação, e evitar uma crise ainda maior. Além disso, torna-se necessário comunicar as ações realizadas, engajar os stakeholders e se posicionar para o mercado. Sustentabilidade é, mais do que nunca, uma questão estratégica.

Ricardo Voltolini, um dos principais especialista no tema, iniciou um artigo publicado há mais de 10 anos com a seguinte frase: “entre as empresas líderes mundiais, a pergunta ‘por que se deve incorporar a sustentabilidade nas estratégias de negócio’ parece já ter ficado na página anterior. Os desafios agora giram em torno de como, quando e com que intensidade se deve aproveitar as oportunidades geradas pela crescente valorização das preocupações socioambientais nos mercados”.

Leia aqui o artigo “Sustentabilidade, não há alternativa“, publicado por Ricardo Voltolini em 2008.

A sustentabilidade no Brasil

Enquanto o conceito de sustentabilidade já está bem mais incorporado na cultura de boa parte da comunidade internacional, sobretudo na Europa, o tema ainda parece estar subdesenvolvido no Brasil. Mas não por falta de iniciativas. Há muitas corporações realmente preocupadas, já há algum tempo, com essa questão. A Plataforma Liderança com Valores, maior movimento brasileiro de lideranças para a sustentabilidade, reúne líderes empresariais há uma década para discutir e compartilhar ações em sustentabilidade.

O que falta, talvez, para que o Brasil volte a ser liderança global em sustentabilidade é educar e pressionar os políticos do país a dar a devida importância ao tema, e também transmitir esse conhecimento à população, tornado os cidadãos brasileiros mais conscientes e ativistas. Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Ibope em conjunto com a Rede Conhecimento Social, aponta, por exemplo, que 49% dos brasileiros não sabem o que são os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Os ODS foram instituídos pela ONU como um pacto entre as nações, empresas, instituições e sociedade civil, a fim de tornar o mundo mais justo e sustentável.
Saiba mais: Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Mas o que é sustentabilidade?

Sustentabilidade é um conceito complexo que vem evoluindo ao longo dos anos e abriga diversos temas. Atualmente, pode ser definida um novo modo de pensar e fazer negócios, com ética, integridade, responsabilidade, transparência, respeito ao outro e à diversidade e cuidado com o meio ambiente.

E as empresas alinhadas com esses valores – e que são referência no assunto – têm crescido no mercado nacional e internacional, como é o caso da Natura, Braskem, Vivo, Ambev, Coca-Cola, Microsoft e outras. Mesmo que enfrentem alguma crise, a sustentabilidade as torna resilientes na tomada de decisões e criativas na busca por novas soluções.

De acordo com Voltolini, a sustentabilidade se consolidou ao longo dos anos como diferencial competitivo de reputação, inovação e engajamento. Além disso, empresas sustentáveis são menos suscetíveis a riscos de operação, reduzem desperdícios de recursos, melhoram a eficiência de custos, acessam crédito e financiamentos com mais facilidade e retêm talentos por meio da conexão entre propósitos corporativos e pessoais.

“Sustentabilidade é, portanto, a coisa certa a se fazer, hoje e daqui por diante, em um mundo com recursos limitados e sérios riscos ambientais. Se quiserem se perenizar, as boas empresas terão que considerar em sua gestão – tanto mais quanto maior for a dependência de seus insumos dos serviços dos ecossistemas – fatores como as mudanças climáticas, a saturação dos combustíveis fósseis, a escassez de água, a poluição atmosférica, a gestão de resíduos, a depleção da camada de ozônio e o desmatamento. Não há outra alternativa”, afirma Ricardo Voltolini no mesmo artigo mencionado acima.

Para Fábio Barbosa, ex-presidente do Banco Real – instituição que foi protagonista em sustentabilidade – e atualmente membro do Conselho do Banco Itaú, existem três razões pelas quais as empresas aderem à sustentabilidade:

  • Convicção: a empresa tem consciência de que a sustentabilidade é o melhor caminho;
  • Conveniência: a empresa precisa se adaptar por pressão da concorrência, dos agentes reguladores e dos órgãos públicos;
  • Constrangimento: a empresa é forçada a adotar a sustentabilidade por exigência dos colaboradores, clientes, parceiros, comunidades, investidores e órgãos reguladores.

Dica de leitura: Sem estar no planejamento estratégico, sustentabilidade perde força nas crises

A situação da Amazônia e repercussão internacional do cenário fará com que muitas empresas adotem a sustentabilidade pelo constrangimento. Apesar desta não ser a motivação ideal, não há alternativa para as empresas que não adotar a sustentabilidade, como afirma Voltolini em seu artigo.


Escrito por Marcos Cardinalli

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