Serviços ambientais

outubro de 2009

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Os ecossistemas são responsáveis pela promoção de diversos produtos e serviços à humanidade, tais como regulação de clima e da água, preservação da biodiversidade, entre outros – seja em escala local, nacional ou mundial. Diante da importância dos chamados serviços ambientais para as atividades econômicas, empresas começam a desenvolver estratégias e ferramentas específicas para integrá-los em seus processos de gestão.
De acordo com o Millennium Ecosystem Assessment, avaliação que se propôs a mensurar o estado e as tendências dos ecossistemas mundiais, os serviços ambientais se degradaram mais rápida e profundamente nos últimos 50 anos do que em qualquer outro período análogo da história da humanidade. A avaliação prevê declínios ainda mais acentuados para as próximas décadas, especialmente à luz do crescimento populacional, da expansão econômica e das alterações climáticas globais. Se não for controlada, esta degradação pode pôr em risco o bem-estar econômico futuro.
A fim de desmistificar relação dos ecossistemas com os negócios, o World Business Council for Sustainable Development, em parceira com o Meridian Institute e o World Resources Institute (WRI), elaborou a Avaliação Empresarial dos Serviços dos Ecossistemas. A metodologia auxilia as empresas a examinarem tanto os impactos quanto a dependências que possuem dos serviços ambientais, como uma maneira de entender quais riscos e oportunidades eles possivelmente enfrentarão em um futuro próximo relacionados às mudanças do ecossistema.
De acordo com Charles Iceland, membro associado do WRI e autor da publicação, estamos entrando em uma era de duplo fluxo, em que as empresas dependem dos serviços ambientais para concretizar suas produções, ao passo que o meio ambiente também depende da ação das companhias para, por meio de sistemas de conservação, continuar fornecendo seus serviços naturais. “As empresas deveriam começar a preocupar-se mais com os impactos que causam no ecossistema, uma vez que muitas delas dependem da disponibilidade de seus serviços para realização de processos internos”, afirma o pesquisador.
Quando o assunto é Brasil, Iceland afirma que a principal medida a ser tomada pelo País é a redução do desmatamento em nome de seus reservatórios de água e da ação das árvores como neutralizador de carbono. “Isto é algo que mesmo a comunidade global está estimulando o Brasil a controlar, o que pode render novas receitas ao País com a entrada de investimento estrangeiro pelo reflorestamento. Assim, as florestas podem atuar como sequestradoras de carbono e mitigar o problema das mudanças climáticas”, conta. No entanto, o pesquisador aponta possíveis entraves à gestão dos recursos naturais como estratégia de mercado, como as mudanças nos mecanismos regulatórios assim como a falta de regulação nestes setores.
Em termos legais, Werner Grau Neto, integrante da Sub-Comissão de Mudança do Clima da Comissão de Meio Ambiente da OAB/SP e sócio do escritório Pinheiro Neto Advogados, conta que o atual sistema jurídico está passando por transformações importantes na área de desenvolvimento, conservação e utilização do ecossistema. De acordo com o especialista, dois grandes vetores norteiam estas mudanças: as empresas, com a consolidação de ações sustentáveis, agora preocupadas em ‘como’ e não ‘se’ devem fazer tais ações; e o terceiro setor, responsável por ampliar o diálogo justo entre produção econômica e produção ambiental. “Devemos diminuir este antropocentrismo diante das questões ambientais, em que se o dano é efetuado contra o meio ambiente, o reparo é feito em favor do indivíduo. Estamos entrando em um momento em que o benefício final destes danos devem ser prestados ao próprio meio ambiente”, afirma Werner Grau Neto em evento realizado pela Funbio em parceria com a Alcoa, para discutir estratégias sobre serviços ambientais.
Leque de estratégias
Em função da necessidade de conservação do meio ambiente e de operar estrategicamente, as empresas têm percebido que conservar os recursos de seu entorno pode gerar novas oportunidades de atuação e geração de renda, além de reforçar sua reputação. Desta forma, a iniciativa de remunerar empresas e mesmo produtores rurais que promovem a conservação do meio ambiente a seu redor, e estimulam a manutenção do ecossistema pode ser encarado como um estímulo eficiente. Pelo menos é o que muitas empresas acham.
No setor público, uma iniciativa neste sentido foi tomada pela Agência Nacional das Águas (ANA), em parceria com a The Nature Conservancy (TNC). Juntas as organizações deram início, em 2007, ao programa Produtores de Água e Floresta, com o intuito de remunerar produtores rurais pela restauração e manutenção de florestas “em pé” de suas propriedades. O programa consiste no pagamento pelos serviços ambientais como proteção e produção de recursos hídricos promovidos pelos agricultores da região, que passam a ser chamados pelo título que deu nome à iniciativa. “A ideia deste conceito é reconhecer que os serviços ambientais têm um valor para a sociedade, e a partir daí, começar a premiar aqueles que protegem, mantém ou restauram estes serviços ambientais” conta Fernando Veiga, coordenador de serviços ambientais da TNC.
Para participar do programa, os proprietários devem atender aos seguintes critérios: intenção de conservação ou restauração, quantidade de áreas prioritárias para a produção de água dentro da propriedade, estado de conservação de suas florestas e estar na área de abrangência do projeto. A iniciativa pretende estabelecer um diálogo justo entre ecologia e economia, buscando formas de valorizar o cuidado com a natureza, e dar uma alternativa ecologicamente correta a uma sociedade habituada com o extrativismo. “Pagar uma bonificação ao produtor é muito mais eficiente do ponto de vista econômico, do que depois ter de remediar os problemas que a falta de manutenção dos serviços causa. Quando a floresta e seus serviços não funcionando bem, o produtor acaba tendo que gastar para recuperá-los”, conta Veiga.
Outra experiência bem sucedida na área de conservação de serviços ambientais, mas dessa vez no setor privado, é a estratégia aplicada pela Coca-Cola Brasil para reduzir o consumo da água na fabricação dos produtos da marca. De acordo com Marco Simões, vice-presidente de comunicação e sustentabilidade da Coca-Cola Brasil, o plano de promoção do desenvolvimento sustentável na empresa segue o sistema dos quatro erres (4 R). O plano consiste em Reduzir, Reciclar, Reaproveitar e Repor toda a água utilizada em seus processos produtivos, retiradas do meio ambiente, a fim de garantir não só a manutenção de suas fábricas, como das comunidades locais, que dependem dos mesmo recursos para a sobrevivência.

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