Salve a nova classe média!

19 de novembro de 2012

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Salve a nova classe média! - Ideia Sustentável

Por Heloisa Melillo

O pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, Marcelo Neri, autor do livro A Nova Classe Média – O Lado Brilhante da Base da Pirâmide, afirmou que “a classe média é o amortecedor interno da economia brasileira. Se ela quebrar, não sabemos para onde vai o país”. Sua afirmação fortalece minha percepção de que como sociedade, temos uma causa urgente nas mãos: a chamada nova classe média é um avanço que agora necessita de ações práticas e estratégicas de sustentação.

Pelo meu ponto de vista, as práticas merecem e necessitam de participação imediata das companhias privadas e também dos governos, sejam municipais, estaduais ou federal. Todo apoio somado à causa é bem vindo. Já as medidas estratégicas, acredito que, em grande parte, devem ser orquestradas por políticas públicas de médio e longo prazo, com providencial apoio do setor privado a iniciativas que podem dar base a transformações maiores e que impactem na estrutura cultural do nosso povo.

Seja lá qual for o processo de intervenção para dar sustentabilidade à nova classe média brasileira, o pensamento convergente que temos visto de várias correntes da sociedade é de que já não podemos mais aceitar apenas ações com efeito “verniz” nesta camada da população.

De acordo com os estudos de mercado, eles serão 12 milhões em 2014. Estamos falando de um tempo que chegará “depois de amanhã”, junto com a Copa do Mundo. E o que estamos fazendo no dia de hoje? Existe um dilema no universo das empresas, ao questionar se o apoio à sustentação deste segmento da sociedade deve-se dar por meio de projetos que atendam necessidades próprias, como formar mão de obra com foco no negócio, investir no relacionamento com a comunidade do entorno de suas plantas produtivas, apoiar programas paralelos de educação que tenham pontos de contato com o ensino público ou criar mecanismos de aceleração das políticas de governo?

Há mais de 16 anos criando e operando para companhias privadas projetos de responsabilidade social e de sustentabilidade, tendo atuado por quase duas décadas na rede pública de ensino, tenho particular opinião sobre o caminho a seguir em favor da consistência da chamada nova classe média: dada as dimensões continentais de nosso país e considerando que a classe média está presente por todo o território, precisamos fortalecer estratégias macro e priorizar ações locais.

Em nosso maior projeto social, com foco no desenvolvimento cidadão e cultural, operamos ações em sete diferentes regiões, com característica econômica eminentemente da classe média (com renda familiar de 1.700 reais), adequando 80% das iniciativas a diferentes realidades. Na prática, quero alertar que os projetos precisam promover a capacitação dessa pessoa para competir em pé de igualdade no mercado de trabalho.

Isso significa, inicialmente, atuar fortemente na elevação da autoestima, melhorar a educação para o trabalho e a apresentação pessoal, dar orientação financeira, oferecer cuidados com a saúde. Sem esse trabalho global com o indivíduo, a qualificação técnica acaba por impor sucessivas experiências de fracasso, pois o mercado de trabalho, cada vez mais exigente e competitivo, requer profissionais que, além das habilidades técnicas, possuam boa formação educacional, boa aparência, capacidade de comunicação e inclusão no mundo digital. Toda essa gama de qualificação resulta de formação de base que a chamada nova classe C dificilmente teve acesso.

Porém, seja patrocinada pela iniciativa privada, com seus interesses pontuais, ou pelas políticas públicas, que sempre devem ter um olhar abrangente e transformador, não podemos mais pensar em agir individualmente. Um projeto social para atender as necessidades prementes de nosso país precisa, antes de tudo, ser baseado em uma tecnologia social que permita ser replicável e adaptável, considerando as dimensões sócio-geográficas de nosso país. Afinal, é na camada da população que tem como herança a inconsistência de políticas de sustentação ao desenvolvimento de toda sorte, que “por ironia do destino” teremos de apoiar o crescimento econômico de nosso país. Por isso, salvem a nova classe média!

Heloisa Melillo é pedagoga e presidente da H.Melillo – Grupo de Articulação Social

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