Carlos Eduardo Terapins, então CEO da Even, em sua palestra na Plataforma Liderança com Valores, fala sobre como uma crise econômica colocou em risco toda uma cultura de desenvolvimento sustentável da empresa, mas que os princípios de sustentabilidade da companhia, defendidos pela liderança, acabaram vencendo.
A crise econômica de 2008 foi um dos períodos mais difíceis da vida de Terepins. Depois de vivenciar anos de crescimento na empresa que atualmente preside, a Even Construtora e Incorporadora, viu-se obrigado a cortar custos e reduzir mão de obra. A sustentabilidade, conceito que se integrava à estratégia da companhia, teve sua relevância ameaçada.
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“Naquele momento, não recorri aos incontáveis livros de autoajuda, mas sim, à terapia freudiana, que há anos vinha fazendo. Devo a ela boa parte da minha coragem para romper os padrões e desafiar os postulados: além de conseguir manter o programa de sustentabilidade, o inserimos de vez no planejamento. Todas as áreas estavam, enfim, vinculadas a ele”.
O programa foi ideia de sua esposa, confessa. Em 2007, quando a Even abriu capital e surgiram debates sobre como organizar as doações que a empresa fazia de modo não sistemático, ela sugeriu a idealização de um plano efetivo de sustentabilidade em vez de um projeto pontual. A pressão doméstica, somada a características familiares do líder, como a solidariedade e a responsabilidade social, venceu.
“Minha primeira grande influência para a sustentabilidade veio dos meus pais. Judeus que somos, temos contato desde sempre com a temática da solidariedade e da comunidade. Em nossa casa, fazia-se frente à ditadura e dedicávamos atenção especial aos excluídos. O vírus da responsabilidade social foi inoculado em mim durante a minha própria formação”.
Inserir a sustentabilidade na estratégia, porém, não foi tarefa fácil. Com um crescimento acelerado, a Even era uma empresa repleta de jovens colaboradores, ávidos por mais desenvolvimento e produção – seria possível conciliar esse empenho com as preocupações sociais e ambientais?
Embora não fosse premeditado e nem se prestasse muita atenção ao fato, já havia muitas iniciativas de sustentabilidade nos canteiros de obras da Even. Eram os mais premiados do país em aspectos de segurança e organização, por exemplo. Ao despertar para isso, Terepins certificou-se de que valeria a pena entregar a tutela da área de Sustentabilidade não ao Marketing – como era comum à época –, mas diretamente ao setor de técnica e produção, “o mais disciplinado e processual. Resultado? A coisa andou”, disse.
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Em dois anos, a Even fez o primeiro programa de levantamento de emissão de GEE por tipo de obra, a fim de mapear e entender o efeito da produção sobre o meio ambiente. Com o programa de sustentabilidade, construiu-se uma cultura na companhia, com princípios e valores sólidos, os quais se tornaram um diferencial de atração, capacitação e retenção de talentos.
“Passaram a nos enxergar de modo especial, como uma companhia de geração de valor, crescimento e solidariedade. Um contraste com o cenário em que vivemos, uma vez que o mundo nunca esteve tão carente de referências, estadistas, líderes, ideias, dignidade e contribuição positiva”.
Para o líder, os desafios futuros são finalizar a implantação do programa e o compromisso público de construir todos os prédios residenciais com o selo Aqua de sustentabilidade.
