O que é voluntariado empresarial e por que apoiar essa ação?

31 de julho de 2019

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O que é voluntariado empresarial e por que apoiar essa ação? - Ideia Sustentável

Atualmente, é muito comum que corporações incentivem e apoiem programas de voluntariado empresarial como parte de sua cultura de sustentabilidade. Mas como isso funciona e por que as instituições estão preocupadas com esses tipo de atividade?

Antes de compreender como funciona no mundo corporativo, é preciso entender o que é ser voluntário. Segundo a publicação “Como as empresas podem implementar programas de voluntariado“, elaborada em 2001 pelo Instituto Ethos, parceiro institucional da Ideia Sustentável, “do ponto de vista filosófico, ser voluntário pode significar muito mais do que dar comida a quem tem fome, tratar uma pessoa doente ou sanar suas necessidades imediatas, ainda que estas sejam iniciativas indiscutivelmente necessárias. O voluntariado é um caminho de busca de conscientização das pessoas, de mobilização de grupos sociais marginalizados na defesa dos seus direitos, de influência de políticas públicas e outras ações no campo da cidadania.”

Queda do Índice de Solidariedade do Brasil

O Brasil caiu quase 50 posições no Ranking Global de Solidariedade. Da posição número 75, o país foi para o 122° lugar, em uma lista composta por 144 países. O índice de Solidariedade é elaborado pelo relatório World Giving Index. De acordo com José Alfredo Nahas, superintendente da ONG Parceiros Voluntários, o índice de Solidariedade considera 3 indicadores: doação de dinheiro, ajuda à um estranho e realização de trabalho voluntário. Contudo, o mesmo está focado nos indivíduos, e não nas empresas.

Segundo Nahas, o Brasil caiu nos três itens, e uma das hipóteses que justifica essa queda é a crise econômica pela qual o país tem passado nos últimos anos, o que reforça uma cultura mais voltada para o individualismo em detrimento dos comportamentos solidários.

Contudo, o voluntariado empresarial encontra-se em um outro movimento.

“Recentemente, tivemos acesso à Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBOPE/2018) e, segundo o documento, a porcentagem da população brasileira que realiza uma atividade voluntária, ao longo dos três últimos anos, continua na casa dos 3,5%, entretanto, há uma evolução da frequência com que as atividades voluntárias são realizadas. Em 2016, 43,5% das pessoas que realizavam trabalho voluntário fizeram com um frequência de quatro ou mais vezes por mês. Em 2018, este percentual subiu para 48,39%. Isto significa que as pessoas que se engajaram no voluntariado estão realizando de uma forma mais organizada e comprometida. Outra informação bastante importante desta pesquisa corresponde à importância do papel das empresas no fomento ao voluntariado: 90% das pessoas que se inserem nessa causa fazem por meio de empresa ou outra instituição, o que corrobora com o papel estratégico das corporações no fomento ao voluntariado”, explica José Alfredo Nahas.

Em 2016, o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE) realizou um censo junto às empresas associadas. De acordo com a pesquisa, houve um aumento significativo dos processos de implantação dos programas de voluntariado, que passou de 57% em 2014 para 60% em 2016. Segundo o superintendente da Parceiros Voluntários, esse dado indica que “apesar no índice de solidariedade do brasileiro ter caído, o mesmo não está acontecendo com o voluntariado empresarial”.

O que é voluntariado empresarial?

De acordo com o Instituto Ethos, “voluntariado empresarial é um conjunto de ações realizadas por empresas para incentivar e apoiar o envolvimento dos seus funcionários em atividades voluntárias na comunidade”.

Esse conjunto de ações realizadas pela companhia constituem o seu Programa de Voluntariado, que geralmente é conduzido pelas áreas de Recursos Humanos ou Sustentabilidade. Entretanto, independente do departamento responsável, o voluntariado empresarial causa impactos positivos na comunidade, além do desenvolvimento de pessoas, e por isso é importante um alinhamento entre essas atividades e os objetivos da empresa na área de Responsabilidade Social.

Ao se decidir por um Programa de Voluntariado, a empresa pode ela mesma desenvolver as atividades e convidar os colaboradores para participarem ou, então, apoiar as ações já praticadas por eles. É comum, também, que os próprios funcionários se reúnam, independente do apoio da companhia, e organizem iniciativas entre si.

O Itaú Unibanco, por meio do Itaú Social, realizou um estudo sobre voluntariado empresarial. A partir de alguns critérios definidos em sua metodologia, a companhia selecionou e entrevistou 47 empresas nacionais e mundiais dos mais diferentes segmentos.

Entre as causas de voluntariado mais apoiadas e incentivadas, de acordo com o estudo do Itaú Social, destacam-se:

Fonte: Estudo sobre Voluntariado Corporativo Empresarial no Mundo, Itaú Social

Ainda segundo o estudo, a maioria das ações dos Programas de Voluntariado refletem a cultura da empresa e estão relacionadas com o seu negócio. “As áreas focais de atuação voluntária das empresas (mostradas no gráfico acima) permanecem bastante similares às de pesquisas realizadas em anos anteriores e continuam se conectando, cada vez um pouco mais, com os negócios das empresas. Esta narrativa, que quinze anos atrás quase não se mencionava, agora está sendo aceita mais naturalmente e parece estar vindo do discurso da governança”.

Ao apoiar o voluntariado empresarial, principalmente quando é relacionado ao negócio e à sua cadeia de valor, não só a comunidade se beneficia, mas a própria companhia, que desenvolve e capacita seus funcionários e investe no mercado em que atua.

Exemplos de voluntariado empresarial

Cada vez mais as empresas têm apoiado as ações de voluntariado empresarial, e muitas delas desenvolveram o seu próprio Programa de Voluntariado, que geralmente conta com grande adesão dos colaboradores. Confira alguns exemplos de empresas que aderiram a diferentes tipos de voluntariado empresarial:

Telefônica Vivo

Desde 2005, o Grupo Telefônica incentiva a participação de seus colaboradores em ações voluntárias presenciais ou à distância, em diversas áreas. De acordo com a companhia, as iniciativas já fazem parte de sua cultura empresarial.

Além das iniciativas do Grupo, a companhia ainda conta com a Fundação Telefônica Vivo, entidade comprometida com a mobilização social transformadora. Em 2018, a Fundação recebeu o Prêmio Viva Voluntário, promovido pelo Governo Federal para reconhecer a atuação de pessoas e entidades responsáveis por ações de voluntariado de impacto. Na ocasião, a Fundação recebeu o reconhecimento na categoria Voluntariado Empresarial, devido à sua capacidade de promover e articular o engajamento em suas ações.

“Nosso desejo é construir uma rede cada vez maior de pessoas engajadas socialmente, movidas pelo sentimento colaborativo e apaixonado de fazer o bem. E a conquista desse prêmio reforça que estamos no caminho certo”, afirma Americo Mattar, diretor presidente da Fundação Telefônica Vivo, sobre a premiação.

Americo esteve presente na edição de 2019 do Líder 2030 Talks, um dos encontros anuais da Plataforma Liderança com Valores, representando a companhia em suas atividades de inovação educativa.

Cervejaria Ambev

O VOA, programa de voluntariado da Cervejaria Ambev, incentiva a mentoria voluntária dos colaboradores da companhia a ONGs brasileiras selecionadas pelo programa. Os funcionários prestam assistência em gestão e nas mais variadas áreas de atuação, presencialmente ou à distância, para ajudar no desenvolvimento das ONGs e no aumento do impacto que causam na sociedade.

Por meio do Programa VOA, as ONGS participantes, além da mentoria voluntária de profissionais e especialistas, recebem um curso de gestão de negócios, que aborda temas como orçamento, gerenciamento de projetos, elaboração de metas e planos de carreira.

Os voluntários tornam-se padrinhos dessas ONGs e acompanham sua evolução durante todo o programa. Mais de 400 funcionários da Ambev se candidataram em 2019.

Saiba mais: Programa VOA, da AmBev, ajuda ONGs a aumentarem o seu impacto

O Programa VOA foi um dos cases selecionados para compor o Líder 2030 Talks – Negócios com Causas, realizado em 26 de junho de 2019 em São Paulo/SP.

Itaú Unibanco

O Itaú Unibanco promove o voluntariado empresarial principalmente por meio do apoio às iniciativas de seus colaboradores. O banco acredita que o estímulo ao voluntariado de seus funcionários irá contribuir para uma maior mobilização social do país.

Assim, o objetivo da Rede de Ações Sociais Itaú, Programa de Voluntariado da companhia, é criar condições que favoreçam a atuação social de seus colaboradores, oferecendo oportunidades de participação social e incentivando a prática voluntária.

Os funcionários do Itaú Unibanco interessados em ações de voluntariado podem procurar a assessoria do Itaú Social para viabilizar suas propostas. A empresa oferece oportunidades estruturadas pelo Itaú Social, como mediação de leitura e educação financeira, e incentiva os colaboradores a propor atuações espontaneamente em diferentes temáticas.

C&A

Por meio do Instituto C&A, a companhia promove inúmeras ações de voluntariado empresarial. O Programa Voluntariado Instituto C&A acontece desde 1991, e seu objetivo é promover a ação voluntária de seus colaboradores nas comunidades em que a companhia atua.

O programa está presente em todo o Brasil, nas cidades onde existe uma unidade da C&A. Cerca de 25% dos associados de lojas e centros de distribuição participam das ações de voluntariado. São estabelecidas parcerias com organizações locais da sociedade civil ou comunitárias, que atuam com educação de crianças ou no campo da moda, em diferentes frentes. Nas atividades realizadas com o setor de moda, área de negócios da empresa, o Instituto promove ações para ampliação de renda e desenvolvimento de mulheres empreendedoras, contribuindo para a equidade de gênero, além da melhoria na cadeia produtiva do setor.

Leia também: Instituto C&A promove ações contra trabalho infantil na indústria da moda

Por que apoiar essas iniciativas?

Segundo o manual do Instituto Ethos, “o voluntariado é uma das portas de entrada para o desenvolvimento da responsabilidade social das empresas”, o que traz ganhos concretos para a empresa, para os funcionários participantes e para a comunidade. De forma resumida, seguem abaixo os principais benefícios gerados pelo voluntariado empresarial.

As práticas de voluntariado empresarial, ainda, por serem efetuadas por profissionais atuantes no mercado e especializados nas mais diferentes áreas, contribuem com a economia do país ao estimular, por exemplo, o empreendedorismo e o desenvolvimento de comunidades, e também por atuar nos campos de educação, cultura, saúde, infraestrutura e outros setores.

Benefícios do voluntariado empresarial

Citando dados de diferentes estudos, José Alfredo Nahas aponta os principais impactos causados pelo voluntariado nas corporações que o estimulam:

Como implantar o voluntariado em uma empresa?

“A implantação de um Programa de Voluntariado é uma experiência muito particular e deve estar alinhada às diretrizes da empresa. As bases do programa e suas ações devem atender às expectativas de seus colaboradores, das organizações beneficiadas e da comunidade onde se realizará a atividade”, afirma José Alfredo. Além disso, é importante entender, segundo ele, que cada empresa tem suas particularidades, culturas organizacionais e expectativas.

Como primeiro passo para uma corporação que deseja iniciar um programa de voluntariado empresarial, Nahas recomenda que se faça uma pesquisa junto aos colaboradores, com o objetivo de analisar suas intenções e causas de interesse, além de mapear as ações já realizadas.

Para José Alfredo Nahas, comunicar as ações é muito importante para engajar os colaboradores: “Sempre que falamos em desenvolver um Programa de Voluntariado Empresarial, estabelecermos um processo eficaz de comunicação é um fator crítico de sucesso, uma vez que ele possibilitará engajarmos o maior número de pessoas e lideranças. Um colaborador só participará de forma efetiva em uma ação de voluntariado quando a mesma fizer sentido para ele e gerar algum valor”.

Geralmente, os programas de voluntariados têm mais possibilidade de sucesso quando alocados nas áreas de Recursos Humanos, Sustentabilidade e Marketing/Comunicação, de forma concomitante. Entretanto, para Nahas, “mais importante do que definirmos as áreas onde as iniciativas devem iniciar é definirmos as pessoas certas e com as competências necessárias para liderarem este processo. É preciso contar com pessoas comprometidas com a causa, independente do departamento no qual atuam dentro da empresa”.

Como uma dica de leitura, indicamos esse artigo de Ricardo Voltolini, CEO da Ideia Sustentável: Voluntariado sim, mas com profissionalismo e amor à camisa

Saiba como conceber ou remodelar iniciativas de voluntariado corporativo na sua empresa.

Escrito por Marcos Cardinalli

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