Mais do que uma questão de equidade, uma questão de matemática

Os benefícios do empoderamento feminino para a carreira e a vida das mulheres e seus benefícios para as empresas

Na posição de diretora geral de uma empresa como o PayPal, que tem a tecnologia em seu DNA, Paula Paschoal acredita que o modo mais fácil (ou menos difícil) de reduzir o gigantesco gap que ainda existe entre homens e mulheres, em termos de participação no mercado de trabalho, salário, oportunidades de desenvolvimento e crescimento profissional, é por meio do incentivo às meninas, desde pequenas, para que sigam carreiras de STEM (siga em inglês para Science, Technology, Engineering and Mathematics).

“Temos de aproveitar o fato de que vivemos em um mundo no qual o termo ‘empoderamento feminino’ está finalmente na moda para fazer ainda mais, trabalhar dia e noite pela igualdade no campo das ciências exatas. Isso porque países como o nosso só terão chance de atingir patamares mais elevados de renda e PIB se investirem em tecnologia e inovação, e as mulheres brasileiras são, já há muito tempo, mais bem preparadas do que os homens nesses temas, segundo o IBGE”

Na liderança de uma empresa que já chegou a crescer 10% por dia, Paula passou a refletir cada vez mais sobre meu papel no mundo e o legado que poderia deixar no mundo. Ao analisar criticamente o cenário do mercado, constatou a falta de incentivo às mulheres interessadas em seguir carreira executiva, por causa do mito da inalcançável harmonização entre vida pessoal feliz e trajetória profissional de sucesso.

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E é ao objetivo de superar esse paradigma e servir como exemplo que a executiva dedica parte do meu tempo fora do escritório, ministrando palestras e compartilhando sua experiência com outras mulheres.

“Quero mostrar que é possível, sim, conciliar vida pessoal e profissional. Além de ir às faculdades, participo de programas do terceiro setor alinhados ao meu propósito. Sempre imaginei não ter tido privilégios e que o próprio crescimento se devesse apenas ao esforço, ao foco em chegar onde desejava. Só quando passei a conviver com pessoas que não tiveram oportunidades é que comecei a entender o quanto minha situação era ‘privilegiada’ em comparação à de tantas mulheres que mal tiveram chances de disputar uma vaga em igualdade de condições com candidatos minimamente preparados”

E complementa: “Tenho me esforçado em entender como é possível levar às mulheres oportunidades semelhantes às que eu tive. Considero essa ação fundamental para a minha carreira, pois é o legado que quero deixar.”

Internamente, o PayPal pode ser considerado uma exceção do mercado, pois 54% dos cargos de liderança no Brasil estão nas mãos de executivas e, desde 2016, homens e mulheres que desempenham as mesmas funções recebem o mesmo salário. Mas a companhia não se limita aos desafios de gênero, e sim, acredita que, quanto mais diversificado for o time, melhores serão os resultados, razão pela qual incentiva também a diversidade racial, cultural e de orientação sexual, entre muitas outras, na hora de contratar novos funcionários/colaboradores.

Entre várias iniciativas, o PayPal promove o Girls in Tech, iniciativa implantada em resposta ao fato histórico de que mulheres não são devidamente apresentadas às ciências exatas na mesma proporção dos homens O programa nasceu nos Estados Unidos, em 2015, e agora já tem iniciativas-irmãs em diversos países onde a companhia mantém escritório, como Singapura e Índia. Ele reúne meninas de 8 a 14 anos durante duas semanas nos laboratórios da empresa, onde elas aprendem conceitos de programação e os colocam em prática, monitoradas por especialistas do PayPal.

“Sou uma porta-voz da causa, onde quer que eu vá. Não admito que uma mulher seja interrompida quando está falando em uma reunião na qual estou presente, por exemplo. Acho profundamente desrespeitoso. E, sempre que posso, participo de eventos voltados a essa causa tão urgente no país. Porque não é questão apenas de equidade, mas de matemática. Empresas com mulheres na liderança têm resultados melhores. Empresas que investem em políticas de igualdade de gênero e diversidade apresentam melhores resultados, inclusive na sua rentabilidade”

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