Os ativos financeiros globais são suficientes para atender as necessidades de financiamento da Agenda Global de Desenvolvimento para 2030. Essa afirmação não é minha, mas do Fórum Econômico Mundial no documento Financiamento para os ODS. Então, o que falta para agirmos com efetividade? Afinal, a contagem regressiva dos 10 anos começou e ainda há muito a caminhar.
Esse é um cenário, como tantos outros, bastante complexo, pois se trata de uma transição para um capitalismo ético. E o surgimento de novas relações depende de novos acordos e agendas positivas para aproximar os setores público e privado, com foco em solução e transformação. Porque, neste momento, um depende intrinsecamente do outro para a construção do futuro melhor, propalado nos ODS.
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Assim, surgem iniciativas para direcionar mais fundos privados para os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como o Juncker Plan, plano de investimento da União Europeia que busca facilitar os investimentos éticos. Já a organização dos Princípios Financeiros Combinados da OCDE/CAD (Comitê de Ajuda ao Desenvolvimento) incentiva empréstimos destinados a soluções para os ODS, a partir de um checklist de padrões a seguir e do impacto desejado. Entre tantos outros projetos.
As Nações Unidas estimam que o financiamento anual necessário para se atingir as metas dos ODS varia entre US$ 5 e 7 trilhões. O alento é que há uma efervescência de capital disponível. No mercado de financiamentos corporativos, por exemplo, os empréstimos globais ligados à questão de sustentabilidade cresceram de US$ 5 bilhões, em 2017, para quase US$ 40 bilhões em 2018 – dados do Environmental Finance. E os relatórios de bancos sinalizam o momento ótimo para qualquer empresa que deseja pautar suas ações em soluções para os ODS. Há financiamento disponível porque, nesse redesenho de papéis de quem controla o capital, os bancos também enxergam a oportunidade de agir a partir de uma visão de longo prazo e de contribuir com o compromisso global de um futuro mais digno.
No mercado dos investimentos sustentáveis, é também positivo o apoio a quem se volta para solucionar gaps estruturantes. Na semana dedicada ao tema, em Nova York, no final de 2019, quem participou recebeu o desafio de pensar como mobilizar, neste ano de 2020, US$ 10 trilhões para um mundo mais inclusivo e sustentável. Atualmente, 1/3 dos ativos administrados globalmente – US$ 30, 7 trilhões – se destinam às finanças sustentáveis e já estão sob a gestão de firmas mainstream, o que, segundo especialistas, tende a se tornar o novo normal do mercado de capitas.
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De acordo com a Aliança Global de Investimentos Sustentáveis (GSIA), essa escolha – que engloba os investimentos de impacto e ESG – cresceu 34% em todo o mundo, desde 2016. Podendo chegar este ano a US$ 40 trilhões. Mas há algumas barreiras a superar. Falta de clareza sobre métricas, mensuração de sucesso e taxonomia. E confiança para mudar a chave do “Tão bom para ser verdade” – o que só é possível com a comprovação de excelentes performances financeiras, visão sistêmica ao definir metas e prestação transparente de contas.
Nesse caminho de mais clareza sobre o que esperar dos investimentos transformacionais, as gigantes Black Rock e UBS se uniram ao Instituto Internacional de Finanças (IIF) e lançaram uma taxonomia sobre o que seria investir com sustentabilidade. Porque sabem que a incorporação ao mainstream de forma orgânica depende de um framework durável, que ajude aos hoje donos de grandes fortunas – riqueza global avaliada em US$ 300 trilhões – a alinhar os investimentos disponíveis com as novas necessidades globais para um mundo mais seguro, saudável e digno para todos. O IIF reúne 450 das maiores seguradoras e gestoras de ativos do mundo e se conseguir construir credibilidade, a partir dessa iniciativa, para financiar a transição necessária para os ODS será um grande passo nesse primeiro ano de contagem regressiva.
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