Ações que transformam

Desafios socioambientais deixam a agenda de governos e da sociedade civil e passam a ser vistos como oportunidades de negócio

Gestora de private equity – modalidade de investimento em que, resumidamente, uma empresa que administra investimentos compra parte de determinado negócio para se tornar sócia, valorizar suas operações e lucrar com sua venda após contribuir com seu desenvolvimento – a EB Capital tem como premissa não só identificar organizações com bom potencial de crescimento, mas cujos produtos e serviços representem soluções para gaps estruturantes e desafios socioambientais do Brasil.

“A história do fundador da Bridges Ventures, Sir Ronald Cohen, é muito inspiradora para mim. Ele é basicamente o criador do private equity na Inglaterra. Tinha o sonho de ajudar empresas em crescimento a alcançar um impacto positivo maior e, em um dado momento, se deu conta de algo importante: os grandes problemas da sociedade moderna não serão resolvidos apenas com esforços do governo ou com a filantropia. Seria necessário usar o capitalismo como instrumento para a resolução desses desafios”

Luciana Antonini, sócia fundadora da EB Capital, em entrevista para o próximo livro do consultor Ricardo Voltolini, O Poder da Liderança com Valores

Influenciada pelos valores do Grupo RBS, conglomerado de mídia brasileiro com atuação na região sul, onde trabalhou por mais de 15 anos, Luciana almejava construir no mundo dos investimentos uma atuação com importância similar ao que a mídia exerce na democracia e na agenda de pautas da sociedade.

“Se nós – sociedade, empresários e investidores – não entendermos que também é parte da nossa missão ajudar na construção de soluções para o Brasil, vamos continuar como estamos hoje: esperando reformas, esperando iniciativas do governo, esperando mudanças de comportamento. Precisamos assumir o nosso papel!”

Essa conscientização não se deu em um insight ou num “estalo”, mas em um processo. Ela conta, por exemplo, quando se deparou com o case de um negócio voltado ao tema da educação na África, em que se cobrava US$ 1 para a formação de cada criança e, concomitantemente, elas eram acompanhadas para a avaliação das melhorias de condições de suas famílias; ou seja, analisavam-se os impactos positivos do ensino não só nos pequenos estudantes, mas no seu entorno. A história foi uma das inspirações para Luciana e seus sócios idealizarem a EB Capital.

Saneamento, água, educação, saúde e conectividade são, portanto, além de desafios socioambientais brasileiros, temas de negócios. Por isso, segundo Luciana, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU consistem em um excelente panorama de ideias para empreendedores, pois apresentam desde oportunidades mais “básicas”, como energia limpa e mobilidade urbana, a outras menos óbvias, como o combate à obesidade infantil, no ODS 3. Como um negócio pode impactar positivamente nesse tema? Empresas de private equity com preocupações socioambientais, como a EB Capital, estão à procura dessas ideias.

“É interessante observar como o que, antes, era discutido como tese foi se tornando, pouco a pouco, realidade. A construção de novos mercados é capaz, sim, de garantir uma prosperidade sustentável. Agora, o próximo passo importante será a mensuração das externalidades positivas e negativas dos negócios que apoiamos”, prevê Luciana. “Nosso objetivo é que, em 20 anos, considerando nossa capacidade relevante, mas limitada de atuação, possamos ver vários temas dos ODS endereçados e dizer, com orgulho, que contribuímos com essas soluções. O mundo está passando por um momento de transformação rápida. Em última análise, o que está sendo discutido é como todos os atores da sociedade participam dessa transformação”, afirma.

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