À medida que o aquecimento global “dá as caras” e eventos climáticos extremos começam a se tornar rotina, os problemas só se agravam nas metrópoles. Caso de São Paulo, que – entre 31 de maio e 2 de junho de 2011 – irá sediar a Cúpula de Prefeitos da Rede C-40. O grupo reúne grandes cidades para trocar experiências bem-sucedidas e trabalhar sua influência junto a governos nacionais na adoção de medidas de combate às mudanças climáticas.
Em conversa com a repórter Cristina Tavelin, Simon Reddy, diretor executivo do C-40, fala sobre a importância da realização do encontro pela primeira vez na América Latina e a necessidade de mais diálogo entre os setores da sociedade para o enfrentamento desses novos desafios cotidianos.
Ideia Sustentável – Qual a sua expectativa sobre a discussão e os resultados da Cúpula de Prefeitos em São Paulo?
Simon Reddy – O C-40 representa um pequeno grupo de metrópoles, mas a ideia não é ser exclusivo – nos reunimos para fazer as coisas acontecerem em nossas cidades, porém queremos que as informações compartilhadas estejam disponíveis a todos. Dessa forma, agimos como catalisadores para a mudança. Os governos nacionais agora estão reconhecendo o enorme papel das cidades no enfrentamento das mudanças climáticas – mais de 75% das emissões de gases de efeito estufa vem delas e, portanto, cortar suas emissões é algo crucial. A importância da realização desse evento na América Latina está na oportunidade de comunicar essa ideia aqui no Brasil e em toda a região.
IS – Qual o papel dos negócios na transição para uma economia de baixo carbono e como o setor pode auxiliar governos locais nesse processo?
Reddy – O setor privado tem um papel fundamental na mudança, pois produz bens e serviços que, em muitos casos, são necessários para frear as emissões de CO2. Muitas das tecnologias que o C-40 está começando a utilizar já estão no mercado, como sistemas integrados de gestão de resíduos e biodigestores. Então é importante que o setor una-se às administrações das cidades para trabalhar no sentido de encontrar soluções, desenvolver produtos, e assegurar que estes cheguem ao seu destino.
De outro lado, instituições financeiras, por exemplo, precisam entender a importância das cidades como players e reconhecer as suas oportunidades potenciais para investimentos, assim como as cidades também devem perceber a necessidade de mostrar essas oportunidades de uma forma atrativa para os negócios. Portanto, os dois setores devem estabelecer um diálogo mais próximo, além de buscar maneiras de assegurar bens, produtos e serviços para reduzir as emissões de CO2 e gerar ganhos a partir deles.
IS – Além da área de transportes, quais outras enfrentarão sérios desafios nos próximos anos com as mudanças climáticas? Poderia mencionar alguma cidade que esteja à frente em termos de inovação?
Reddy – Todas as grandes áreas são críticas e têm um papel importante, mas questões como eficiência energética em edifícios e comunicação com o público estarão em voga. Em relação à eficiência, o que é bom para o ambiente também é bom para economia, e vice-versa – quanto menos energia for usada nos edifícios, menos se paga na conta. A realidade é que estamos perdendo quantidades enormes de energia e, consequentemente, de dinheiro.
É difícil falar de quem está à frente e quem não está, porque as cidades são muito diferentes. Há algumas menores, como Estocolmo ou Copenhague, que têm investido há anos em infraestrutura e em áreas-chave para a redução de gases de efeito estufa, convertendo seus sistemas de energia e mantendo programas de redução de emissões de veículos, processos de biogás, iniciativas em eficiência energética. Portanto, é difícil compará-las a grandes cidades, onde há muito mais problemas. O que precisamos fazer é trocar informações, idéias, sucessos e derrotas para evoluirmos em conjunto.
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