Palestra de Ricardo Voltolini reúne 700 empresários em Cuiabá

Palestra de Ricardo Voltolini reúne 700 empresários em Cuiabá

“Esta é uma construção que se faz tijolo a tijolo. Não sei se o que a gente está construindo aqui será uma catedral ou uma capelinha, o que eu sei é que a gente já começou a rezar nela”. Com essas considerações, o jornalista especializado em sustentabilidade Ricardo Voltolini encerrou a palestra Liderança Sustentável – Boas Ideias para sua empresa crescer, organizada pelo Sebrae em Mato Grosso na noite de terça-feira, 06 de março, no Centro de Eventos do Pantanal.

O público que lotou os dois auditórios – houve transmissão simultânea – pode ouvir através de Voltolini experiências de grandes líderes empresariais cuja atuação pautada na sustentabilidade faz a diferença dos empreendimentos que conduzem, bem como conhecer de perto as iniciativas dos grupos Votorantin e Walmart. Dividiram a cena com Voltolini a gerente de Relacionamento Corporativo do Instituto Votorantin Maria Helena Zucchi Calado e Felipe Zacari Antunes, gerente de Sustentabilidade da rede de supermercados Walmart.

Atuando nesse segmento há 14 anos, Voltolini disse que sustentabilidade é um assunto para grandes líderes, independente do tamanho da empresa. “Muito mais do que investimento, estamos falando de atitude”, destaca, apontando sete passos para adotar essa postura: sair da inércia, tomar uma atitude, identificar os impactos socioambientais do negócio, reduzir e eliminar esses impactos, priorizar, educar os públicos da empresa e comunicar o valor desse trabalho para a sociedade.

Voltolini apresentou o trabalho de grandes líderes como Guilherme Leal (Natura), Fábio Barbosa (que foi o Banco Real e hoje é do grupo Abril), Franklin Felder, da mineradora Alcoa, Héctor Núñez, que atuou no Grupo Walmart, Kees Kruythoff, da Unilever nos EUA, Luiz Ernesto Gemignani, da Promon, Paulo Nigro (Tetra Pak), José Luciano Penido, da Fibria, todos citados em seu livro Conversas com Líderes Sustentáveis, que gerou a Plataforma Liderança Sustentável mobilizando esses e outros empresários em todo o país.

Ele disse que detectou entre esses empresários e empresas cinco pontos comuns: a existência de um grande líder apaixonado pelo tema sustentabilidade e que ocupa o cargo de presidente da empresa; uma visão de oportunidade e não só uma noção de risco; a inserção dos valores na estratégia do negócio; educação das partes interessadas; preocupação em comunicar o que estão fazendo (“eu disse comunicar, e não fazer propaganda”, ressalta).

“Esses líderes”, disse, “se distinguem em cinco itens. Eles acreditam de verdade nos valores estruturantes do conceito de sustentabilidade, os quais são ética, transparência, diversidade, respeito ao outro, cuidado com o meio ambiente”, aponta. Acrescenta que encampar a sustentabilidade é possível em empresas de qualquer tamanho e citou os exemplos da rede de restaurantes que em 2009 implantou o projeto Spoleto 21.

“A simples troca de fogão a gás por elétrico zerou o consumo de gás, reduziu a necessidade de limpeza, o consumo de água e material, diminuindo custos”, conta. Outro caso de pequena empresa citado por ele é o da Drywash, empresa de lavagem de carro a seco criada por Lito Rodriguez em 1994 e completamente revolucionária, tanto que enfrentou muitas dificuldades para implementar o negócio. Ao invés dos 350 litros de água, utilizados em uma lavagem de carro convencional, são usados apenas 200 ml e resultado é tão ou mais eficiente. “350 litros de água é a quantidade que uma família de 5 pessoas na África usa por um mês e nós gastamos aqui lavando um único carro”, constata.

Maria Helena Zucchi Calado disse que qualquer empresa impacta o ambiente de forma positiva e negativa e que encontrar o equilíbrio é um desafio. Ela é gerente do Instituto Votorantin, criado há 10 anos para fazer da vida comunitária um ambiente propício para o desenvolvimento do próprio negócio.

Segundo ela, um dos princípios da sustentabilidade no Grupo Votoratin é que o discurso não pode ser diferente da prática. Ela citou várias ações desenvolvidas pelo Instituto, tais como programas para público jovem, incentivo às cadeias produtivas locais, promoção do diálogo social, apoio à qualificação das organizações sociais. Maria Helena é categórica em dizer que “ganhar dinheiro e fazer a coisa certa é possível”.

Para Felipe Zacari, não dá para dissociar sustentabilidade de educação. Por isso, o programa Sustentabilidade 360º, desenvolvido pelo Walmart, engloba operações, funcionários, fornecedores, comunidade e sociedade.

“Nossas metas globais estão relacionadas a clima e energia, resíduos, produtos, comunidade e pessoas, lojas ecoeficientes e programa impacto zero”, comenta. Segundo ele, 48% dos resídudos gerados nas 520 lojas do Walmart no Brasil, localizadas em 18 estados mais Distrito Federal, são destinadas a aterro sanitário e os outros 52% são reaproveitados em estações de compostagem ou reciclados. Todos os pontos de venda brasileiros têm ponto de recolhimento de pilhas, baterias e celulares, e em 140 delas são recolhidas lâmpadas fluorescentes.

O grupo tem ainda 246 pontos para recolher resíduos. A empresa tem 9.700 unidades em 28 países e 2.1 milhões de funcionários atendendo 200 milhões de clientes por semana. O tema chamou atenção de um grande público. Empresários de vários segmentos compareceram e, ao final da palestra, fizeram questionamentos aos palestrantes.

O consultor sênior do Programa Ali em Mato Grosso, Carlos Alberto Wolff se mostrou preocupado em como estimular o pequeno empresário a incluir sustentabilidade e inovação em seu negócio, especialmente quando ele está mais focado na sobrevivência. Voltolini disse que a sustentabilidade é considerada uma fronteira para a inovação. “Quando a gente fala em sustentabilidade, estamos pensando em perpetualidade do negócio e tem empresas que estão focadas na sobrevivência. Isso é normal”.

O jornalista Jairo Alberto Sant’Ana, da Coxipó Editora e Assessoria ressaltou que sustentabilidade é possível em empresa de qualquer tamanho e que não é preciso grandes ações, movimentos ou investimentos. “Basta começar com pequenas coisas e continuar sempre avançando para atingir bons resultados inclusive financeiros para a empresa, através da redução de custos e implantação de processos mais eficientes”, conclui.­

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