O eterno retorno

O eterno retorno

Embalagens, pneus, pilhas. Esses e outros materiais, que antes eram somados às toneladas de lixo geradas todos os anos, agora têm seus processos de descarte na mira de sociedade civil e governos – porém, ainda existem muitas questões a serem debatidas quanto à destinação correta e possibilidades de otimização desses resíduos. Dentro desse cenário, a logística reversa é um tema que ganha força e gera dúvidas na mesma proporção.
Para debater o assunto junto a diversos setores, o Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em parceria com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), realizou, na última quinta-feira (23/09), a 2ª Oficina de Esclarecimento sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos.  O evento teve a apresentação dos principais pontos da Lei 12.305/2010, além de modelos de logística reversa já implementados ou em processo de implementação.
Juliana Wernek, representante do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (Inpev), tratou da gestão de embalagens de agrotóxicos no Brasil. O País é pioneiro no desenvolvimento de uma regulamentação específica para esse tipo de embalagem e tem levado sua expertise para outras nações – cerca de 30 países já possuem programas nos moldes do brasileiro, porém enfrentam dilemas com a falta de parâmetro.
“Vemos a dificuldade de implementação desse tipo de programa nos países sem legislação especifica. Na América Latina, quase todos seguem o mesmo molde – o agricultor devolve, o distribuidor recebe e a indústria dá a destinação final. Mas existem locais que só recebem as embalagens plásticas, poucos recebem todos os tipos”, destacou Juliana.
Outro ponto forte do programa é a educação. Para conscientizar trabalhadores do campo – 92% deles conhecem a lei -, entre outros agentes inseridos na distribuição e uso dessas embalagens, o Inpev trabalhou em parceria com o governo federal para a formulação de um material educativo e desenvolveu cerca de 400 unidades de recebimento de pós-uso, cogeridas por empresas e associações. Atualmente, 80% das embalagens comercializadas já são recicladas, evitando a emissão de 164 mil toneladas de carbono por ano.
A indústria de óleos lubrificantes apresentou o programa Jogue Limpo, também voltado à reciclagem de embalagens – 60% do produto distribuído no País é comercializado dessa maneira, enquanto o restante é vendido diretamente de bombas de combustível, entre outras formas. O portal da iniciativa mantém um ambiente operacional para que agentes envolvidos na logística reversa tenham acesso a dados sobre postos de coleta, detalhes do processo e quantidade de materiais devolvidos.
Em relação ao descarte de pilhas e baterias, destacou-se a necessidade de uma discussão mais ampla sobre a legislação para destinação desses materiais, levando-se em conta características como a grande quantidade de produtos ilegais que entram no País.
Em coleta e reciclagem de pneus, foi apresentado o programa Reciclanip, modelo derivado de iniciativas européias que incluem uma taxa na troca de cada pneu. No Brasil, a ação difere no que diz respeito ao pagamento desse custo – aqui, ele fica a cargo dos fabricantes, enquanto lá fora é repassado ao consumidor.
Para coleta do material, foram criados 469 postos por meio de uma parceria entre os setores público e privado. Os pneus recolhidos são transformados em combustível ou numa espécie granulado, utilizado na constituição de pisos, asfalto e nas áreas de construção civil e siderurgia.
Confira mais informações sobre os temas discutidos no evento

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