Perseverança foi o que não faltou à repórter Marília Arantes, em sua longa jornada para entrevistar Richard Branson, o lendário fundador e presidente do grupo britânico Virgin. Foram quase três meses convencendo assessores, driblando negativas e cercando Sir Branson por todos os lados. Sem tempo na agenda para uma entrevista telefônica – porém, reconhecendo os esforços da intrépida repórter –, simpaticamente ele se propôs a responder, de próprio punho, por e-mail, à entrevista que você confere na seção Pérolas Finas.

Persistir também é o que têm feito as empresas ouvidas para a primeira Reportagem Especial da edição, que acreditam nos investimentos socioambientalmente responsáveis como forma de transformar um sistema econômico que há muito sabemos absolutamente insustentável, embora ainda nos debatamos com o senso de urgência em transformá-lo. Obviamente, lucro é objetivo. Mas atingi-lo significa encarar dificuldades, como ampliar escala, inovar, testar novos produtos – e pacientemente, esperar os resultados. Quem o faz, no entanto, com persistência, já colhe frutos maduros na economia verde.

E o que dizer aos departamentos de Recursos Humanos, atônitos com a velocidade das mudanças para inserir a sustentabilidade no cotidiano das organizações e, ao mesmo tempo, encontrar profissionais preparados para a tarefa? Perseverança é a resposta de especialistas e articulistas envolvidos com a produção da segunda Reportagem Especial de IS 31.

Para a Entrevista Especial, escolhemos um bravo e dedicado intelectual, que não desiste de entender a relação entre as redes digitais e a sustentabilidade. Cientista social, fundador e coordenador do ATOPOS, o Centro de Pesquisa em Comunicação Digital da Escola de Comunicação e Artes da USP, Massimo Di Felice dá um show de persistência ao lançar um projeto que pretende reunir diversos atores sociais, em rede, para compartilhar conhecimentos e inovar rumo à sustentabilidade.

Bom, e o que dizer, ainda, dos líderes empresariais integrantes da Plataforma Liderança Sustentável, cujo esforço em envolver e educar novas lideranças para o tema tornou-se também objeto de um Dossiê – o segundo da edição, que já conta com o Dossiê Verde, preparado pela FBDS (Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável)? Sem dúvida, os presidentes de corporações como AES Brasil, BASF, Braskem, HP, IBM, Masisa, Natura, PepsiCo, Sebrae  e Whirlpool representam, hoje, um símbolo de resistência numa caminhada em que nem tudo são flores, mas, quando plantadas, florescem e “perfumam” o ambiente corporativo, com iniciativas consistentes de educação para um futuro mais sustentável dentro das organizações.

E já que estamos falando de liderança e sustentabilidade, recorro a um outro grande líder, sobretudo dos direitos humanos – tema igualmente indispensável à pavimentação de um caminho mais sustentável para as empresas e o planeta. D. Hélder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife e um dos fundadores da CNBB, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, disse, certa vez: “É graça divina começar bem. Graça maior é persistir na caminhada. Mas a graça das graças é não desistir nunca.”

É isso. Boa leitura!

E MAIS:

Rei Midas: Ele tem cara de roqueiro maluco, já fez pontas em filmes de James Bond, apareceu nu na capa de uma revista, costuma atravessar oceanos de balão e fundou mais de 400 empresas. Tudo que Richard Branson toca parece virar ouro nas mãos do fundador do Grupo Virgin, um dos homens mais ricos da Inglaterra. Hoje, ele dedica a maior parte do tempo apoiando – com dinheiro e expertise – o que chama de “causas do bem”. Sir Branson respondeu pessoalmente, por e-mail, à entrevista exclusiva publicada na seção Pérolas Finas.

Gente boa: O consultor internacional Martin Bernard é o típico “gente boa”. E o sotaque deste belga de nascimento deixou ainda mais simpática a sua reação ao receber a encomenda do artigo que complementa a Reportagem Especial sobre Recursos Humanos e sustentabilidade. A alegria dele, posso garantir, é diretamente proporcional à relevância de suas opiniões para uma reflexão crítica do leitor sobre o tema. Valeu, Martin!

Viva a diversidade: O sotaque – neste caso italiano! – também garantiu charme à Entrevista Especial, com o professor Massimo Di Felice. Já o destaquei no texto acima, porém faço, aqui, uma recomendação expressa à leitura das págs. 62 a 69. Longe de mim legislar em causa própria, já que tive o prazer de ouvi-lo, ao vivo, por quase duas horas. Mas pelo fato de que as ideias deste brilhante intelectual sobre redes sociais e sustentabilidade são mesmo o máximo (com o perdão do trocadilho)!

Valores em conexão: Entre os 20 presidentes de grandes empresas integrantes da Plataforma Liderança Sustentável, Rodrigo Kede é o mais jovem. Com apenas 43 anos de idade, assumiu a presidência da IBM Brasil há 8 meses. Autêntico representante de uma nova geração de lideranças que acredita na conexão de pessoas ao trabalho em função de seus valores, Kede faz uma contribuição preciosa à reflexão sobre o tema no artigo produzido com exclusividade para a seção Liderança Sustentável.

Cláudia Piche é diretora de Conteúdos da consultoria Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade e editora desta revista.