Carta ao leitor – Panta rei ou “tudo flui, nada persiste”
“Nada é permanente, salvo a mudança” ou “quem fica parado é poste”. Qualquer uma dessas expressões – seja a criada pelo filósofo pré-socrático Heráclito, seja a de domínio popular – expressa bem o que o leitor verá nesta edição.
A mudança começa pelo nome. Para quem nasceu Ideia Social (2005) e, na adolescência (2008), aceitou ser Ideia Socioambiental, chamar-se a partir de agora Ideia Sustentável é um passo coerente com a própria evolução do conceito de sustentabilidade – assunto central de nossas matérias, entrevistas e artigos. O núcleo “ideia” segue rijo e intacto.
O seu “complemento” é que mudou de acordo com as mudanças no mundo e nas ideias que movem o mundo. Lembrando o bom e velho Maquiavel, a última mudança de 2008 já “anunciava”, na verdade, o caminho para a mudança de agora. Mas é preciso dizer que ela veio também para fortalecer o nome da empresa que edita a revista. Sentíamos a necessidade de que a “mãe” fosse tão conhecida quanto a “filha”; que o produtor tivesse a mesma dimensão do produto. Que os dois, a rigor, passassem a ser um só.
Afinal, Ideia Sustentável existe desde 2003. E sempre se propôs, por missão, a trabalhar com estratégia e inteligência em sustentabilidade. A revista foi, desde a sua concepção, um instrumento para partilhar com os leitores um pedaço dos conhecimentos que a empresa desenvolve ao monitorar, para seus clientes, as principais tendências mundiais relacionadas ao tema.
Esta edição que inaugura o ciclo sob novo nome é, em boa medida, um exercício pleno do que Ideia Sustentável tem feito nos últimos sete anos. A sua metodologia de trabalho equivale à de um observatório.
Primeiro, ela monitora cerca de 30 organizações globais produtoras de conhecimento em sustentabilidade. Depois, investiga as melhores práticas empresariais acessando bases de dados nacionais e internacionais. Na sequência, valida as tendências entrevistando especialistas. E, por último, produz conhecimento aplicado à realidade brasileira.
As oito tendências apresentadas na grande matéria especial da edição de número 21 – assinada por Cláudia Piche, Juliana Lopes e Cristina Tavelin – resultam dessa metodologia. Algumas são mais conhecidas do que outras — e os seus reflexos podem ser captados hoje no Brasil. Boa parte delas já apareceu de alguma forma em nossas páginas. Todas, sem exceção, passaram a frequentar com mais assiduidade o campo do radar de Ideia Sustentável. Ao publicá-las, em conjunto, queremos provocar no leitor dois tipos de reflexão: o quanto elas podem impactar os diferentes negócios no Brasil? E o que é preciso fazer para superar os desafios que elas impõem às empresas?
Nesse esforço – como o leitor perceberá—a revista mudou para ser o mais didática possível, sem perder o seu lustro jornalístico. Novo projeto gráfico, mais opinião, mais dicas de como fazer e uma possibilidade de completar a pesquisa com mais conteúdos nesse portal integram a nossa nova proposta editorial. Merece destaque ainda a parceria de conteúdos com a revista inglesa Green Futures, publicada pela Forum for the Future, uma das mais importantes do mundo. Quem ganha é o leitor.
Em meio a tantas mudanças, no entanto, um valor ainda é “original de fábrica”: o nosso compromisso com o livre pensar, a força das boas ideias e a construção de um conhecimento que faz diferença. E como, em nossa visão, conhecimento não tem dono nem é propriedade de uma ou outra organização, decidimos que nosso laboratório é o mundo e nossos colaboradores são todos aqueles interessados em dividir o que sabem.
Além de um ponto de inflexão, momentos de mudança como este representam uma excelente oportunidade para agradecer aos que sempre estiveram conosco. E também aos muitos que mais recentemente passaram a estar, alguns dos quais perfilados nesta página. Se tudo acabasse agora, pela rica companhia de todos eles já teria valido muito a pena.
Como diria Heráclito, o filósofo da mudança: panta rei ou “tudo flui”.
Ricardo Voltolini – Publisher