Modelo chinês na encruzilhada

29 de julho de 2010

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Nas últimas três décadas, a China apresentou uma média de crescimento anual de 10%, tornando-se uma referência de modelo econômico, principalmente para as demais economias emergentes. No entanto, esse processo resultou no aumento da poluição e no esgotamento de determinados serviços ambientais, o que torna o desenvolvimento chinês insustentável no longo prazo. Quem faz o alerta é a ONU no último Relatório de Desenvolvimento Humano da China, encomendado pelo PNUD e coordenado pela universidade chinesa de Renmin.
A constatação já não surpreende os mais críticos, mas a novidade fica por conta do governo chinês que já vê na economia de baixo carbono o caminho mais óbvio a seguir. “A mudança gradual para um modelo de desenvolvimento de baixo carbono é a melhor opção para a China. Muitas pessoas, inclusive, nos mais altos níveis do Governo, pensam em termos ainda mais fortes que o país não tem outra escolha”, destaca a publicação.
O que interessa aos chineses agora não são os números, mas sim a qualidade do seu crescimento que deve ampliar a possibilidade de escolha de seus cidadãos, permitindo que desenvolvam a capacidade de viver mais e melhor. Para tanto, devem ter acesso ao conhecimento, desfrutar de um padrão digno de vida e participar da vida de sua comunidade e decisões que a afetam.
Entre 1991 e 2004, a proporção de pobres caiu de 65,2% para 10,4% da população. “Os chineses estão agora mais ricos, mais bem educados e mais saudáveis do que nunca”, observa o estudo. Ao mesmo tempo, a rápida expansão gerou desigualdades sociais e degradou o meio ambiente. “A emissão total de gases-estufa da China cresceu rapidamente com a industrialização e a urbanização ao longo das últimas décadas. De 1970 a 2007, o volume total subiu sete vezes. Em 2007, as emissões de CO2 da China ultrapassaram as dos Estados Unidos e são hoje as maiores do mundo”, ressalta o relatório.
Os chineses lançam 6 bilhões de toneladas de gases-estufa ao ano, contra 1 bilhão no início dos anos 70. As emissões per capita são menores que as dos países desenvolvidos — mas cresceram 381% nos últimos 40 anos, bem mais que as do planeta como um todo (17%), segundo dados da Agência Internacional de Energia citados no relatório. O problema pode se agravar, pois, ao longo das próximas duas décadas, 350 milhões de pessoas devem migrar das zonas rurais chinesas para áreas urbanas.
O relatório destaca ainda a grande disparidade entre as indústrias da China. De um lado, empresas modernas —especialmente as estatais— adotam tecnologia avançada, com baixo consumo de energia por unidade de produção. Mas, um grande número de pequenas e médias empresas ainda usam equipamentos ultrapassados e tecnologias que desperdiçam energia e produzem níveis elevados de emissões.
Um exemplo disso é a usina termelétrica de Zhejiang, considerada a maior e mais eficiente do mundo, com quatro geradores de mil megawatts e um nível de consumo de carvão de 282,6 gramas por quilowatt-hora. Ao mesmo tempo, um grande número de geradores ultrapassados opera no país abaixo de 200 mil quilowatts — para cada quilowatt-hora de eletricidade gerado esses aparelhos lançam entre 250 e 350 gramas a mais de CO2 na atmosfera do que os mais modelos mais avançados.

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