A sexta edição do Censo GIFE, mapeamento bienal que o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas) faz sobre a atuação de seus associados, mostrou que o investimento social da rede aumentou 8%, em relação ao ano passado, chegando a R$ 2,35 bilhões neste ano. Uma série consecutiva de aumento após o ano 2009, ápice da crise econômica mundial, quando o investimento sofreu uma redução de 5%. Entre 2009 e 2011, o crescimento foi de 14%.
Com 100 organizações respondentes (o GIFE possui 143 associados), que incluem empresas, institutos e fundações empresariais, mas também organizações familiares, independentes e comunitárias, o levantamento indica que a relação entre investimento e as oscilações econômicas no período tiveram pouco impacto. “A crise econômica de 2008 já havia indicado uma consolidação do investimento social das empresas, deixando de ser um custo facilmente cortado diante de uma situação de crise. O crescimento regular dos investimentos sociais desde 2009, mesmo diante de um contexto econômico instável, reforça essa tendência”, explica o secretário-geral adjunto do GIFE, Andre Degenszajn, responsável pela pesquisa.
Qualificação
O levantamento aponta também uma série de fatores que comprovam uma maior qualificação do investimento, com base na estratégia e na qualidade da ação social.
“Em 2010, o GIFE construiu com seus associados uma visão de 10 anos para o setor de investimento social (Visão ISP 2020). Nesta visão, apontávamos para a ampliação da diversidade de investidores, particularmente pelo aumento de organizações familiares e independentes, e também da abrangência do investimento, tanto geográfica como de sua capacidade de cobrir um amplo conjunto de áreas temáticas de atuação”, lembra.
Abrangência Geográfica
Em 2009 a média do número de estados que receberam investimento foi de 10 por organização. Em 2011 a média subiu para 12, o que indica um crescimento de sua abrangência.
Acre | 29 | Maranhão | 40 | Rio de Janeiro | 62 |
Alagoas | 37 | Mato Grosso | 39 | Rio Grande do Norte | 35 |
Amapá | 30 | Mato Grosso do Sul | 44 | Rio Grande do Sul | 48 |
Amazonas | 43 | Minas Gerais | 55 | Rondônia | 34 |
Bahia | 51 | Pará | 44 | Roraima | 28 |
Ceará | 39 | Paraíba | 39 | São Paulo | 84 |
Distrito Federal | 37 | Paraná | 53 | Santa Catarina | 45 |
Espírito Santo | 41 | Pernambuco | 48 | Sergipe | 35 |
Goiás | 44 | Piauí | 37 | Tocantins | 30 |
Transparência
Como uma das bandeiras do GIFE, a transparência têm crescido na Rede GIFE, em especial na publicação de relatórios de atividades e demonstrações financeiras. No último Censo (2009-2010) 50% dos investidores declaravam publicar relatórios de atividade e 48% declaravam publicar suas demonstrações financeiras.
“Os dados sobre transparência indicam uma melhoria significativa na transparência dos investidores, mas mostram também que há muito espaço para avançar. Em uma amostra muito qualificada como a Rede GIFE, composta por organizações com investimentos relevantes, poderíamos esperar que esse número fosse próximo de 100%”, argumenta. “É importante ainda considerar que o discurso sobre transparência ainda está muito a frente da prática efetivamente verificada”, complementa.
Divulga no site ou outros veículos de acesso público | Divulga apenas para públicos específicos | Não tem e/ou não divulga | |
Relatório de atividades / balanço social | 77% | 18% | 3% |
Demonstrações contábeis e financeiras | 51% | 43% | 7% |
Parecer de auditores independentes sobre demonstrações contábeis | 36% | 39% | 25% |
Indicadores de impacto e/ou resultados de programas | 52% | 33% | 11% |
Avaliação
Os resultados do Censo nos últimos anos demonstram que a avaliação tem sido muito valorizada pelos investidores sociais, percepção confirmada pelos resultados obtidos nesse ano. Quase todos os associados declaram realizar avaliação de resultado e metade afirma realizar avaliação de impacto. “Apesar de termos avançado na compreensão das diversas estratégias de avaliação, ainda há certa indistinção entre essas abordagens, o que talvez explique o percentual alto de organizações que declaram realizar avaliação de impacto – via de regra mais custosa, complexa e que deve ser medida no longo prazo”, pondera o coordenador da pesquisa.
Diagnóstico inicial / Marco Zero / Linha de Base | 67% |
Definição do Marco de Resultados | 71% |
Avaliação de resultado | 97% |
Avaliação de processo | 90% |
Avaliação de impacto | 54% |
Monitoramento
Com base na própria definição de Investimento Social, quase 100% dos recursos são monitorados pelos associados do GIFE.
Registro e sistematização de informações sobre resultados obtidos | 98% |
Registro e sistematização de informações sobre custos/despesas | 95% |
Visitas e/ou entrevistas periódicas com beneficiários | 83% |
Entrevistas com parceiros, beneficiários diretos ou outros públicos | 83% |
Benchmarking | 63% |
Diversidade
Embora mantenha a tendência apresentada nas edições anteriores, em que a maior parte dos investidores tem origem corporativa, o Censo GIFE aponta para mais diversidade na base de associados, tendo dobrado o número de organizações independentes e familiares. É importante ressaltar que os números indicam os respondentes da pesquisa e não o total de associados do GIFE.
2011-2012 | 2009-2010 | |
Empresa | 13 | 25 |
Associação/Fundação Empresarial | 58 | 63 |
Associação/Fundação Comunitária | 3 | 3 |
Associação/Fundação Familiar | 8 | 3 |
Associação/Fundação Independente | 18 | 8 |
(em número de organizações)
Foco
Os associados passaram a se concentrar mais em poucas causas, rompendo a lógica “multiprojeto”. A mediana do número de áreas de atuação por associado neste ano é de 5, enquanto em 2009 foi 6. “Os resultados indicam uma menor dispersão do investimento por área de atuação. Apesar do conjunto de investidores abarcarem de forma mais equilibrada o leque de temas, notamos individualmente um foco maior.
Isso pode ser interpretado como um indicador de segmentação e qualificação do investimento – compatível com o cenário positivo verificado, por exemplo, no campo da avaliação“, afirma Degenszajn. Destaca-se ainda a queda no número de organizações que investem em meio ambiente, área que apontava o maior crescimento nos últimos anos.
Áreas de atuação | 2011-2012 (%) | 2009-2010 (%) | Variação AB (%) |
Educação | 86 | 84 | 2 |
Formação de jovens | 60 | 61 | -1 |
Cultura e Artes | 53 | 61 | -8 |
Desenvolvimento comunitário | 53 | 45 | 8 |
Apoio à gestão | 49 | 47 | 2 |
Geração de trabalho e renda | 48 | 52 | -4 |
Meio ambiente | 43 | 59 | -16 |
Assistência social | 42 | 50 | -8 |
Defesa de direitos | 42 | 30 | 12 |
Esporte e recreação | 36 | 33 | 3 |
Saúde | 33 | 39 | -6 |
Comunicação | 31 | 27 | 4 |
Especial Meio Ambiente
O volume de investimento na área de meio ambiente corresponde a 7% do investimento social da Rede. Volume de investimento: R$ 158.992.668. “Apesar de quase metade dos associados investirem em meio ambiente, o campo concentra apenas 7% do valor investido.
Isso indica que o investimento nessa área é, em geral, secundário em relação a outras áreas (apenas 4% declaram ser essa a principal área de atuação). Além disso, muitas das ações nesse campo relevam-se pontuais e com baixo nível de investimento”, esclarece Degenszajn.
– É a principal área de atuação do associado: 4%
– É uma das áreas em que o associado atua: 29%
– É uma área em que o associado atua apenas esporadicamente: 28%
– O associado não atua: 37%
Temáticas em meio ambiente:
Educação ambiental | 79% (26) |
Lixo/reciclagem/tratamento de resíduos/saneamento | 61% (20) |
Manejo e conservação de unidades de conservação e áreas naturais | 45% (15) |
Políticas públicas de meio ambiente | 45% (15) |
Boas práticas agrícolas e de uso do solo (agroecologia, sistemas agroflorestais, agricultura orgânica, controle de erosão, combate a desmatamento e queimadas, incentivo a boas práticas de conservação e uso do solo) | 39% (13) |
Pesquisa/manejo para conservação da biodiversidade (fauna e flora terrestre e marinha) | 30% (10) |
Mitigação e adaptação às mudanças Climáticas | 27% (9) |
Ambiente urbano (áreas verdes urbanas, mobilidade urbana, poluição sonora, poluição atmosférica) | 27% (9) |
Manejo de produtos madeireiros e não madeireiros em áreas naturais | 15% (5) |
Outro | 6% (2) |
Educação ambiental é a principal temática o que reforça o protagonismo da área de educação.
Atividades em meio ambiente
Sensibilização da sociedade para a causa da conservação/educação ambiental | 73% (24) |
Coleta seletiva de lixo/ Reciclagem de materiais/ Gestão e controle de resíduos sólidos | 52% (17) |
Capacitação profissional com foco em Meio Ambiente | 48% (16) |
Apoio a projetos de outras organizações | 45% (15) |
Recuperação de águas degradadas | 27% (9) |
Conservação da biodiversidade (apoio a pesquisas de conservação da fauna e flora) | 24% (8) |
Reflorestamento | 24% (8) |
Manutenção de reservas naturais privadas | 18% (6) |
Advocacy | 15% (5) |
Análise de ecoeficiência | 12% (4) |
Saneamento básico | 12% (4) |
Geração de energias alternativas | 6% (2) |
Outras | 6% (2) |
Ecoturismo em unidades de conservação públicas (federal, estadual ou municipal) | 3% (1) |
Especial Educação
Educação historicamente prevalece como a principal área de atuação dos investidores sociais. Neste ano, 86% dos associados afirmam possuir ações voltadas para esse fim. Conheça um pouco mais dos dados.
Linhas de ação em educação
Capacitação de Professores | 60% |
Complementação/ reforço escolar | 42% |
Doações de livros/ materiais didáticos | 40% |
Confecção de material didático/ paradidático | 35% |
Produção de Conhecimento/ Pesquisa | 31% |
Capacitação de Diretores | 32% |
Oficinas de Arte-Educação | 31% |
Doações de equipamentos | 26% |
Instalação de Bibliotecas/ Laboratórios | 23% |
Bolsas de estudo | 24% |
Capacitação de pessoal administrativo | 23% |
Educação à distância | 16% |
Construção/ Reforma/ Manutenção de Escolas | 16% |
O associado não atua nessa área | 7% |
Modalidades de ensino em educação
Educação Não Regular | 60% |
O associado não atua nesta área | 60% |
Educação Regular | 48% |
Atividades Extracurriculares | 36% |
Apoio à família/ alunos (fora da escola) | 9% |
Público-alvo em educação
Pré-Escola (3 a 6 anos) | 79% |
Ensino Fundamental (7 a 14 anos) | 67% |
Ensino Técnico | 44% |
Creche (0 a 3 anos) | 41% |
Educação Profissionalizante | 25% |
O associado não atua nessa área | 25% |
Alfabetização de Adultos | 20% |
Especial | 18% |
Ensino Médio (15 a 17 anos) | 15% |
Educação de Jovens e Adultos (EJA) | 11% |
Ensino Superior | 10% |
Aceleração de Aprendizado | 8% |
Sobre o Investimento Social Privado
Investimento social privado é o repasse voluntário de recursos privados de forma planejada, monitorada e sistemática para projetos sociais, ambientais e culturais de interesse público. Incluem-se neste universo as ações sociais protagonizadas por empresas, fundações e institutos de origem empresarial ou instituídos por famílias, comunidades ou indivíduos.
Sobre o GIFE
O GIFE é uma organização sem fins lucrativos que reúne organizações de origem empresarial, familiar, independente e comunitária, que investem em projetos com finalidade pública. Nascido como grupo informal em 1989, foi instituído como Grupo de Institutos Fundações e Empresas em 1995 por 25 organizações e hoje reúne 144 investidores sociais. Desde então, tornou-se uma referência no Brasil sobre investimento social privado e vem contribuindo para o desenvolvimento de organizações similares em outros países.
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