Indústria de reciclagem inova e ingressa no mercado de remanufatura e eficiência energética

agosto de 2020

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Indústria de reciclagem inova e ingressa no mercado de remanufatura e eficiência energética - Ideia Sustentável

A alta tecnologia e informatização transformaram o mundo: passaram a fazer parte do cotidiano da sociedade e revolucionaram a indústria. Essa Revolução Industrial é conhecida como Indústria 4.0, e apesar dos diversos benefícios para a sociedade, possui alguns desafios, como a reciclagem qualificada.

A Indústria 4.0 engloba tecnologias para automação e troca de dados e também utiliza o conceito de Internet das Coisas e Computação em Nuvem nos processos produtivos, tornando-os muito mais ágeis e eficientes.

Com o avanço constante de novas tecnologias, os eletroeletrônicos, por exemplo, tornam-se obsoletos com muito mais rapidez, e ao mesmo tempo em que há demanda por inovação, a produção precisa ser ágil para atender a sociedade. Essa alta demanda na produção e a rápida obsolência de produtos gera um descarte cada vez maior de resíduos eletroeletrônicos.

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O descarte incorreto de resíduos tecnológicos pode causar danos irreparáveis ao meio ambiente, por exemplo a liberação de metais pesados como o mercúrio. Além disso, a não reciclagem desses componentes somada à crescente demanda de produção podem levar ao esgotamento dos recursos naturais do planeta.

“Não se pode reciclar lixo eletrônico, que é produzido com conceitos de Indústria 4.0, como manufatura. Materiais produzidos com tecnologias evoluídas, com o máximo de produtividade, serem reciclados como manufatura não fecham a conta. Gera prejuízos”, afirma Marcelo Souza, CEO da Indústria Fox, em entrevista para a consultoria Ideia Sustentável.

Os processos de reciclagem no Brasil, contudo, não acompanharam a evolução da indústria, e a falta de políticas públicas gera prejuízos à inovação do setor. Apesar disso, existem empresas especializadas em reciclar esse tipo de equipamento, mas que enfrentam dificuldades no mercado devido a falta de incentivo dos governos. É o caso da Indústria Fox, especializada na reciclagem de geladeiras e refrigeradores.

Da reciclagem de geladeiras à remanufatura

A Indústria Fox iniciou no mercado brasileiro com o objetivo de reciclar resíduos eletrônicos, sendo geladeiras e refrigeradores o principal material. Além de retornar os componentes à indústria, a empresa capta o gás CFC desses equipamentos, contabilizando-o na geração de créditos de carbono. Os gases CFC causam efeito estufa e, ainda, contribuem com a destruição da camada de ozônio do planeta.

A reciclagem de geladeiras e refrigeradores acontece em três etapas, segundo o CEO da Indústria Fox:

  1. Retirada de peças soltas, como vidro e gavetas, óleo e gás e compressor.
  2. Destruição do gabinete em um processo automático, no qual materiais como metais ferrosos, metais não ferrosos, espuma e plásticos são separados e destinados para novos processos produtivos
  3. Destruição dos gases CFC coletados, por meio de um processo térmico.

A expectativa da companhia era de que, com o lançamento da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, o negócio começaria a funcionar, gerando renda com retorno positivo aos investidores. Mas, pela falta de incentivos governamentais, não houve tanta adesão das empresas à economia circular.

“Falta incentivo. O governo gasta muito dinheiro com aterros e com descarte de resíduos. Se houvesse incentivo real – por exemplo reduzir o IPI para cada tonelada de lixo captado – existiria receita para isso. O fabricante entende que o governo está tentando se livrar de um problema que não sabe revolver e transferindo a responsabilidade para a indústria. E a indústria não consegue gerir todo o descarte feito por seus clientes – pois é uma operação extremamente complexa e custosa. A PNRS fala de players, mas qual a metodologia para a responsabilidade de cada player?”, explica Souza.

Assim, a companhia precisou se reinventar e ingressaram também no mercado de eficiência energética e, posteriormente, na remanufatura dos equipamentos.

Ao perceberem que muitos dos equipamentos que chegavam para a reciclagem estavam em ótimo estado de funcionamento, com apenas alguns defeitos físicos como amassados – e que muitas vezes eram até melhores que equipamentos de seus próprios funcionários – os dirigentes da empresa entenderam que seria mais sustentável consertar e remanufaturar esses eletroeletrônicos, recolocando-os no mercado. Desenvolveram, então, um software de avaliação e acompanhamento, investindo na transparência de todo o processo de remanufatura, tanto para o fabricante quanto para o comprador.

“Transformamos o que seria descartado em um novo produto com segurança, garantia e rastreabilidade – e com propósito. E esse produto, quando remanufaturado, consegue ser adquirido, por um preço menor, por pessoas que não teriam condições de comprar um novo”, argumenta Marcelo Souza.

Relação com cooperativas

Segundo Marcelo Souza, falta tecnologia e conhecimento no setor de reciclagem, e por isso muitos componentes são destinados a aterros, mesmo que passem, antes, pelas cooperativas de reciclagem.

“Acredito que o caminho seja da indústria que fabrica para a indústria que recicla, e esta conectando as cooperativas como braço para coleta dos materiais. A indústria de reciclagem é a última etapa da economia circular, pois transforma os resíduos em recursos para siderurgia, fundição, empresas de plástico, entre outras”, conclui o CEO.

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Por Marcos Cardinalli

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