Um modelo de planejamento e gerenciamento de ações sociais
Entre os vários modelos disponíveis para o planejamento de uma ação social, a Oficio Social* selecionou e recomenda o Marco Lógico. Ainda não muito difundido no Brasil, mas utilizado com freqüência por organizações de cooperação internacional, como Unicef, BID e Banco Mundial, o Marco Lógico é instrumento útil para quem quer elaborar, analisar e gerenciar projetos sociais.
Integrado ao Método Zopp, que se baseia na análise de problemas e de atores envolvidos, o Marco Lógico estrutura-se em uma “lógica de intervenção”, desenhada a partir do eixo Objetivo Geral – Objetivo do Projeto – Resultados – Atividades. Resumidamente, o instrumento consiste em uma sequência de 12 passos lógicos (ver quadro 1), devidamente amarrados nas suas relações de causa e efeito, e pode ser representado em uma matriz de 16 campos (quadro 2).
Em relação aos demais modelos, o Marco Lógico apresenta quatro pontos diferenciais que o tornam especialmente mais adequado para ações sociais: 1) Todas as questões importantes do projeto, principalmente as de contextos e cenários, são bastante discutidas de modo participativo pelo grupo de planejamento; 2) Facilita a análise lógica entre os elementos constitutivos do Projeto; 3) Estabelece a definição antecipada de indicadores de monitoramento e avaliação; 4) Os fatores de risco, que estão fora do controle do Projeto, são apontados e analisados, o que melhora o planejamento feito com base em objetivos e não em atividades.
Segundo o Marco Lógico, projeto social bem-sucedido é aquele que consegue: a) atingir os resultados desejados com qualidade dentro do cronograma e do orçamento; b) alcançar os objetivos estabelecidos, resultando em mudanças concretas na melhoria da qualidade de vida de pessoas; c) dar aos beneficiários condições de se apropriar do Projeto; d) gerar conhecimento e práticas inovadoras; e) ser multiplicado; e f) atrair o interesse de diferentes parceiros.
Quadro 1
Os doze passos para elaboração de um projeto social
1. Detectar a oportunidade – Identificar que tipo de necessidade social o Projeto atende, se a sua realização está compatível com a missão da organização proponente e quem são os públicos de interesse do Projeto
2.Pensar na sustentabilidade – Refletir se o Projeto terá apoio dos diferentes públicos de interesse, se a organização e seus parceiros têm as competências necessárias e se será possível captar os recursos exigidos.
3.Diagnóstico e compreensão do problema – Fazer amplo levantamento e análise abrangente das condições de vida dos potenciais beneficiários, definindo um “marco zero”, a partir do qual serão avaliados posteriormente os Resultados do Projeto. Identificar o ambiente social, político, econômico e cultural da situação-problema, a partir de entrevistas, pesquisas, reuniões de grupo e leitura. (Análise do Problema). Identificar o que pensam e esperam os beneficiários diretos e indiretos sobre a situação-problema (Análise dos Atores). Apontar os desafios que melhor configuram a situação-problema. Hierarquizar os problemas, relacionando causa e efeito (Árvore do Problema).
4.Definição do Objetivo Geral – O Objetivo Geral corresponde ao impacto mais amplo que o Projeto pode gerar em uma comunidade, aquele que excede os efeitos produzidos para os beneficiários diretos.
5.Definição do Objetivo do Projeto – É um objetivo que deve responder á pergunta “Que melhora nas condições de vida do beneficiário o Projeto vai proporcionar?”
6.Definição de Resultados – São as metas que se espera alcançar e que podem ser expressas na forma de mudanças importantes para a solução da situação-problema..
7.Definição de Atividades – Corresponde às estratégias necessárias para que os resultados sejam alcançados. As atividades (compostas por ações) servem como referência para a indicação dos custos.
8.Análise lógica da intervenção – Verificar se as ações propostas são suficientes para realizar as Atividades, se as Atividades podem levar à consecução dos Resultados; se, atingidos, os Resultados produzem o Objetivo do Projeto; e se o atingimento do Objetivo do Projeto contribui para o Objetivo Geral.
9.Definição de premissas e fatores de risco – Avaliar as premissas (limitações) decorrentes da análise de ambiente externo. Quanto maior a probabilidade de ocorrerem, maiores os riscos do Projeto.
10.Desenho dos indicadores – Definir instrumentos qualitativos e quantitativos (Impacto, Efetividade, Resultados e Operacionais) para verificar as mudanças promovidas em uma determinada situação que se quer mudar com o Projeto.
11.Formulação de orçamento – Estipular os recursos que serão necessários em cada uma das atividades.
12.Análise de coerência – Fazer uma releitura crítica das estratégias e definições de diagnóstico, lógica da intervenção, indicadores e premissas. Verificar as possibilidades de êxito e de viabilidade.
*Oficio Social é a divisão da Oficio Plus Comunicação especializada no planejamento e gestão de organizações de terceiro setor; e no planejamento e execução de políticas de investimento social privado e responsabilidade social empresarial.
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