Especial – O modo sustentável de fazer negócios – Parte 4

Especial – O modo sustentável de fazer negócios – Parte 4

Natura – aposta na biodiversidade brasileira
Em 1983, a Natura colocou no mercado o primeiro refil para produtos de alto consumo no Brasil, como shampoos e desodorantes. A medida contribuiu para a redução do uso de água, energia e matéria-prima para a confecção de embalagens. Além da economia na produção, o sistema de refilagem foi o primeiro passo para a empresa deixar de lançar 2,2 mil toneladas de embalagens no meio ambiente.
Com uma outra ação inovadora – a aposta na biodiversidade brasileira que resultou no lançamento, em  2000,  da linha Ekos, composta por produtos à base de princípios ativos extraídos da flora nacional – a  empresa conquistou fatias de mercado não usuais para o segmento de venda direta e mercados importantes no exterior. Tanto uma como outra iniciativa respeita a política que caracteriza a Natura desde sua fundação: a de adotar processos e práticas industriais sob a perspectiva da preservação ambiental. Ao longo dos seus 40 anos, a responsabilidade com o meio ambiente é o que vem determinando o seu  modo de fazer negócios.
De tal maneira que a evolução da gestão ambiental na empresa não seguiu os padrões convencionais. O diretor de Assuntos Corporativos e Relações Governamentais, Rodolfo Guttilla, conta que  antes mesmo de implementar a ISO 14001, o que só fez em 2004,  a Natura  revisou todos os seu processos com vistas a incorporar a variante ambiental. A análise do ciclo de vida do produto, por exemplo, veio antes de uma certificação.
Quando decidiu certificar seus procedimentos internos, parte dos processos externos já estava  mapeado. Desde então, a Natura possui um sistema de gestão de sustentabilidade por meio do qual são indicadas as conformidades e não conformidades em relação aos parâmetros econômicos, ambientais e sociais, baseados em todas as certificações e acordos globais dos quais a empresa é signatária.
Esse modelo de gestão é estendido aos fornecedores, que são auditados frequentemente,  sejam grandes empresas ou pequenos produtores de comunidades tradicionais. Além disso, os ativos extraídos da natureza são reconhecidos com base nos critérios do Forest Stewardship Council (FSC), organização internacional que certifica as florestas mundiais e o Sustentainable Agriculture Network (SAN). Com isso, a Natura promove igualmente o desenvolvimento sustentável de comunidades que vivem do extrativismo.
Essa política de valorização do conhecimento dos povos da floresta possibilitou à empresa uma conquista inédita:  a aprovação de acesso ao patrimônio genético da biodiversidade brasileira, obtida em 2005. Esse foi o primeiro caso aprovado pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) em que estão envolvidos uma empresa (a Natura), uma comunidade tradicional (a de São Francisco do Iratapuru) e um Estado da Federação (o Amapá).
A preocupação da Natura se estende também aos consumidores, para os quais lançou uma tabela ambiental que apresenta, no rótulo dos produtos, informações sobre formulações e embalagens, além do percentual de substâncias de origem vegetal renovável, de material reciclável e o número recomendado de refilagens. Indica, ainda, se as matérias-primas utilizadas possuem certificação de origem e se a embalagem pode ser reciclada.
Há um ano, a Natura desenvolve o Projeto Reciclagem, por meio do qual os consumidores devolvem às consultoras da marca as embalagens dos produtos, que serão encaminhadas para cooperativas de reciclagem. Iniciado em Recife, PE, o projeto já recolheu cerca de 59 toneladas de materiais recicláveis e agora está sendo estendido também para São Paulo. Para 30% das embalagens os produtos da linha Ekos, a Natura utiliza PET (Polietileno Tereftalado) reciclado. Além disso, mantém pesquisas para desenvolvimento de materiais de menor impacto para o meio ambiente, como os biodegradáveis.
Aos poucos, as matérias-primas não-renováveis também vêm sendo substituídas. No ano passado, a empresa passou a usar o óleo de palma, de origem vegetal, na elaboração de seus produtos, em vez de óleo mineral. Não satisfeita, a Natura assumiu o desafio de ser Carbono Neutra a partir de 2007, o que significa ter saldo zero nas emissões de gases causadores do efeito estufa. “Por meio de todas essas tecnologias que foram sendo incorporadas ao longo do tempo, conseguimos dimensionar o impacto da Natura em uma medida comum que é o dióxido de carbono”, afirma Guttilla.
Com base nos padrões do Greenhouse Gas Protocol Initiative (GHG Protocol), ferramenta mais utilizada internacionalmente para medir as emissões dos gases de efeito estufa, a Natura realizou um estudo detalhado no qual considera as emissões de todas as etapas da sua cadeia produtiva, do extrator até o descarte (reciclagem) de suas embalagens. Esse estudo revelou que a empresa, como um todo, poderia diminuir em suas emissões em 1/3 nos próximos cinco anos. E este é o desafio da empresa agora: diminuir em 33% suas emissões e, o que não for possível cortar, neutralizar, como informa Guttilla. “Como indústria de transformação, não temos como mitigar todas as emissões, então, nós vamos compensar uma parte. Por isso, lançamos um edital público para projetos de reflorestamento e uso de energia alternativa”,  informa Guttilla.

Inscreva-se em nossa newsletter e
receba tudo em primeira mão

Conteúdos relacionados

Entre em contato
1
Posso ajudar?