Especial – O modo sustentável de fazer negócios – Parte 3

Especial – O modo sustentável de fazer negócios – Parte 3

Braskem – produzindo “plástico verde”
O anúncio do primeiro polietileno de fonte 100% renovável em junho de 2007, fez as ações da Braskem subirem cerca de 4%, tornando-se o terceiro papel mais negociado do Ibovespa. A notícia aqueceu o mercado e puxou outras empresas para a onda verde. Dias depois, a Dow e a Crystalev anunciaram uma parceria para desenvolvimento de um produto com as mesmas características a partir de 2011.
A Braskem investiu US$ 5 milhões no projeto que converte etanol em eteno e, por sua vez, em polietileno. Os pesquisadores da empresa descobriram uma forma de produzir 2,2 vezes mais polietileno “verde” do que a quantidade necessária para produzir a mesma resina a partir do nafta. A meta da empresa é iniciar a produção do “plástico verde” até o fim de 2009, com a instalação de uma fábrica com capacidade anual entre 100 mil e 200 mil toneladas.
O investimento previsto gira em torno de US$ 150 milhões. “Estamos nos antecipando a um cenário de escassez de matéria-prima de fontes não-renováveis e, com isso, dando condições melhores de sobrevivência e competitividade para a empresa no futuro”, afirma Roberto Simões, vice-presidente responsável por Competitividade Empresarial.
A Braskem foi criada com a integração dos ativos dos grupos Odebrecht e Mariani à Copene Petroquímica do Nordeste S.A, constituindo assim a maior petroquímica da América Latina. A empresa não revela como pretende atender a sua demanda por etanol, mas o  grupo Odebrecht já anunciou a sua entrada no setor sucroalcooleiro, com o investimento de R$ 5 bilhões em usinas e no plantio de cana-de-açúcar nos próximos oito anos.
Em 2006, a Braskem investiu R$ 152 milhões em programas de saúde, segurança e meio ambiente, com o objetivo de melhorar seu desempenho nessas áreas. A partir da implementação de ferramentas de ecoeficiência, a empresa reduziu o consumo de energia em 3% e o consumo de água em 2%, comparado ao ano de 2005. No mesmo ano, a empresa realizou o inventário de emissões de gases causadores de efeito estufa, que registrou um milhão de toneladas equivalentes de emissões anuais de dióxido de carbono e oportunidades de receitas, a partir de projetos de MDL (mecanismos de desenvolvimento limpo), entre U$ 10 milhões a U$ 15 milhões. A empresa passou a investir na implementação de MDL em 2005, quando foi a primeira indústria a assinar a Declaração Internacional de Produção Mais Limpa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP).
Holcim – Resíduos que viram receita
Em meio a crise do Petróleo em 1973, a Holcim desenvolveu a metodologia de co-processamento para transformar resíduos em matéria-prima ou fonte de energia para a produção de cimento. Em 1999, essa tecnologia foi trazida para o Brasil com a criação da Resotec, divisão da Holcim responsável por essa atividade.
Por meio do co-processamento, resíduos da indústria siderúrgica, petroquímica, automobilística, de pneus, alumínio, tintas, embalagens, papel e outros são reaproveitados no processo produtivo do cimento, sem prejuízos à qualidade do produto ou às condições de segurança dos trabalhadores e da comunidade. Esse processo garante um destino adequado e seguro aos resíduos, além de proporcionar uma economia de recursos naturais não-renováveis, como combustíveis e matérias-primas minerais, e diminuir as emissões de gases poluentes na atmosfera.
“Ao utilizar resíduos de outras indústrias, estamos ajudando a reduzir passivos ambientais que de outra forma iriam para aterros”, destaca Thomas Uebelhard, diretor industrial da Holcim. Ele lembra que o  país mais desenvolvido nessa área é a Noruega, que utiliza o co-processamento para descarte de alguns resíduos ainda proibidos no Brasil, como o lixo hospitalar.
A implementação do co-processamento foi um marco na gestão ambiental da Holcim, primeira indústria cimenteira a obter as certificações ISO 9000 e ISO 14001. A partir de então, ficou claro que a incorporação da variante ambiental na estratégia da empresa poderia gerar valor para o meio ambiente, para a sociedade e para os negócios. A companhia também é líder da iniciativa cimento sustentável (CSI, em inglês) criada pelo World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) com o objetivo de promover a sustentabilidade na indústria de cimento.
Em atendimento aos compromissos assumidos por esse grupo, a Holcim estabeleceu planos de recuperação de jazidas, em 2003. O primeiro projeto de revitalização de áreas mineradas foi implementado nas minas de calcário já desativadas, em Iperó (SP). Com um investimento de R$ 1,5 milhão, a área foi recuperada com o plantio de mais de 15 mil mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. Outro feito foi a superação, ainda em 2004,  da meta de reduzir em 32% suas emissões de dióxido de carbono em relação a 1990.
Desde 2003, a empresa mantém  a Fundação Holcim, que incentiva a construção sustentável a partir da promoção de conceitos nessa área e premiações para incentivar essa prática. “O Holcim Awards é um prêmio mundial por meio do qual são reconhecidos projetos inovadores que valorizem as construções sustentáveis e tragam contribuições para o desenvolvimento desse conceito no segmento de construção civil”, explica Uebelhard.
Juntas, essas premiações totalizam € 2 milhões para cada ciclo de competição. Os júris contam com a participação de especialistas independentes e internacionalmente comprometidos com o desenvolvimento sustentável da sociedade, bem como projetistas, especialistas em materiais de construção e construtores.

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