Especial – Como a responsabilidade social tem mudado a vida das empresas e dos executivos (parte 2)

20 de setembro de 2006

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Instituto ajuda Telemig Celular a melhorar a qualidade de vida de comunidades

Para Marcos Fuchs, diretor executivo do Instituto Telemig Celular, o conceito de responsabilidade social qualificou não apenas a sua atuação profissional como as escolhas que faz no dia-a-dia da gestão da organização que é braço de investimento social da Telemig Celular, maior operadora de telefonia móvel de Minas Gerais. Exatamente como Parente, da Avon, Fuchs procura investigar boas práticas e acompanhar a evolução do conceito, com o objetivo confesso de manter a empresa alinhada ao que há de melhor na área. “Isso favorece que os colaboradores – e eu também – sintam mais prazer em integrar a organização”, diz.
Segundo o dirigente, a atuação da Telemig Celular não se restringe à base dos seus 3,4 mil clientes. O relacionamento da empresa com os seus diferentes públicos de interesse é reforçado por uma série de ações que tem como objetivo comum contribuir para a criação de melhores condições de vida, como, por exemplo, o fortalecimento das instâncias públicas de deliberação e controle de políticas para a criança e adolescência, as ações culturais e esportivas.
Executiva da FIEMG traduz em prática suas crenças sobre sociedade justa

A mesma satisfação de Fuchs é a que tem Marisa Seoane Rio Resende na sua função de gerente de integração empresarial da FIEMG –Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais. O ingresso no campo da responsabilidade social ocorreu no início da década de 90. Depois de dez anos atuando em organizações e movimentos comunitários, Marisa assistiu com interesse e alegria o surgimento do movimento de empresas que começavam a se preocupar com o desenvolvimento de uma sociedade sustentável. Quando se deu conta, já estava envolvida com a causa, participando de organizações importantes e implantando sistemas de gestão e voluntariado corporativo. Para ela, o interesse pela área não nasceu apenas de motivação profissional. Mas de uma motivação de vida, de uma crença na construção de uma sociedade mais justa e mais ética. “Estar à frente de projetos e atividades de uma organização como a FIEMG, que promove o tema, exige mais do que discurso. Traduzo em prática tudo o que acredito”, confessa.
Nos últimos seis anos, desde que criou o seu Conselho de Cidadania Empresarial, a FIEMG tem contribuído para disseminar a responsabilidade social entre as empresas de Minas Gerais, a partir de eventos técnicos, da criação de uma metodologia de gestão em voluntariado empresarial e da orientação sobre o uso e aplicação de ferramentas de gestão.
No Bradesco, atividade social visa a reduzir indicadores de exclusão social

A maioria dos entrevistados de Idéiasocial considera que a responsabilidade social gerou uma afinidade maior entre os valores que sempre cultuaram e os de suas empresas. Em síntese, o fato de que suas companhia passaram a crer, pensar e agir como crêem, pensam e agem os seus funcionários e as comunidades onde estão instaladas, tem produzido uma cultura de respeito, de cidadania e de sensibilidade social. O resultado é uma satisfação maior por parte dos funcionários. “Cresceu a consciência de que somos cidadãos participantes do processo histórico em que vivemos. E isso legitima a nossa atuação. A união de forças e objetivos é muito mais prazerosa e traz eficiência”, diz Milton Vargas, vice-presidente e diretor de relações institucionais do Bradesco, uma das maiores empresas do Brasil e a que mais investe em projetos sociais.
A crença corporativa tornou-se hoje uma crença pessoal, de tal modo que Vargas já não consegue mais conceber uma empresa alheia ao desenvolvimento econômico e à melhoria da qualidade de vida das comunidades onde atua. “Para nós, a atividade empresarial só faz sentido se consegue contribuir para a participação do esforço de toda sociedade na redução dos indicadores de exclusão social”, conta o executivo do Bradesco, que criou recentemente uma área de Responsabilidade Socioambiental e iniciou uma blitz interna para fazer o conceito de sustentabilidade perpassar todas as suas práticas empresariais.
Estratégia global valoriza responsabilidade social como estratégia no HSBC

O interesse de Ana Paula Gumy pelas questões de responsabilidade social começou – acredita – quando ela trabalhava na área internacional do banco HSBC. Mas tomou forma em 1994, após ter recebido uma bolsa de estudos do governo alemão para aprender marketing internacional. Nos 18 meses em que viveu na Alemanha, conheceu de perto as tecnologias sociais, ambientais e econômicas daquele país. E levou um choque ao ver, por exemplo, tantos portadores de deficiência independentes e integrados à vida social, econômica e cultural das cidades. Em sua avaliação, foi um choque de “capitalismo social”, respeito e igualdade, que a fez querer ter algo parecido também no Brasil. No entanto, a primeira oportunidade concreta de trabalhar com temáticas sociais no banco ocorreu apenas em 2004, quando ela estava no Corporate Banking.
Satisfeita com os seus resultados, assumiu um desafio pessoal de apoiar alguns executivos da empresa na construção de uma escola-lar para ex-meninos de rua. “O processo estava difícil e o recurso não dava para os objetivos. Convencida de que a causa valia a pena, trabalhei todas as pontas do projeto: planejamento, comunicação, captação e a própria obra. Envolvi todos os meus relacionamentos profissionais e pessoais. Foi um sucesso. Hoje temos, na Comunidade Sarnelli, vários casos exitosos de resgate, cidadania, oportunidade, dignidade, solidariedade e amor”, entusiasma-se.
A energia de Ana certamente pesou na indicação de seu nome para ocupar a direção do Instituto HSBC de Solidariedade e Responsabilidade no Brasil, lançado há alguns meses. Hoje ela se sente ainda mais realizada. E entusiasmada com a dimensão que a responsabilidade social passou a ocupar na estratégia global de desenvolvimento do banco. Em 2005, a empresa fez um alinhamento das esferas social, ambiental e econômica. O ano de 2006 vem sendo marcado por um avanço na discussão sobre responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, com o envolvimento de colaboradores, fornecedores e clientes.
Na Belgo-Arcelor, Fundação tem papel de indutora da cultura de responsabilidade social

A incorporação dos conceitos de responsabilidade social não mudou em nada a maneira pela qual Leonardo Gloor sempre conduziu o seu trabalho. Para sua satisfação – admite –, reforçou um comportamento que procurava manter. Gerente de projetos especiais da Fundação Belgo-Arcelor Brasil, Gloor enfrenta um desafio pessoal: adaptar esse novo modelo de gestão em processos que, segundo ele, não evoluíram no mesmo ritmo que a sua visão sobre o tema. Para o gerente, o obstáculo a uma mudança mais rápida é de natureza cultural.
Em uma empresa tradicional, sólida e bem-sucedida, torna-se difícil mudar processos considerados vitoriosos tanto mais porque os gestores tendem a acreditar que o modelo exitoso de hoje o será para todo sempre. “Mesmo quem já avançou na reflexão sobre os temas de responsabilidade social, sabe que o processo de transição é complexo e exige tempo. Precisa ser feito gradativamente. Cabe a nós, gestores, provocar o tema internamente em nossas empresas para acelerar a transição”, crê Gloor.
Criada em 1999, a Fundação Belgo tem a missão de conduzir o relacionamento da empresa com as comunidades onde estão instaladas suas unidades industriais. Mas, segundo Gloor, a despeito de sua função original, ela vem cumprindo importante papel de indutora da responsabilidade social na empresa.
Os desafios da Responsabilidade Social nas empresas

Adaptar o novo modelo de gestão a processos antigos e arraigados
-Fazer os funcionários compreenderem a relação da responsabilidade social com a noção de sustentabilidade
-Tornar a ética o driver das ações de responsabilidade social, financeira, ambiental e individual
-Usar os recursos empresariais para construir uma sociedade mais justa
-Desenvolver métricas eficazes para as metas socioambientais relacionadas aos negócios
-Alinhar valores, práticas e estratégias
-Assumir o compromisso com o desenvolvimento sustentável das comunidades onde estão instaladas e com o país
O que mudou para os profissionais de Responsabilidade Social

· Desenvolvimento de uma visão de mundo mais abrangente e inclusiva
· Conformidade maior entre as crenças pessoais e as das empresas
· Melhoria do ambiente de trabalho com base na instalação de uma cultura de respeito, sensibilidade e justiça
· Maior satisfação profissional por trabalhar numa empresa com causa, compromisso e interesse sociais
· Aperfeiçoamento da capacidade de “olhar para fora da empresa”
· Aumento da sensibilidade para interagir com comunidades
· Aprofundamento da visão do negócio e dos seus impactos
· Compreensão maior sobre a importância do trabalho em rede e das alianças intersetoriais
· Aumento da consciência sobre o seu papel no alinhamento de valores, práticas e estratégias

José Paulo Soares Martins, diretor do Instituto Gerdau

“Nosso líder, Jorge Gerdau, diz sempre que ‘a nossa empresa dá certo porque praticamos os valores que todo mundo pratica em casa com a família’. Acredito muito nisso”
Marcio Polidoro, responsável por comunicação empresarial na Odebrecht

“Antes, eu reagia. Hoje, eu ajo. Antes, recebíamos os pedidos, analisávamos e decidíamos baseados no que chamo de espírito comunitário. Hoje, formulamos propostas de ação social e investimos nas iniciativas que estejam alinhadas com essas propostas”
Ricardo Menezes, diretor de relações institucionais da Perdigão

“A evolução do conceito de responsabilidade social na empresa aconteceu por meio de um processo de conscientização natural dos funcionários, ao perceberem que não bastava apenas a decisão de fazer, mas que era necessário o envolvimento de cada um na execução e, acima do envolvimento, o comprometimento (…)
Vitor Feitosa, gerente geral de desenvolvimento sustentável da Samarco

“Atualmente, a visão estratégica na abordagem desse tema vem ampliando sua importância e a empresa tem o desafio de construir um conceito de sustentabilidade”
Rodolfo Fucher, diretor de investimentos sociais da Microsoft para a América Latina

“As metas sociais devem ter métricas tão claras quanto as financeiras, que possibilitem avaliações constantes de seu desempenho. E não há razão para serem diferentes”
Wilberto Lima Júnior, diretor de comunicação e responsabilidade Social da Klabin

“A empresa acredita que dá uma contribuição ao desenvolvimento sustentável no Brasil e promove articulações intersetoriais nos projetos sociais que cria ou patrocina”
Leonardo Gloor, gerente de programas especiais da Fundação Belgo-Arcelor Brasil

“Cabe a nós, como gestores, provocarmos o tema internamente em nossas empresas e tentarmos dar um ritmo mais acelerado a esta transição”
Carlos Ferreira, diretor executivo da Elektro

“Para nós, sempre esteve claro que a responsabilidade social começa dentro de casa, com os nossos colaboradores”
Márcia Vaz, gerente de responsabilidade social corporativa de O Boticário

“Procuramos atuar com a consciência de uma empresa que exerce sua cidadania, mantendo atitudes transparentes com a sua rede de relações”
Carlos Parente, diretor de Comunicação da Avon Brasil

“Este tema, na verdade, não faz parte de um processo concluído. Prefiro dizer que a responsabilidade social está avançando constantemente na empresa e vem ganhando espaço cada vez maior”
Marisa Seoane, gerente de integração empresarial da Fiemg

“É nas diversas formas de exercício da cidadania que o meio empresarial se compromete com a geração de riqueza social, ajudando a diminuir as desigualdades do nosso país”
Marcus Fuchs, diretor executivo do Instituto Telemig Celular

“A autocrítica que a empresa faz, aplicando a seus processos os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social, favorece que cada uma das áreas promova novos alinhamentos e melhorias”
Flávia de Moraes, gerente geral de sustentabilidade da Philips para a América Latina

“A empresa já tem maturidade para saber que a responsabilidade social é apenas uma das faces da sustentabilidade e que o conceito é mais amplo”
Milton Vargas, vice-presidente e diretor de relações institucionais do Bradesco

“É notório que estamos vivendo um momento extremamente delicado no que diz respeito à saúde e perenidade de nosso planeta. Neste contexto, acredito que todos os cidadãos e empresas comungam da busca de um mundo que, de forma estratégica, possa associar questões econômicas, sociais e ambientais, conferindo a todos um meio ambiente equilibrado e boa qualidade de vida”
Ana Paula Gumy, diretora executiva do Instituto HSBC de Solidariedade

“Responsabilidade Social Corporativa e Negócios Sustentáveis sempre fizeram parte dos valores do banco. E cada vez avançam mais em sua cultura como organização. Existe no HSBC uma linha do tempo de constantes evoluções desde 1997 (doações e patrocínios esporádicos e, a partir de 99, mais organizados) até 2.005, com uma grande transformação que continua se aperfeiçoando”

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