Especial – A Amazônia é nossa (parte 2)

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Alcoa: Mina de Juruti leva investimentos para o coração amazônico

Depois de mais de 40 anos de atuação no Brasil, a mineradora Alcoa adquiriu um avançado know-how para diminuir os impactos de suas atividades no meio ambiente – fonte da bauxita, matéria-prima do alumínio. Entre as diversas ações de responsabilidade socioambiental na Amazônia, porém, destaca-se hoje a nova Mina de Juruti, no município de Juruti (PA).
Embora as obras de preparação da mina tenham começado em 2006, a organização planeja iniciar a extração entre julho e agosto deste ano. São 30 milhões de reais destinados ao plano de controle ambiental e mais 50 milhões de investimento na comunidade. “Não podemos ser uma empresa de sucesso em uma sociedade que não caminha bem. Temos que ajudar a desenvolver sem criar relação de paternalismo e dependência. Pode levar 10 ou 200 anos, mas um dia a empresa não vai estar mais lá e na região ficará o produto positivo da nossa presença de hoje”, avalia Nemércio Nogueira, diretor de Assuntos Institucionais.
Extrair bauxita tornou-se, para a mineradora Alcoa, um processo muito mais complexo do que poderia ser. Quando se instalaram na década de 1960 no Brasil, terceira maior reserva mundial do minério, a responsabilidade da empresa se encerrava na extração. “Bastava retirar o minério e ir embora. Mas a Alcoa trouxe técnicos do exterior e de diversos pontos do País para desenvolver uma tecnologia de revegetação das áreas mineradas”, conta Nogueira.
Além de reflorestar a área minerada, a empresa ensina à população o manejo florestal e como utilizar, de forma sustentável, os recursos naturais para aumentar a renda familiar. O orçamento também cobre melhorias no sistema educacional, cultural, ambiental, de saúde, segurança pública, assistência social e infra-estrutura. “É fundamental que as empresas sejam cuidadosas numa Amazônia que se pretende sustentável. Não tem como deixar de ajudar as comunidades a gerarem renda para não depender de doações e filantropia”, afirma o executivo.
Se a extração é a base econômica da empresa, a preservação sustenta os outros dois pilares do tripé da sustentabilidade. No Programa de Apoio à Conservação da Biodiversidade da Região Tapajós-Madeira, a Alcoa atua em sistema de parceria, disponibilizando recursos e capacitando a população para que criem seus próprios projetos de gestão ambiental. Na mesma linha de preservação e parceria, a companhia contribuiu para a formação do Parque Nacional da Amazônia, em Itabuna (PA), com a finalidade de desenvolver o ecoturismo e estimular novas formas de desenvolvimento econômico para a região.
Saindo das matas para a metrópole de Nova York, a Alcoa financiou a exposição Amazônia Brasil, organizada pelo Projeto Saúde e Alegria e pelo Grupo de Trabalho Amazônico, que prevê realizar, de 17 de abril a 13 de julho, uma extensa programação cultural para divulgar informações sobre a região amazônica. Os lucros decorrentes do evento serão revertidos para organizações locais. “É um trabalho de sensibilização da opinião pública para a importância da Amazônia e seu papel na questão climática”, defende Nogueira.
Banco da Amazônia: contribuição de quem faz parte da floresta
Uma organização que carrega o nome do maior patrimônio ecológico do mundo não pode deixar de assumir um compromisso firme e público com a sustentabilidade. Aos poucos, o Banco da Amazônia tem adotado medidas que, somadas, refletem a sua preocupação com a preservação do ecossistema.
Além dos talões de cheque feitos a partir de papel reciclado, a instituição promove os programas Amazônia OtimizaAmazônia Recicla, respectivamente de racionalização do consumo de recursos e de reciclagem de lixo. Quase 400 catadores recebem os materiais. O Banco trabalha também para diminuir suas emissões de carbono e, principalmente, financia tanto empreendimentos que não contribuem para o desmatamento quanto pesquisas na área de biotecnologia para a preservação da natureza.
“Percebe-se que a ganância por riqueza não tem limites nem ética. Sabe-se das formas como a região vem sendo depredada e saqueada em seus recursos minerais, floresta e fauna. Para um desenvolvimento mais equilibrado, além de resultados eficientes do ponto de vista financeiro, as empresas precisam equilibrar também sustentabilidade ambiental e justiça social”, afirma Oduval Lobato Neto, gerente executivo de Desenvolvimento Regional do Banco da Amazônia. Neto concorda com Almeida, do Cebds, no sentido de que há legislação, mas esta sofre com falta de regulamentação e fiscalização frágeis. A solução, segundo ele, é o fortalecimento das instituições de monitoramento, para que o combate à ilegalidade seja mais severo.
Nesta caminhada de evolução no conceito de responsabilidade socioambiental, um passo importante dado pelo banco foi aderir ao recém formado Fórum Amazônia Sustentável.
Vale: reflorestamento e preservação além das áreas mineradas
Da área de 1,2 milhões de hectares no Pará, onde a Vale atua, apenas 2% são utilizados para a mineração e, ainda assim, reconstituídos, em seguida. O restante compõe-se de reservas biológicas, florestas nacionais e terras indígenas que a empresa ajuda a preservar. “Pensamos na questão ambiental desde o primeiro momento, quando fazemos a pesquisa geral, até o final da exploração, quando recuperamos as áreas”, conta Walter Cover, diretor de Gestão Ambiental e Territorial da Vale. “Temos planos ousados de investimento naquela região. Só no período de 2008 a 2009, queremos investir 20 bilhões de dólares.”
O programa Vale Florestar recupera não apenas os territórios da empresa, mas também matas nativas em lugares devastados. Assim, o ecossistema retorna ao equilíbrio. O plano é plantar o equivalente a 160 milhões de toneladas de carbono nos próximos 20 anos.
Outras ações também integram o pacote de responsabilidade socioambiental da Vale, como um sistema de monitoramento de incêndios. As iniciativas são estabelecidas em parceria, como a recente decisão da empresa de juntar-se ao Estado para deixar de fornecer matéria-prima a quem não consiga provar o cumprimento da legislação trabalhista e ambiental na Amazônia. “Estamos longe de chegar a uma situação irreversível. Tanto o governo quanto a Vale e outras empresas têm consciência de que essas ações estão na linha certa para evitar esse estágio”, observa Cover.
Grupo Orsa: segunda maior área florestal certificada na Amazônia e no Brasil
Sérgio Amoroso, presidente do Grupo Orsa, que inclui três empresas de papel, celulose e manejo florestal – mais a Fundação Orsa –, reivindica das empresas um olhar mais abrangente sobre a realidade do País. Prega, sobretudo, uma visão menos gananciosa. “É imprescindível que elas obedeçam a legislação e as normas descritas pelos órgãos certificadores, pois eles impõem regras àqueles que insistem em burlar os limites da natureza”, diz. O empresário, responsável pela iniciativa de recuperação de diversas áreas devastadas na Amazônia, também é forte defensor da atuação em parcerias. “Acreditamos ser importante a abertura de um espaço democrático para o diálogo entre os setores público e privado, que tenha como objetivo comum o desenvolvimento de práticas sustentáveis na maior floresta tropical do planeta.”
De onde veio essas idéias há muitas mais. Difícil é resumir as muitas ações do grupo em defesa de uma Amazônia sustentável. Um dos melhores exemplos é a Jari Celulose (empresa do grupo), produtora de celulose de eucalipto de mercado, instalada numa área de 1,7 milhão de hectares na Floresta Amazônica. A madeira extraída das reservas de lá tem a certificação do FSC (Forest Stewardship Council) e da ISO 14001, de gestão ambiental responsável. A Orsa Florestal, por sua vez, realiza o manejo florestal sustentável (pelo FSC) em 545 mil hectares da Amazônia e administra 92 mil hectares de uma área de preservação absoluta. As ações, chamadas com entusiasmo por Amoroso de “laboratório de sustentabilidade”, envolvem também o trabalho de educação, cidadania, capacitação e geração de renda com as comunidades locais.
“Em uma região complexa e repleta de desafios sociais e ambientais, deve-se pensar não apenas na construção de negócios rentáveis, mas também na capacitação, na geração e na distribuição de riquezas para as comunidades locais. Investir em alternativas de exploração consciente, além de ser uma política ambientalmente responsável, é uma forma de oferecer à sociedade alternativas sustentáveis de desenvolvimento”, observa Amoroso. (Colaborou Carmen Guerreiro)

Box: Objetivos do Fórum Amazônia Sustentável
1. Mobilização da sociedade para o controle social do mercado e das políticas públicas;
2. Fortalecimento do mercado de produtos e serviços sustentáveis;
3. Construção de compromissos de boas práticas produtivas;
4. Valorização do conhecimento tradicional e reconhecimento e garantia dos direitos de povos indígenas, comunidades quilombolas e populações tradicionais;
5. Estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico para a sustentabilidade;
6. Demanda de ações do Estado para ordenamento, regulação, fiscalização, monitoramento e proteção de direitos;
7. Proposição de Políticas Públicas de fomento e apoio ao desenvolvimento sustentável;
8. Fomento ao diálogo entre as organizações e redes dos países amazônicos.

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