Entrevista Juliana Nunes 2024

outubro de 2024

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Entrevista Juliana Nunes 2024 - Ideia Sustentável

Compromisso sustentável na alta liderança

Um dos diferenciais de Juliana Nunes é sua habilidade em integrar inovação técnica com uma visão estratégica de sustentabilidade. Ao longo de sua carreira, ela soube aplicar esses conhecimentos, tanto em grandes empresas, quanto no seu atual negócio, sempre buscando transformar desafios ambientais e sociais em oportunidades para o desenvolvimento sustentável.

 

Com mais de 30 anos de experiência no mundo corporativo, sendo 20 deles dedicados à Unilever, Juliana Nunes construiu sua carreira como engenheira de alimentos e especialista em sustentabilidade. Desde o final da década de 1990, quando teve seu primeiro contato com a responsabilidade socioambiental, liderou importantes projetos, ajudando a desenvolver estratégias de marca e reputação empresarial. Hoje, como empreendedora e integrante da Superliga ESG, ela continua aplicando os princípios ESG em sua empresa, com o objetivo de aproximar o mercado de práticas mais sustentáveis.

 

Ideia Sustentável: Você tem uma trajetória em grandes empresas de setores distintos. Como você percebe a evolução conceitual da sustentabilidade ao longo do tempo, principalmente no mundo corporativo?

Juliana Nunes: Temos observado diversas evoluções, e eu destacaria, em primeiro lugar, a perspectiva de inovação. Isso inclui uma série de processos, como o aprimoramento técnico para o tratamento de efluentes, a implementação de aterros zero, o controle de emissões e a substituição de fontes de energia. Sem dúvida, esses avanços são inegáveis. Também é importante mencionar o surgimento de novas tecnologias e produtos. A governança, nesse sentido, também evoluiu, com a disponibilização de ferramentas, diretrizes, rankings e questionários. Esse progresso é sensacional. Defendo a importância dos rankings e guias para que as empresas possam realmente avaliar seu desempenho.

Um bom exemplo é a B3 e seus próprios questionários e ferramentas, que ajudam as empresas, independentemente de serem de capital aberto ou não, a realizar uma autoavaliação e compreender como estão posicionadas em relação aos indicadores.

Entretanto, enfrentamos desafios e tendências, especialmente no que diz respeito ao gê do ESG, que envolve a gestão. É importante não apenas aprofundar a governança, mas também garantir uma gestão eficaz do ESG. Quando analiso uma linha do tempo de eventos, como acidentes ambientais e crises financeiras que levaram ao fechamento de empresas, percebo que as causas ainda são bastante semelhantes.

 

IS: Se nós olharmos para a média, a régua subiu?

JN: Acredito que a régua subiu na perspectiva ambiental, e isso se deve a uma demanda crescente e a desafios mais complexos. Um exemplo é a crise hídrica severa que enfrentamos em 2014 na região de Itu, onde realizamos um planejamento cuidadoso com os stakeholders. Embora várias medidas tenham sido implementadas, é importante refletir sobre como podemos aprender com crises. Essa análise deveria ser feita de forma genuína, semelhante à investigação de acidentes aéreos, na qual se busca identificar abertamente em que poderíamos ter agido de maneira diferente.

Sem dúvida, a régua subiu e houve um desenvolvimento, mas não podemos deixar de analisar os resultados. Ao observar as perspectivas social e ambiental, ainda encontramos situações alarmantes e críticas que exigem nossa atenção.

 

IS: O Ricardo Voltolini tem trabalhado ao longo dos anos para unir o topo da pirâmide pensante da sustentabilidade corporativa. Você acredita que essa união pode provocar mudanças significativas?

JN: Eu acredito totalmente nisso, especialmente porque já vimos vários exemplos de pessoas na alta liderança que, de alguma forma, tiveram contato com os temas da sustentabilidade desde o início e continuam a promovendo.

É importante ressaltar que nem sempre é a primeira vez que essas pessoas lidam com esses assuntos; muitas delas já trazem experiências prévias. Temos grandes líderes, como Paul Polman, que foi um precursor na Unilever e continua ativo hoje, buscando maneiras de influenciar positivamente. Esse trabalho é como o de uma formiguinha, realizado com prazer e convicção. Existem muitos líderes tentando fazer as coisas de maneira diferente, e há várias iniciativas bacanas, muitas das quais são admiráveis, mesmo que não venham de empresas listadas na bolsa.

Acredito que esses casos devem ser destacados, mas percebo uma certa lentidão em ampliar essa discussão sobre a alta liderança realmente engajada. O que quero dizer é que ainda há poucas empresas com uma governança sólida, com conselhos de administração ou consultivos que assessorem adequadamente.

 

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