Empreendedores sociais na agenda sustentável

Empreendedores sociais na agenda sustentável

IS: O que é um empreendedor social?
Amy: São indivíduos que estão tentando trazer a solução para os problemas sociais, econômicos e ambientais. Existem muitas definições. Pamela Hartigan, diretora do Skoll Centre for Social Entrepreneurship, em Oxford, por exemplo, define usando a seguinte equação: Richard Branson (fundador do grupo Virgin) + Madre Teresa = Muhammad Yunus. Já a Ashoka define como indivíduos com soluções inovadoras para os problemas mais severos da sociedade. Em resumo, são pessoas, normalmente visionárias, que criaram empresas com modelos de negócio, produtos e serviços inovadores, algumas visando ao lucro e outras não.
IS: Poderia exemplificar alguns empreendedores sociais bem-sucedidos e suas atividades?
Amy: Vou citar três exemplos bem interessantes:
1) Muhammad Yunus, banqueiro e economista, fundador do Grameen Bank (GB). O seu banco fornece crédito para a população mais pobre da área rural de Bangladesh sem comprovação de renda.  Em abril de 2010, o banco apresentava 8,1 milhões de mutuários, sendo 97% mulheres. Com 2.564 franquias, o GB oferece serviço em 81.355 vilas, cobrindo mais de 97% de todas as vilas de Bangladesh.
2) Jeff Skoll, criador e fundador da eBay, dirige a Skoll Foudation, organização especializada em investimento em empreendedores sociais. Ele também ajudou a fundar outras empresas sociais, como por exemplo, a Participant Media, empresa de entretenimento que produziu o filme Uma Verdade Inconveniente e está focada em inspirar mudanças sociais.
3) Outro exemplo é o chefe de cozinha Jamie Oliver e seu restaurante Fifteen. Além de produzir pratos de alto padrão, ele emprega, inspira e treina jovens sem perspectivas. A intenção do Oliver para o futuro é construir uma empresa social global. Hoje, esse modelo já é replicado em todo Reino Unido, Amsterdã e Melbourne (Austrália).
IS: Que exemplos de empreendedores você destacaria no Brasil?
Amy: Existem inúmeros empreendedores sociais no Brasil. Poderia citar:
1) André Albuquerque, premiado pela Fundação Schwab como empreendedor social do ano de 2009 na América Latina. Ele criou a Terra Nova, uma empresa comprometida com a regularização de terrenos ocupados ilegalmente em áreas urbanas no Brasil.
2) Claudio e Suzana Padua, que fundaram a ONG IPÊ, na qual promovem a conservação e desenvolvimento sustentável dos recursos naturais do Brasil; em 2006, junto com a Natura Cosméticos, criaram uma universidade (ESCAS) para desenvolver o empreendedorismo social no Brasil.
3) David Hertz, fundador do Gastromotiva, um programa desenvolvido para criar melhores oportunidades para jovens pobres através de cursos de culinária (ideia semelhante à do chefe de cozinha Jamie Oliver).
IS: Você acha que os empreendedores sociais podem criar a mudança social em larga escala de que precisamos?
Amy: Muitos empreendedores sociais apresentam visão, direção e paixão para criar uma mudança social. No entanto, é preciso envolvimento de outros setores da sociedade para fazer mudanças em escala global, como por exemplo, o de ONGs, setor privado, governo e universidades. Em um artigo recente para a McKinsey & Company, Um Novo Paradigma para Mudança, John Elkington identifica que, sem o engajamento de outros setores, os empreendedores sociais sozinhos não serão capazes de nos levar às mudanças necessárias até 2050. Ele afirma que é preciso mudanças de modelos mentais, comportamento e cultura. Apenas integrando todas essas variáveis conseguiremos desenhar um novo paradigma econômico.  (Rafael Chiaravalloti)

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