Em busca de um plano B

20 de outubro de 2009

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Como conduzir a sociedade a uma nova trajetória de crescimento sustentável na velocidade que a crise atual requer? A questão inquieta tanto a céticos quanto entusiastas da sustentabilidade. Às vésperas da negociação de um acordo para frear o aquecimento global, Lester Brown aponta o caminho para formular estratégias coletivas de mudança em seu mais recente livro: Plano B 4.0: Mobilização para salvar a civilização, que será lançado em português em outubro pelas editoras New Content e Ideia Sustentável, com o patrocínio do Bradesco.
A edição brasileira está sendo lançada quase que simultaneamente a dos EUA. No Brasil, haverá um tiragem impressa distribuída para bibliotecas, escolas, universidades, ONGs e centros de estudo. Os conteúdos serão disponibilizados para download gratuito no site www.bradesco.com.br/rsa.
O caminho proposto por Brown, que é um dos mais renomados ambientalistas do mundo, baseia-se em três estratégias principais: estabilizar o clima e a população, erradicar a pobreza e restaurar os suportes naturais da natureza, como água, solo e ar.
Para colocar esse plano em prática, ele reforça que será necessário um enorme esforço internacional, muito maior e mais complexo do que o do Plano Marshall que ajudou a reconstruir a Europa e o Japão. “Tal iniciativa deve ser tomada na velocidade de uma medida de guerra, ou seja, antes que a deterioração ambiental resulte em declínio econômico, como aconteceu com civilizações antigas que violaram o limiar da natureza e ignoraram seus prazos”, defende.
Brown argumenta ainda que já dispomos das ferramentas e tecnologias para implementar o Plano B. Em seu livro, ressalta experiências bem-sucedidas de mudança em todo o mundo, prontas para serem replicadas, seja na redução do uso de água para irrigação ou na otimização do solo para segurança alimentar, seja ainda no planejamento de cidades mais centradas nos indivíduos, na contenção do desflorestamento, no controle de natalidade ou na inclusão do custo do carbono no preço de produtos.
Para Fernando Almeida, presidente do Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds), descuidamos de tal maneira dos serviços ambientais do planeta que apenas mitigar os estragos não basta, especialmente quando analisamos a curva do aquecimento global nos últimos 200 anos. “As ideias expostas por Lester Brown devem servir de estímulo para assumirmos uma atitude capaz de subverter a ainda prevalente ordem econômica, que utiliza os recursos naturais irracionalmente e exclui do mercado parte expressiva da população”, ressalta.
O que propõe o Plano B:
Para Lester Brown, ao insistirmos no modelo tradicional de fazer negócios que ignora as externalidades da atividade econômica no meio ambiente, não colocamos em risco o Planeta, mas a nossa própria sobrevivência.  Por isso, propõe uma mobilização global para salvar nossa civilização, baseada em três metas interdependentes: estabilizar o clima e a população, erradicar a pobreza e restaurar os suportes naturais da natureza, como água, solo e ar.
A verdade ambiental:
A solução para a construção de uma economia global apta a sustentar o progresso econômico é a criação de um mercado honesto, que diga a verdade ecológica. Para criá-lo, segundo Brown, precisamos reestruturar o sistema tributário, reduzindo os impostos sobre o trabalho e aumentando os sobre as emissões de carbono e em outras atividades ambientalmente destrutivas. É urgente incorporar esses custos indiretos no preço de mercado.
Investimento necessário:
Consegue-se colocar em ação o Plano B com um orçamento anual de US$ 187 bilhões. Entre as providências sociais (US$ 77 bilhões), incluem-se educação primária universal, erradicação do analfabetismo, merenda escolar para os 44 países mais pobres, saúde reprodutiva e planejamento familiar, saúde básica universal e disseminação do uso de preservativos. No campo das medidas ambientais (US$ 110 bilhões), destacam-se o plantio de árvores para sequestrar carbono, conter enchentes e conservar o solo, a proteção à biodiversidade e a estabilização dos recursos hídricos. Apenas para efeito de comparação, esse valor corresponde a 13% dos gastos militares globais que supostamente atendem a uma necessidade de defesa da humanidade.
Os três modelos:
Para Brown, as mudanças sociais importantes podem ser classificadas em três modelos. Um deles é o da catástrofe, muito apregoado por cientistas, segundo o qual apenas fatos dramáticos e dolorosos levam uma sociedade a rever suas formas de pensar e agir. O segundo se baseia na noção de que uma sociedade só se transforma depois de um longo período de mudanças graduais de pensamento e atitude. E o terceiro considera que toda mudança eficaz decorre de uma combinação de pressão feita por setores ativistas com o apoio de fortes lideranças políticas. O último, segundo o autor, é, de longe, o mais interessante, porque permite gerar mudanças com maior agilidade. Em sua defesa, ele lembra o recente enlace entre as pressões dos movimentos populares contra a emissão de carbono e o ideário do presidente Barack Obama, que resultou, entre outras medidas, na suspensão da construção de novas usinas termoelétricas movidas a carvão nos EUA.
Leia mais sobre o Plano B:
Ele tem um plano B
Plano B para salvar a civilização

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