“É preciso ousadia para avançar no tema das mudanças climáticas”, afirma ministra do Meio Ambiente

“É preciso ousadia para avançar no tema das mudanças climáticas”, afirma ministra do Meio Ambiente

Izabella Teixeira, Tasso Azevedo e Jorge Abrahão

Oportunidades e desafios nortearam as discussões sobre mudanças climáticas e os impactos na nova economia. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, citou três grandes desafios: o controle do desmatamento; a definição de planos setoriais com uma agenda convergente entre as propostas estaduais e federal; e o mercado de carbono. Tasso Azevedo, consultor em questões de clima, florestas e sustentabilidade, acrescentou aos desafios citados pela ministra a necessidade de criação de “um sistema robusto de monitoramento anual das emissões e um modelo de governança que funcione”.

“Ao contrário da nossa autoimagem, não somos um país próximo à economia de baixo carbono. Estamos muito longe”, alardeou Tasso Azevedo. Segundo ele, num cenário em que o mundo emite 50 giga toneladas de gases de efeito estufa, o Brasil é responsável por dois giga toneladas e deveria chegar em 2050 emitindo 0,4 giga toneladas. Para o consultor, “o desafio é dividir a conta entre os vários setores”.

“Mudar profundamente os padrões de produção e consumo talvez seja a solução. As mudanças climáticas colocam ricos e pobres no mesmo barco e, por isso, cooperar é preciso”, afirmou Luiz Pinguelli Rosa, representante do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas.

O painel contou também com a apresentação de importantes iniciativas para a mitigação das mudanças climáticas. Davi Canassa, gerente corporativo de sustentabilidade da Votorantim Industrial, na ocasião representando o Fórum Clima, contou sobre as reuniões mensais realizadas pelas empresas que assinaram a Carta Aberta ao Brasil sobre Mudanças Climáticas. Segundo ele, o objetivo do Fórum é debater, buscar propostas e elevar o tema a um novo patamar. “As empresas participantes acreditam que o setor empresarial pode contribuir para a transição para uma economia de baixo carbono”, analisa Canassa.

Paula Bennati, analista sênior de meio ambiente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), acredita que o Brasil está vivendo um momento muito importante e pode vir a ser um protagonista internacional. “Não estamos num momento de elevar custos, nem tributos. Precisamos de mecanismos mais eficientes para avançarmos na agenda das mudanças climáticas”, avalia a analista.

“O que é mensurável pode ser mitigado. Neste sentido, não haverá mitigação de emissões sem gestão, sem diálogo e sem inovação”, ponderou Bárbara Oliveira, representante do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes-FGV). Mas, acima de tudo, na visão dela, é preciso pensar além do clima, além das emissões. “Precisamos falar sobre o modelo de desenvolvimento que queremos”.

A presidente executiva do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Marina Grossi, vê com bons olhos o cenário atual: “avançamos muito desde a COP-15. Mitos foram derrubados e hoje o Brasil já tem uma série de iniciativas, como os empregos verdes”. Na mesma linha de pensamento está a ministra Izabella Teixeira, que acredita que o papel do setor privado, há 20 anos, era tímido e hoje é fundamental para a nova economia. “Pelas apresentações que vimos hoje do Fórum Clima, do CEBDS, da CNI, enfim, podemos dizer que o Brasil tem algo que o resto do mundo não tem. Agora precisamos de conteúdo para levar à Rio+20 e, acima de tudo, precisamos começar o movimento pós-Rio+20, ou seja, não parar no evento em si”, afirmou. A ministra disse ainda que “é preciso ousadia para avançar no tema das mudanças climáticas”.

[Fonte: Agência Envolverde]

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