O dia 17 de maio foi instituído pela UNESCO como o Dia Internacional da Reciclagem. O objetivo da criação dessa data é estimular a reflexão sobre as questões ambientais e o consumo. Mas como fica a reciclagem durante a pandemia de coronavírus?
Durante o período de pandemia de Covid-19, os órgão de saúde recomendam o isolamento social como forma de conter a disseminação do novo coronavírus. Contudo, serviços essenciais continuam funcionando, como a coleta urbana de resíduos sólidos. Além disso, muitos catadores e cooperativas de reciclagem dependem do descarte correto e seguro de resíduos.
Na megalópole de São Paulo, maior área urbana do Brasil, a geração de resíduos sólidos diminuiu durante o isolamento social, segundo a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb). De acordo com o órgão, a diminuição da geração de resíduos deve-se ao fechamento de serviços presenciais não essenciais.
Entretanto, o levantamento aponta um aumento de 25% na coleta seletiva, o que indica uma mudança de comportamento do paulistano, mais adepto à separação de materiais recicláveis.
“Esses números, que são dados preliminares, podem estar ligados a uma maior adesão dos paulistanos à reciclagem, assim como uma menor geração de resíduos nas ruas durante o período de quarentena por causa do coronavírus”, afirma a Amlurb em nota.
Contudo, apesar de uma maior adesão da população à reciclagem, a crise causada pela Covid-19 tem impactado fortemente essa cadeia. Em muitas localidades do país, a coleta e triagem de materiais recicláveis foram paralisadas, mas muitos trabalhadores informais continuam nas ruas coletando materiais, pois dependem dessa atividade para sua sobrevivência, mas ficam expostos à contaminação. Ainda não há um consenso definitivo entre os órgãos responsáveis pela atividade.
A Prefeitura de São Paulo, por meio da Amlurb, elaborou o Plano de Contingência de Gestão de Resíduos Sólidos em Situação de Pandemia, visando assegurar mais segurança à saúde dos agentes de limpeza urbana. O documento conta com medidas como ampliação dos protocolos de higiene e reforço na comunicação e orientação dos funcionários. Já as cooperativas de reciclagem que recebem resíduos da coleta seletiva municipal tiveram suas atividades temporariamente suspensas, mas muitos catadores de materiais recicláveis, muitas vezes informais, continuam nas ruas e precisam da contribuição da população para manterem-se seguros.
De acordo com a Recicla Sampa, iniciativa das concessionárias de resíduos da cidade de São Paulo, algumas medidas podem ser realizadas para diminuir o risco de contaminação dos profissionais que trabalham com coleta de resíduos:
Algumas empresas têm incentivado a reciclagem e apoiado cooperativas de catadores durante a pandemia de Covid-19.
A Natura, por exemplo, intensificou compromissos com fornecedores de embalagens, cooperativas e catadores, no Brasil e América Latina. As ações incluem orientações de cuidado e prevenção, doação de sabonetes e apoio financeiro. Foram cerca de 53 mil produtos de higiene pessoal doados na América Latina para a cadeia de reciclagem.
Partes das ações é realizada por meio do Programa Natura Elos, que estabelece responsabilidade compartilhada entre a empresa e cooperativas, recicladores e fabricantes. “Quando trabalhamos com um fornecedor de materiais reciclados, queremos saber quem coleta os resíduos, quem os transforma em matéria-prima reciclada e em que condições socioambientais ele trabalha”, explica Denise Hills, diretora global de Sustentabilidade da Natura.
A Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) também criou um plano de auxílio financeiro para contribuir com cerca de 5 mil catadores, distribuídos em 20 estados e Distrito Federal.
“Em levantamento realizado com as mais de 150 cooperativas parceiras, os números apontam que 98% estão com suas operações totalmente paralisadas por força de decretos ou recomendações sanitárias, ou ainda, com suas operações comprometidas devido à paralisação de coleta e a dificuldade ou impossibilidade de venda dos materiais. E mais, 88% dessas não contam com qualquer espécie de suporte temporário por parte de governos locais e estaduais”, afirma Rose Hernandes, diretora de Meio Ambiente da ABIHPEC.
A Coca-Cola criou um fundo para beneficiar comunidades de baixa renda e também catadores de resíduos. Os recursos são destinados a ONGs e instituições que, nos últimos 20 anos, foram parceiras da empresa em programas de capacitação de emprego, acesso à água e reciclagem.
“Reconhecemos que o momento é difícil para todos e garantimos que nossas decisões são baseadas em empatia e solidariedade. Buscamos contribuir, mantendo nossas operações e direcionando nossos recursos para ajudar os segmentos mais vulneráveis da população com os quais já temos um relacionamento sólido e de longos anos”, explica Henrique Braun, presidente da Coca-Cola Brasil.
Em outra frente, a empresa apoia a Campanha de Solidariedade aos Catadores do Brasil, da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat), para que catadores autônomos também recebam apoio. As iniciativas beneficiam cerca de 11 mil catadores cooperados e autônomos.
Já a Ambev, por meio da marca Guaraná Antarctica, promove no dia 16 de maio um festival online de música para arrecadar fundos emergenciais para catadores de materiais recicláveis. Além de reunir artistas para entreter as pessoas durante isolamento social, o festival visa sensibilizar a sociedade a respeito da importância da reciclagem e receber doações ao financiamento coletivo Renda Mínima Pros Catadores, iniciativa da ONG Pimp My Carroça. O festival será transmitido pelo canal do Guaraná Antarctica no Youtube.
“Apoiar os catadores em um momento crítico como o atual é o mínimo que podemos fazer. É uma forma de retribuir pelo trabalho incrível que eles sempre fizeram. Catadores de materiais recicláveis são os principais agentes ambientais do Brasil”, afirma Mundano, ativista e fundador do Pimp My Carroça.
A Braskem e a Novelis também são empresas preocupada com a vulnerabilidade das famílias de catadores e cooperativas de reciclagem, e têm organizado ações para ajudar, especialmente, as que fazem parte de sua cadeia de valor.
A Braskem realizou a doação de cestas básicas e kits de higiene para cooperativas de reciclagem e famílias de catadores nos estados de Alagoas, Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
Já a Novelis, por meio da Liga da Reciclagem, movimento da empresa para beneficiar mais de 700 catadores de cooperativas parceiras, tem feito uma ação para doar cestas básicas e máscaras de tecido. Além disso, a iniciativa propõe a divulgação de informações sobre prevenção, saúde e segurança por meio de uma campanha por WhatsApp e, também um evento online com a presença de uma médica do trabalho e do diretor de EHS.
Confira, ao clicar na imagem abaixo, o que as empresas estão fazendo para ajudar a sociedade durante a crise do coronavírus.
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