“Una-se a mais de 216.233 americanos que desejam uma ação corajosa em relação às mudanças climáticas.”
A frase – que pretende estimular internautas a aderirem a um movimento em busca de soluções para o aquecimento global, pressionando governos e empresas a tomarem uma atitude diante desse desafio – está em destaque no portal da 1Sky.org, maior campanha colaborativa voltada ao engajamento e debate das questões climáticas na sociedade civil. Desde 2007, líderes de meio ambiente, direitos humanos, negócios, grupos de jovens, entre outros, se uniram por meio da plataforma virtual na busca de soluções reais.
Para tanto, a 1Sky.org, promove lobby direto com políticos, realiza campanhas locais e disponibiliza ferramentas como o Social Media Toolkit, material direcionado aos cidadãos que desejam promover a campanha nas redes sociais, que têm se mostrado grandes aliadas na disseminação da consciência socioambiental. Além disso, também oferece um guia de dicas para planejamento, execução e acompanhamento de ações locais pelo clima.
Em conversa com Ideia Sustentável durante o Fórum de Sustentabilidade do festival Starts With You (SWU), Gillian Caldwell, diretora da 1Sky.org, falou sobre o papel de governos, empresas e sociedade civil para uma economia de baixo carbono e a importância das mídias sociais nesse processo.
Ideia Sustentável – Quais são os principais desafios para aproximar negócios, sociedade civil e organizações na busca de soluções para as mudanças climáticas? Qual o papel dos governos nesse processo?
Gillian Caldwell – O estabelecimento da colaboração entre organizações em um nível não governamental é realmente responsabilidade das pessoas e dos líderes dessas organizações. Nossa campanha colaborativa agrega mais de 600 ONGs e trabalhamos para ajudá-las a entender as conexões relativas à sustentabilidade.
Em relação aos governos, é necessário que eles atuem no sentido de criar e assegurar a sustentabilidade, por exemplo, na educação pública, incluindo questões socioambientais na grade curricular. Além disso, devem impedir que se polua de graça, promover o transporte público e realizar investimentos em energia limpa e renovável.
Do lado da sociedade civil, as pessoas podem fazer sua parte organizando-se para gerar pressão nesses governos, pois também é responsabilidade deles proteger e preservar o ambiente para as pessoas que governam.
As empresas também têm sua responsabilidade. Devem pensar além sua margem de lucro – qual o seu papel perante as comunidades e o planeta? Se elas pensarem apenas em termos de lucro no curto prazo, suas fontes vão se esgotar.
As companhias do setor energético, por exemplo, possuem reservas limitadas cada vez mais caras e perigosas de serem alcançadas, como vimos no caso do desastre ambiental da extração do petróleo no Golfo do México. Precisamos nos mover em busca de novas fontes de energia e os governos precisam levar as companhias nessa direção.
IS – No caso do atual modelo insustentável de consumo, como seria possível estimular os cidadãos a rever seus hábitos em meio a tantos estímulos da mídia induzindo-os a consumir cada vez mais?
Gillian – Acredito que a questão esteja relacionada à seguinte reflexão: a mídia reflete a cultura ou a mídia cria a cultura? Em alguns níveis a mídia reflete a cultura e em algum nível a cria, mas nós não somos robôs, não somos automáticos, temos o poder da escolha.
A solução desse dilema também está relacionada a nos educarmos para entender melhor o que está acontecendo e questionarmos se realmente temos que comprar mais coisas para sermos felizes.
Na verdade, a felicidade está na convivência em comunidade, na conexão com as pessoas, na harmonia com o planeta, e não em uma forma de vida alienada na qual estamos constantemente trabalhando para ganhar dinheiro e gastá-lo com coisas que nos façam ganhar mais dinheiro. Há uma vida melhor para ser vivida.
Essa é a questão. Se você olhar para as taxas de depressão e suicídio no mundo todo, começamos a entender o valor da comunidade e perceber que onde se consome menos se é mais feliz. É possível viver de forma diferente, mas temos de ser fortes e mudar nossas escolhas.
IS – Qual a importância das redes sociais nesse processo de disseminação de novos valores?
Gillian – As redes sociais são incrivelmente importantes. O Facebook, obviamente, é um completo fenômeno, alcançando um número enorme de pessoas e gerando uma extensa rede de comunicação.
Infelizmente, a maior parte dessa comunicação é quase sem sentido. Estamos reforçando os mesmo valores culturais e, a partir dessa percepção, surge uma outra reflexão – como podemos fazer com que o as mídias sociais trabalhem realmente a favor do engajamento de forma mais organizada? Nos Estados Unidos estamos usando o Facebook para ajudar comunidades ao redor do país a se unirem, construindo uma unidade e possibilitando um trabalho conjunto visando o futuro.
Confira vídeo da 1Sky.org com três soluções defendidas pela campanha para o combate ao aquecimento global com base em uma economia movida por energias renováveis
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