Educação para sustentabilidade

20 de janeiro de 2010

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ELIAS e as quatro competências para a sustentabilidade
Como professor do MIT e consultor, Otto Scharmer trabalhou por mais de 10 anos em processos inovadores de grandes companhias. Percebeu que muitas das inovações não alcançavam as dimensões necessárias para promover mudanças sociais. Desde então, têm se dedicado a compreender as condições que resultam em grandes descobertas capazes de transformar realidades.
Junto com outros pesquisadores da SOL, entrevistou lideranças de todo o mundo e, a partir das informações colhidas, sistematizou um processo de aprendizagem com significado que ficou conhecido como Teoria U (leia mais sobre o tema na edição 13 de Ideia Socioambiental).
O modelo, que tem a autoconsciência como fonte suprema para processos de inovação e mudança social, norteia a formação de lideranças no ELIAS. O programa, iniciado em 2006, procura formar uma rede de lideranças atuando coletivamente na promoção de sistemas de mercados sustentáveis globalmente, capazes de construir capital humano, ambiental, social e econômico-financeiro.
Para tanto, foca-se no desenvolvimento de quatro competências específicas. A primeira, segundo Scharmer, é a capacidade de ouvir e dialogar. “A sustentabilidade envolve uma constelação de stakeholders com posições e formas de pensar diferentes. Se o líder não tiver a capacidade de ouvir essas opiniões não conseguirá conduzir nenhum projeto, cujo objetivo seja a sustentabilidade”, destaca Scharmer.
A segunda competência é a empatia e refere-se à capacidade de interpretar o mundo a partir da visão do outro, enxergando o sistema por diferentes ângulos. “O verdadeiro líder é capaz de desenvolver uma conexão emocional com diferentes atores, especialmente com aqueles que estão à margem do sistema e não possuem recursos suficientes para organizar seu próprio grupo de pressão”, afirma o fundador do ELIAS. Os líderes –crê– também devem ser capazes de envolver as pessoas em um processo de diálogo. Essa condição pressupõe o estabelecimento de uma conversa que ajude as pessoas a refletir sobre elas mesmas.
Já a terceira competência é o que Scharmer chama de open-will (vontade aberta). O desenvolvimento dessa capacidade requer o conhecimento e vivência nas realidades que se pretende transformar, um movimento de ir aos lugares e observar suas dinâmicas para atingir uma fonte de conhecimento mais profunda. “Nesse processo, é preciso abrir mão de julgamentos habituais, emergindo com um senso maior de quem somos ou quem podemos ser”, destaca. A quarta e última competência consiste em prototipar, transformando as descobertas da aprendizagem em resultados práticos. “É preciso transformar ideias em ações rapidamente, unindo as três inteligências: manual, intelectual e emocional”, completa Scharmer.

Agentes de mudança
A primeira turma do ELIAS contou com 26 profissionais de 16 países. Com duração de 18 meses, o programa propõe jornadas de aprendizagem, nas quais os participantes são convidados a refletir sobre determinada questão, tomando contato com a realidade. Assim, as respostas são obtidas a partir de experiências e descobertas conjuntas.
Os líderes que participam do ELIAS são escolhidos a dedo. Além da característica intersetorial, o programa busca lideranças que já tenham envolvimento com a sustentabilidade nas diferentes organizações em que atuam. O nível de consciência e preocupação em relação aos aspectos socioambientais também constitui um critério, assim como a capacidade de incorporar essas questões no dia-a-dia.
O autoconhecimento norteia todas as atividades do ELIAS. Na construção dele, o programa lança mão de métodos pouco convencionais e certamente estranhos para os padrões do MIT. Além de apresentações em grupo e das jornadas de aprendizagem já citadas, inclui atividades como “o dia do silêncio” e mentalização.
O empresário Marcelo Takaoka, presidente da Takaoka Empreendimentos e do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável, conta que a sua primeira reação foi de surpresa em relação à proposta. “O ELIAS é uma experiência de vida. No primeiro dia de atividades, imaginei que, por se tratar de um programa do MIT, um instituto de tecnologia, iria me deparar com um fluxograma de decisões e outras ferramentas tradicionais de gestão. De repente, os mentores propuseram: ‘observem, observem e observem. Internalizem suas observações e esperem as conclusões brotarem aleatoriamente”, relata.
Depois o empresário veio a compreender que, no fundo, o método consistia em uma ferramenta importante para resolver problemas complexos. Segundo Takaoka, o grande diferencial do ELIAS é justamente a interiorização para a tomada de decisão, provocada pela Teoria U. “Não existe tecnologia para processar tantas informações no tempo e as interações que precisamos. Para descrever um quadro, por exemplo, um computador fará uma análise técnica, separando cor por cor, o que não dará a noção do todo. A capacidade de processamento da mente humana é maior do que qualquer metodologia linear”, reforça.
A despeito de eventual estranhamento ou ceticismo diante das práticas pouco convencionais do ELIAS, Janine Saponara, diretora da Agência de Comunicação Lead e uma das participantes do programa, pondera: “A proposta não entra em um nível de autoajuda, mas permite o autoconhecimento em profundidade. Não dá para ser um líder, da forma com que a atualidade está exigindo, em um nível superficial. É preciso se conhecer profundamente.”
Transcender as barreiras que dividem governos, sociedade civil e empresas, construindo soluções coletivamente é o principal desafio enfrentado pelos líderes formados no programa. Para isso, eles contam com o suporte dos próprios colegas, conectados em uma rede internacional, e parcerias que se configuram no ambiente do curso. “Cabe aos participantes co-criar novas realidades e alcançar outros estágios de desenvolvimento à medida que completam os protótipos desenhados, o que representa fonte de inspiração para outros líderes”, ressalta Scharmer.

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