Relatórios de Sustentabilidade

28 de janeiro de 2010

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No final de 2009, a consultoria Ideia Sustentável divulgou o estudo “Como eram, são e serão feitos os relatórios de sustentabilidade”, uma sondagem qualitativa, com 40 questões abertas, que se propôs a investigar, de modo inédito, a evolução e as tendências para o futuro relacionadas à prática de elaborar relatórios de sustentabilidade.
Entre outros pontos interessantes, os entrevistados de 50 grandes empresas brasileiras descreveram as dificuldades encontradas no processo de elaboração de seus relatórios até 2008. Para organizar a análise, essas dificuldades podem ser distribuídas em três blocos: (1) coleta e sistematização de informações; (2) envolvimento e preparo de equipes internas; (3) falta de cultura interna.
Trinta entrevistados apontaram a falta de um sistema, um padrão, de coleta e gestão das informações como um importante obstáculo inicial à produção de relatórios, especialmente porque foram levados a considerar “indicadores novos e mais complexos. “A empresa nunca tinha pensado naqueles dados. E então passou a ter que prestar atenção a indicadores novos de desempenho”, disse um dos executivos entrevistados. “Os dados estavam espalhados e tínhamos que correr atrás. Era difícil homogeneizar a gestão dos indicadores, a gestão do conhecimento e da informação”, considerou um segundo executivo ouvido. “No campo da gestão, perguntas propostas pelos indicadores do GRI, sobre as quais nunca havíamos refletido, contribuíram para mensurar melhor e rever processos de gestão”, afirmou outro gestor.  “Sentimos falta de um sistema, um software, capaz de nos guiar no processo de coleta de informações da fonte até o final”, relatou mais um dos entrevistados.
O estudo mostra que as dificuldades na coleta e sistematização de informações foram especialmente agravadas pelo baixo envolvimento das áreas e das equipes. Onze entrevistados identificaram  que os colaboradores/gestores/áreas resistiram a participar do processo por não enxergarem razão, por se sentirem sobrecarregados (vendo no relatório um trabalho a mais) ou mesmo porinsegurança em relação a transmitir informações que guardavam como segredos de seus departamentos.
Para oito executivos, o despreparo técnico e o desconhecimento sobre os modelos (principalmente os mais complexos, com mais indicadores, como o GRI) impuseram maior dificuldade ao processo. Cinco deles consideraram muito difícil, por falta de domínio técnico, “ajustar as especificidades do negócio aos modelos disponíveis.”
Já as indicações relacionadas à “falta de cultura interna” somaram  dezoito. Para dez entrevistados, a empresa “não estava preparada para compreender e dar importância ao relatório e ao seu processo.” Na avaliação de cinco gestores, atrapalhou muito o fato de a companhia impor “restrições à divulgação de determinados dados”, principalmente os econômicos e de governança, por falta de transparência ou mesmo contingência de mercado (as de capital fechado não são obrigadas a prestar contas de suas atividades.).
Para sete empresas, no entanto, “não houve dificuldade” pelo fato de terem adotado inicialmente modelos de relatório mais simples e menos exigentes em termos de processos de coleta e organização de dados.
Na análise de 2008, o número de empresas alegando não ter tido nenhuma dificuldade técnica subiu para dezessete. O argumento foi, no caso específico dos que utilizam o modelo GRI, uma melhor incorporação dos processos e uma maior familiaridade com a metodologia, e seus procedimentos para coleta de dados e envolvimento de áreas/pessoas.
A rigor, entre os que alegaram ter dificuldades, estas seguiram praticamente as mesmas que, de alguma forma, já eram observadas no período anterior, nos três blocos, como por exemplo:
(A) Coleta e sistematização de informações

(1)                 Coleta de dados junto às áreas (08)
(2)                 Cruzamento de vários indicadores em um único sistema (03).
(3)                 Adoção de novos indicadores (01)
(B) Envolvimento e preparo de equipes internas

(1) Complexidade e abrangência do GRI (03)
(2)                 Capacitação de pessoas (02)
(C) Falta de cultura interna

(1)                 Baixo envolvimento das áreas (08)
(2)                 Inserção do processo na cultura da empresa (02)
(3) Insegurança das pessoas na transmissão de informações consideradas estratégicas. (02)
(4)                 Falta de compromisso da alta direção (02)
Mas também surgiram algumas –poucas — dificuldades novas, antes não relatadas, como, por exemplo:
(A) Coleta e sistematização de informações
(1) Acompanhamento de metas geradas pelo relatório e esforço pela melhoria contínua dos processos (02)

(B) Envolvimento e preparo de equipes internas
(1)                 Mudanças de equipes ao longo do processo (01)
(C) Falta de cultura interna
(1)       Engajamento de stakeholders (05)

No esforço de compreender como as empresas fizeram para superar dificuldades técnicas no processo de elaboração de relatórios, os responsáveis pelo estudo realizado pela consultoria Ideia Sustentável, fizeram uma pergunta direta aos gestores das 50 grandes empresas brasileiras selecionadas na amostragem.
Em relação às dificuldades relacionadas á “coleta e sistematização de informações”, destacaram-se as seguintes medidas, por ordem decrescente de indicações: (1) criação de comitês/instâncias internas para fazer a integração de dados entre as áreas (2)acompanhamento/vinculação das metas do relatório ao Planejamento Estratégico para inserir o tema na gestão; (3) criação de umaferramenta eletrônica para reunir e disponibilizar os questionários relacionados a indicadores; (4) contratação de consultoria especializada em GRI para dar suporte ás equipes internas; (5) realização de benchmarking para fazer comparações de práticas; e (6) criação de um software para reunir todas as informações e metas da empresa.
Já em relação à solução para dificuldades relacionadas ao envolvimento e preparo de equipes internas, destacaram-se as seguintes medidas, por ordem decrescente de indicações: (1) treinar os gestores para o modelo GRI; (2) criar pontos focais/estruturas internas nas áreas para fazer a informação circular adequadamente; (3) capacitar pessoas para os conceitos de sustentabilidade.
Em relação à solução para dificuldades relacionadas à “falta de cultura interna”, destacaram-se as seguintes medidas, por ordem decrescente de indicações conforme o quadro a seguir:

Soluções para dificuldades relacionadas à “Falta de cultura interna
Menções

Ø       Realização de encontros e canais de diálogo e engajamento com as partes interessadas para construir a materialidade dos grandes temas do relatório


7

Ø       Maior envolvimento/engajamento da alta direção

6

Ø       Criação de um departamento/área de sustentabilidade para coordenar as demandas do relatório

3

Ø       Estabelecimento de  compromissos com a melhoria contínua das metas e dos processos

3

Ø       Associação com instituições externas especializadas no tema da sustentabilidade

1

Para conhecer outros pontos desse estudo, realizado por Ideia Sustentável, cuja disseminação teve o patrocínio do Bradesco, clique aqui.
Ricardo Voltolini é publisher da revista Ideia Socioambiental e diretor da consultoria Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade.
[email protected]
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