Carvão limpo, será possível?

31 de março de 2009

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Como conselheiro para assuntos climáticos, Stern e reforça que britânicos devem dar exemplo a outras nações na direção de uma economia de baixo carbono. Para o autor do relatório Stern, primeiro estudo a mensurar os impactos econômicos do aquecimento global, o investimento em novas plantas de carvão não se justifica enquanto não houver tecnologias eficientes para captura e armazenamento de carbono.
Stern enfatizou que o desenvolvimento de métodos mais limpos para exploração do carvão levará ainda cerca de 10 a 15 anos. Enquanto isso, outras alternativas de energia, já disponíveis, devem ser priorizadas. “Temos várias formas de atender nossa demanda de energia sem usar carvão. A maneira mais rápida é construir uma planta a gás, que é emissora, mas muito menos do que o carvão. Em paralelo, devemos investir em energia solar e eólica”, afirmou o economista ao jornal britânico The Independent.
O posicionamento de Stern reforça os crescentes alertas de cientistas e especialistas em mudanças climáticas. No ano passado, James Hansen, climatologista líder da Nasa, já havia antecipado que a instalação da nova planta a carvão de Kingsnorth, em Kant, era uma péssima ideia. “Uma planta de energia com o tempo de vida de várias décadas destruirá os esforços de milhões de cidadãos dedicados a reduzir suas emissões”, ponderou Hansen.
Sinal para o mundo
Stern destacou ainda a importância de enviar ao mundo, sobretudo a China, a mensagem de que os britânicos não bancarão novos projetos de energia a carvão, enquanto a tecnologia de captura e armazenamento de carbono não for comprovadamente eficaz.
O recado não se restringe a grande potência asiática. O Brasil, que hoje detém a matriz energética mais limpa do mundo irá recorrer a termelétricas para atender a crescente demanda de energia no País. O plano decenal de energia já prevê a construção de duas plantas térmicas no Nordeste e duas no Sudeste brasileiro.
“Temos um problema grande e ele se chama energia térmica. Essa tendência de carbonização da nossa matriz é inexorável porque a questão hidráulica no Brasil ainda emperra”, alerta Marco Antonio Fujihara, diretor da Key Associados em evento de lançamento do relatório “Desenvolvimento com menos carbono: respostas latino-americanas ao desafio das mudanças climáticas”, em março.
Segundo o especialista, os leilões de energia não apresentam preços atrativos para o setor privado investir em projetos de pequenas centrais hidroelétricas, por exemplo. Fujihara também chama atenção para o desafio de transformar a vantagem comparativa do Brasil, decorrente da disponibilidade de recursos naturais e potencial de desenvolvimento de energias limpas, em vantagem competitiva de fato, para que tecnologias tecnicamente eficientes como o do etanol, por exemplo, possam ser expandidas para o restante do mundo.
O desenvolvimento de tecnologias mais limpas para exploração do carvão também está nos planos de governo do presidente norte-americano Barack Obama, juntamente a outras propostas mais populares como a criação de milhões de empregos no setor verde, não também sem ressalvas de especialistas.
Para Jim Garrison, presidente do State of the World Fórum, organização que articula lideranças em todo o mundo por uma economia de baixo carbono, um futuro sustentável não incluirá carvão ou energia nuclear. “Todas as novas fontes deveriam ser consideradas, desde campos de energia solar maciça, o cultivo de algas nos oceanos, que consomem grandes quantidades CO2, até o estímulo à produção de carros elétricos para eficiência energética”, ressalta.
Fica dado o recado para as lideranças globais, que têm uma lista extensa de tarefas até a Conferência de Copenhague, onde se definirão as bases para um acordo pós-Kyoto.

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