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Ao sistematizar todos os elementos de um sistema de energia – aquecimento/resfriamento, armazenamento, transmissão e distribuição – smart grids ou redes inteligentes aumentam de modo significativo sua eficiência, reduzindo custos e emissões de poluentes (por meio de fontes limpas, como solar e eólica) e empoderam o consumidor para um uso cada vez mais racional dos recursos energéticos.
Energia inteligente em rede
Os smart grids não representam uma novidade em si, mas o modo como vêm evoluindo e ganhando escala consolida uma tendência irreversível. Há algum tempo já se discute a conexão desses conjuntos de tecnologias digitais ao sistema elétrico tradicional para monitorar, gerenciar e transportar eletricidade das fontes geradoras até os consumidores finais com a máxima eficiência.
Mas o que antes se debatia, agora se concretiza: a receita global do mercado de redes inteligentes apresentará rápido crescimento já a partir deste ano na Europa e, na América do Norte, deve se expandir em 80% até 2023, segundo dados da consultoria norte-americana Navigant Research.
O estudo em questão, Smart Grid: 10 Trends to Watch in 2015 and Beyond (Smart Grid: 10 Tendências para Assistir de 2015 em Diante), também aponta que a produção de energia em residências, somada ao mercado de armazenamento, crescerá 2,7% ao ano (de US$ 54,7 bi em 2013 para US$ 71,6 bi em 2023). Os números revelam a força desse movimento pela criação de um sistema que forneça energia limpa, eficiente, de baixo custo e mais sustentável, mas que impõe a países e empresas desafios significativos.
O primeiro deles envolve, basicamente, suprir o crescimento contínuo da demanda por eletricidade, que, de acordo com o relatório Technology Roadmap 2050: Smart Grids (Mapa Tecnológico 2050: Smart Grids), da IEA (International Energy Agency), tende a aumentar 115% até 2050.
O segundo desafio consiste em renovar a infraestrutura dos sistemas elétricos tradicionais, tornando-os mais eficazes e limpos por meio de smart grids – afinal, em muitos países europeus, por exemplo, eles foram construídos há mais de 100 anos e necessitam, portanto, de investimentos para gerar e fornecer energia adequadamente.
Paralelamente aos desafios, o uso de smart grids assegura um amplo leque de possibilidades e oportunidades, desde a redução dos custos da energia e das emissões de CO2 (devido a adoção cada vez maior de fontes limpas, como solar e eólica) à apropriação da rede pelos consumidores (residenciais, industriais e comerciais).
Estes, aliás, com o uso de medidores inteligentes, saberão o quanto usam (e pagam pela) energia, o que pode levar à extinção, por exemplo, do famoso “gato”, pois as tecnologias sinalizam imediatamente o local do roubo da eletricidade. No Brasil, a fraude gera um prejuízo anual da ordem de R$ 15 bi, segundo dados da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Diante das possibilidades de aplicação das redes inteligentes, diversas empresas estão considerando cada vez mais a importância dos sistemas integrados e a criação de produtos com capacidade de se ligarem a outros, o que, muitas vezes, pode resultar no ingresso em novos mercados, caso, por exemplo, da Honda.
A empresa japonesa é responsável pelo desenvolvimento de um protótipo de casa inteligente, com conexão entre veículos e estrutura energética da residência (saiba mais em No Radar). Quem não estiver preparado para investir em expansões como essa corre o risco de perder oportunidades.
No momento em que a rede tiver que lidar com cargas transferíveis (como os carros elétricos) ou com residências/empresas exportadoras de eletricidade, a infraestrutura das instalações precisará estar adequada. Apenas um sistema inteligente, com gestão automatizada e supervisão integrada será capaz de suportar a diversidade de usos. Por isso, é importante incentivar cada vez mais a inovação em smart grids. Principalmente, no Brasil.
Segundo mapeamento da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), investiu-se no país R$ 1,6 bi em projetos de redes inteligentes nos últimos anos. Porém, ainda existem muitas barreiras ao avanço desses sistemas, graças à falta de investimento em Tecnologias da Informação (TI), que podem aperfeiçoar medições, automação e interações entre as concessionárias e o consumidor final.
Com um público de interesse bastante amplo, incluindo empresas de energia elétrica, órgãos reguladores, fornecedores, clientes, poder público, instituições de pesquisa, agentes de desenvolvimento e financiadores, uma bem-sucedida experiência de redes inteligentes dependerá do envolvimento de todos esses atores nas estratégias de implantação e manejo. Para tanto, faz-se necessário um planejamento com objetivos claros e metas tangíveis, que assegurem uma evolução efetiva dos smart grids.
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