4º Estudo NEXT – Ferramentas de gestão para sustentabilidade – Desafio 1: Mapear e mensurar as externalidades

4º Estudo NEXT – Ferramentas de gestão para sustentabilidade – Desafio 1: Mapear e mensurar as externalidades

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Usar ferramentas que possibilitem identificar os impactos socioambientais e calcular as externalidades com a máxima precisão

Novo mundo, novas regras

Em geral, o mercado não integra aos preços dos produtos os custos das externalidades (o que não parece apropriado nos dias de hoje, diante de tantos desafios de sustentabilidade pedindo novos comportamentos). Mapeá-las e mensurá-las, portanto, com métricas que permitam determinar o valor econômico do uso dos recursos naturais e a dependência das empresas em relação aos serviços ecossistêmicos, ganha cada vez mais força como tendência, a fim de reduzir riscos e assegurar os negócios no longo prazo.

Segundo Roberto Waack, presidente do conselho de administração da Amata, empresa que atua com manejo florestal, parece haver um consenso de que as empresas causam efeitos que vão além das suas atividades centrais de produção e comercialização, mas ainda não está claro como eles afetam o valor das corporações. “Crescentes casos de passivos ambientais vêm afetando reputações e dificultando o acesso ao capital financeiro.

Por outro lado, companhias com externalidades positivas, relacionadas a ações de recomposição de bens naturais, por exemplo, já começam a verificar aumento no valor percebido da marca, com reconhecimento de investidores sintonizados com desafios socioambientais”, ele diz.

No Brasil, a busca por um instrumento de valoração econômica de recursos naturais partiu das próprias organizações. Atualmente, um grupo de 20 empresas procura adotar o custo das externalidades como fator estratégico para o negócio por meio de uma ferramenta de cálculo simples e replicável.

Trata-se da iniciativa Tendências em Serviços Ecossistêmicos (TeSE), do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces), da Fundação Getúlio Vargas, que permite a comparação direta de impactos e riscos ligados ao capital natural, em relação aos capitais físico, tecnológico e humano. Tal análise aprimora tomadas de decisão e resultados para os negócios e a sociedade (saiba mais em Caminho das Pedras).

Até mesmo empresas reconhecidas por boas práticas alegam falta de instrumentos capazes de garantir uma abordagem ampla sobre as externalidades. Há avanços, porém, como a Pegada Ecológica, ferramenta cada vez mais difundida para medir o grau de impacto gerado por pessoa, atividade, empresa ou país no meio ambiente.

Além disso, , as organizações contam com o Teeb – The Economics of Ecosystems & Biodiversity in Business and Enterprise (A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade para os Negócios), uma iniciativa coordenada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma). O estudo busca compreender mais precisamente o valor econômico dos serviços ecossistêmicos e da biodiversidade e fornecer mecanismos que os levem em consideração.

Medir custos “implícitos”, contudo, tem revelado números alarmantes. Segundo pesquisa liderada pelo economista Robert Costanza, da Australian National University, a exploração excessiva dos recursos naturais já resultou em perdas equivalentes a US$ 20,2 trilhões entre 1997 e 2011. “Queremos deixar claro que expressar o valor dos serviços ecossistêmicos em unidades monetárias não significa que eles devem ser tratados como mercadorias privadas passíveis de ser negociadas.

Muitos deles são bens públicos que não podem – ou não deveriam – ser privatizados. As estimativas de contabilidade global são úteis especialmente para aumentar a conscientização sobre a magnitude desses serviços”, afirma Costanza, no artigo Changes in the Global Value of Ecosysem Services (Mudanças no Valor Global de Serviços Ecossistêmicos), de 2014.

Ao mesmo tempo em que essa tendência ganha força, crescem também as críticas, em sua maioria voltadas especialmente à ideia de tratar a natureza como patrimônio ou ativo. Para alguns especialistas, parece haver um contrassenso na tentativa de preservar o planeta com os mesmos recursos que o têm destruído.

Barbara Unmüßig, presidente da Fundação Heinrich Böll, na Alemanha, alerta sobre o perigo de se considerar a natureza “negociável.” Segundo ela, é um equívoco crer na comensurabilidade de tudo — o valor da água limpa ou da beleza de uma paisagem, por exemplo, não pode ser medido. Leia mais em Palavra de Especialistas.

Como tudo que é novidade, a tendência de não apenas mapear as externalidades, mas também mensurar e analisar monetariamente os impactos ambientais na cadeia de valor ainda é motivo de calorosas discussões. Não se pode negar, porém, sua capacidade de fornecer uma visão valiosa da pegada ecológico-social, comunicar dados relevantes sobre os impactos socioambientais e sensibilizar sobre seu custo sobre os negócios.

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