4º Estudo NEXT – Ferramentas de Gestão para a Sustentabilidade

4º Estudo NEXT – Ferramentas de Gestão para a Sustentabilidade

Compreender o que significa o termo sustentabilidade e como ele pode impactar os negócios é fundamental para que os gestores escolham as ferramentas corretas para o desenvolvimento das empresas na área

Entender primeiro, fazer depois


Na opinião da maioria dos especialistas ouvidos para este estudo NEXT, antes de escolher as ferramentas mais adequadas para a gestão de sustentabilidade, o recomendável é estabelecer uma definição clara do conceito em relação às especificidades do negócio. Uma empresa só consegue medir, monitorar e gerenciar se souber exatamente quais são os seus impactos socioambentais e o quanto eles estão ligados aos seus objetivos estratégicos.

Embora algumas boas práticas possam ser replicáveis, deve-se evitar, sobretudo, recorrer a receitas prontas, simplesmente porque, apesar de parecerem facilitar processos, elas costumam não caber na realidade de cada empreendimento: o que vale para uma determinada companhia consagrada em sustentabilidade do setor bancário, por exemplo, não necessariamente se aplica a uma mineradora, uma automobilística ou um varejista, na medida em a incorporação do conceito varia conforme as diferentes prioridades de negócio, os desafios, as externalidades, a cultura corporativa, os stakeholders e os sistemas de gerenciamento.

Estudo feito em 2014 pela consultoria McKinsey & Company, intitulado Sustainability’s Strategic Worth (Valor Estratégico da Sustentabilidade) revela que o conceito da sustentabilidade vem crescendo em importância na gestão das empresas. Segundo o documento, que se baseou em entrevistas com 3.344 representantes de empresas de todo o mundo, o principal motivo pelo qual (43%) os executivos estão adotando a sustentabilidade é o alinhamento com visão, missão e metas dos negócios.

Na edição de 2012 do mesmo estudo, o percentual era de 30%. A gestão da reputação se manteve como a segunda razão mais importante (de 35% para 36%). E a redução de custos, que havia sido o primeiro fator (36%) caiu para terceiro (26%) em 2014. O número de CEOs que acham sustentabilidade um tema prioritário saltou de 5% para 13%. E o de executivos, de 24% para 32%.

A conclusão dos pesquisadores é que o conceito ganhou contornos mais estratégicos. No entanto, confrontados com a experiência de observação prática, números como esses parecem revelar muito mais a intenção do que ação efetiva. Alinhar sustentabilidade com visão, missão e metas, tornando-a uma prioridade real da agenda corporativa exige mudanças importantes em processos e estratégias, e até mesmo nas regras do business as usual. Mais do que isso, requer transformações em modelos mentais.

Constituem ainda uma minoria as empresas que inseriram sustentabilidade em seu planejamento estratégico ou dispõem de políticas de sustentabilidade do conhecimento de todos os seus colaboradores.

O aumento desse número passa por uma compreensão mais clara do conceito e de como ele pode ser utilizado para melhorar o desempenho do negócio. Em síntese: antes de definir os comos, é fundamental saber o que é sustentabilidade e por que se quer ser mais sustentável.

“Se a empresa não entender o conceito, corre o risco de usar ferramentas sem conexão entre si”, afirma Eduardo Pedreira Rosa, professor de Gestão de Negócios da Fundação Getúlio Vargas. “Tudo começa pelo debate, mas o diálogo pelo diálogo, sem o uso de instrumentos adequados, não ajudará a construir a sustentabilidade.

Recomenda-se que a discussão inicie pelo nível estratégico, seguindo depois para o gerencial, o tático e o operacional. Embora resulte em abordagens diversas, funcionários de todos os níveis precisam ser envolvidos para, então, incorporar a visão dos stakeholders externos”, acrescenta.

Georges Blanc, professor na Universidade de Paris-Sorbonne e consultor internacional em estratégia corporativa, acredita que a definição do conceito e a escolha dos instrumentos de gestão mais adequados podem ocorrer ao mesmo tempo. “O ponto de partida consiste em elaborar uma lista de prioridades da companhia baseada nos riscos potenciais por tipo de stakeholder para, em seguida, definir a visão em sustentabilidade e quais as melhores ferramentas”, afirma.

A importância de compreender o conceito de sustentabilidade impõe-se devido à variedade de definições presentes no mercado. Para alguns gestores, equivale à responsabilidade social corporativa; para outros, cidadania corporativa. Muitos identificam com meio ambiente, saúde e segurança, porque suas empresas têm direcionado esforços nessas áreas. Outros ainda acreditam que seja parte de um movimento de governança corporativa e socioambiental mais amplo.

POR ONDE COMEÇAR?

Uma questão recorrente nas empresas que se pretendem sustentáveis é: por onde começar? Ricardo Voltolini, diretor-presidente da consultoria Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade, acredita que a definição e compreensão do significado de sustentabilidade antecede até mesmo o mapeamento de impactos e externalidades.

Segundo o consultor, esse entendimento permite refletir sobre as possibilidades de mudança, isto é, avaliar quais os melhores procedimentos, desenvolver sistemas para reduzir impactos socioambientais e utilizar os recursos naturais de maneira adequada. A empresa deverá olhar para a própria realidade; afinal, o tamanho de sua responsabilidade é exatamente proporcional ao de seus impactos.

Voltolini sugere o seguinte roteiro para os gestores: (1) Identificar um a um os impactos socioambientais (os chamados “grandes temas”) em toda a cadeia de valor do negócio sob a perspectiva dos stakeholders; (2) Estabelecer medidas (estratégias) para eliminação, minimização e/ou compensação dos impactos. Priorizar; (3) Inserir no planejamento estratégico, isto é, alterar a Missão, a Visão e os Objetivos Estratégicos; (4) Definir indicadores/métricas para as metas; (5) Definir planos de ação e responsáveis; e (6) Educar e envolver colaboradores.

DEFINIÇÃO DAS FERRAMENTAS

Uma vez definido o conceito para a empresa, o processo de escolha das ferramentas passa por uma reflexão sobre questões básicas: quais oportunidades e/ou ameaças a sustentabilidade gera para a organização? Como a companhia se posiciona estrategicamente diante dos desafios apresentados? Como transformar desafio em oportunidade, integrando-a à estratégia central?

Embora o crescente número de ferramentas disponíveis dificulte a escolha e o uso pelos gestores, questionamentos bem conduzidos levam a uma seleção eficaz daquelas que permitem estruturar e integrar a sustentabilidade ao negócio segundo os diferentes estágios de desenvolvimento de cada empresa.

Se adequados, esses instrumentos atendem às necessidades das organizações em diversas etapas, contribuem para processos de aprendizagem, autoavaliação, prestação de contas, incorporação de princípios de responsabilidade socioambiental e ainda auxiliam no cumprimento das metas.

Ao selecionar uma ferramenta, o gestor precisa ponderar entre as limitações e os benefícios de sua escolha. Considerará, assim, aquela que influenciar no comportamento da organização de maneira desejável e previsível, para promover uma mudança significativa, direcionada e monitorada, que impacte seus processos organizacionais com vistas tanto na sustentabilidade da empresa quanto do planeta.

Para conferir o estudo completo, CLIQUE AQUI

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