Da máquina de vapor às pás eólicas

Da máquina de vapor às pás eólicas

Setor de energias renováveis é destaque na geração de oportunidades de trabalho
 
Assim como a máquina a vapor foi o grande ícone da revolução industrial e o modelo de desenvolvimento capitalista, a nova economia de baixo carbono tem no setor de energias renováveis e eficiência energética o seu carro-chefe. Além da, já conhecida, vantagem de redução de emissões de gases de efeito estufa, lideranças de todo o mundo têm atentado para o potencial de geração de empregos na área.
O estudo Prosperidade verde, do Political Economy Research Institute (PERI), uma unidade independente da Universidade de Massachusetts, mostra, por exemplo, que com cerca de U$S 150 bilhões por ano — cerca de 1% do PIB norte-americano — seria possível gerar 1,7 bilhões de novos empregos nos Estados Unidos.
 
“Descobrimos que o investimento destinado à transformação do modo como usamos e geramos energia em nossa economia é capaz de gerar mais empregos do que se optássemos por manter a dependência de combustíveis fósseis. Um dólar investido em energia limpa irá produzir cerca de três vezes o número de empregos do que se fosse investido em combustíveis fósseis”, ressalta Jeanette Wicks-Lim, pesquisadora do PERI.
O canadense Bob Willard, autor de “The Sustainability Wave”, vê na área de construção uma grande oportunidade de geração de empregos no setor verde. Segundo ele, novos postos de trabalho surgirão a partir da implementação de medidas de eficiência energética, como retrofits (processos de modernização, conversão) e mesmo em novas instalações. “Alcançar padrões como os que são propostos pelo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), por exemplo, requer novos conhecimentos sobre como construir de acordo com esses critérios. Empregos em pesquisa também serão abertos na medida em que buscarmos novas tecnologias e técnicas para economizar energia ou criar alternativas renováveis”, avalia.
No documento Oportunidades de emprego para a economia verde, o PERI propõe os tipos de empregos necessários para a construção de uma economia verde nos EUA. As novas posições estão divididas em seis áreas consideradas estratégicas para enfrentar o aquecimento global. São elas: substituição de materiais em construções, trânsito, eficiência energética, automóveis, energia eólica, energia solar e biocombustíveis.
O relatório destaca ainda que milhões que a transição para uma economia mais verde, também irá gerar empregos em áreas de pesquisa, comércio e construção com base em atividades profissionais criativas e no desenvolvimento de novos materiais e sistemas de energia.
Porém, segundo Robert Pollin, fundador e co-diretor do PERI, ainda levará algum tempo para que a economia se adapte a essa nova plataforma de baixo carbono. “A demanda existe, mas crescerá com o tempo, na medida em que o mercado para eficiência energética e energia renovável expandir e se tornar auto-sustentável”, avalia.
Para Willard, podem ocorrer algumas dificuldades no caminho de desenvolvimento da eficiência energética e consequente criação de empregos. “As indústrias de combustíveis fósseis possuem grupos de lobby muito poderosos brigando pelo suporte do governo em energia limpa. Eles patrocinam campanhas eleitorais e possuem uma influência considerável. Precisamos de preocupação pública acerca das mudanças climáticas, verbalização de demandas e incentivo político para energia limpa e eficiência energética”, ressalta.

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