Uma proposta de receita, bem pessoal, para 2017: ame sistemicamente, demonstre cartesianamente
Se está triste, faça as pazes com o que já se foi, cure os refluxos da alma.
Se se sente ansioso, não sofra as dores da dor que ainda não doeu e pode nem doer.
Se se sente estagnado, mova-se; em tempos de provação, qualquer direção é melhor do que nenhuma direção. Movimento gera energia. Energia atrai transformação.
Se está acelerado, pare; nenhum movimento, ás vezes, é o melhor movimento rumo ao silêncio roubado pelo cotidiano. Silêncio convoca á introspecção. Estar sozinho consigo, alheio às expectativas do outro, é o melhor jeito de compreender o que esperamos de nós mesmos.
Se se sente culpado, baixe a mochila, descarregue os fardos. Separe bem os volumes. Dispense os mais pesados que os outros acham que lhe pertence. Examine os que, de fato, lhe pertencem, mas procure fazê-lo á luz de uma consciência mais mãe do que madrasta—que de cruel já basta a realidade.
Reconcilie-se profundamente com o seu espírito.
Disse profundamente: limpe os cantos mais sujos, organize os compartimentos, libere as tralhas, abra as janelas. Torne-o leve.
O seu espírito –lembre-se– é a casa em que você habita.
É seu dever, portanto, mantê-la habitável.
Para não começar o ano frustrado, evite as promessas específicas de cumprimento duvidoso.
Prefira as genéricas que dispensem os cronogramas rígidos.
Alie-se a quem sorri sem motivo.
Cerque-se de pessoas vivas, bonitas, generosas, libertárias, provocativas, transformadoras, criativas, afetivas…de pessoas que gostam de pessoas, que acreditam em pessoas mais do que em planilhas Excel.
Viva o trabalho como parte de sua vida e não como um hiato de morte.
Risque definitivamente aquele infeliz do Facebook que profetiza crise, dor e caos. Faça o mesmo com aquele ou aquela que transformam em debate ideológico a sua ida à praia com amigos. Os chatos drenam energia alheia.
Agende o café com o amigo de infância da foto mais amarelada de sua gaveta.
Presenteie o seu corpo com boa comida, amor e exercício reparador.
Simplifique a vida. Adote como lema algo que nunca verá nas propagandas de cartão de crédito: “ter” mais quase sempre resulta em “ser” menos.
Faça o bem a alguém que não conhece. Se esta atividade representar algo muito desafiador num primeiro momento, exercita começando por não deseja o mal a ninguém, nem em pensamento.
Reze pela saúde e alegria dos velhos amigos que lhe dizem a verdade quando as mentiras são mais convenientes.
Reze pela alegria dos novos amigos que torcem pelo seu sucesso; aliás, mais do que isso, cultive-os no melhor jardim de que dispuser.
Reze ainda, em dobro, pelos que não te querem tão bem, para que a maldade se dissolva com a luz do sol do dia seguinte.
Se não encontrar um propósito para 2017, algo capaz de fazer bater mais forte o seu coração, retorne à casa onde viveu sua infância (mesmo na imaginação), e reencontre-se com o projeto de felicidade que, um dia, você desenhou para o futuro. O futuro estava lá. Talvez tenha se perdido dele.
Ricardo Voltolini é escritor, palestrante e diretor da consultoria Ideia Sustentável: Estratégia e Inteligência em Sustentabilidade. É autor, entre outros, dos livros Conversas com Líderes Sustentáveis, Escolas de Líderes Sustentáveis e Sustentabilidade como Fonte de Inovação. É o criador da Plataforma Liderança Sustentável (www.ideiasustentavel.com.br)